A VISÃO CRISTÃ E COMUNITÁRIA DO NOVO PÁROCO DE LAGOA NOVA

Padre José Mauro em solenidade de posse na paróquia de Lagoa Nova - foto arquivo

O padre José Mário, novo vigário da paróquia de São Francisco de Assis, concedeu recentemente uma entrevista ao jornalista Marcus César Cavalcanti, da  conceituada revista Municípios Em Foco. Os caminhos da fé, a visão da cidade e  do povo, o avanço da comunidade e o reforço da Educação, são temas que estão presentes na entrevista que nos foi gentilmente cedida pela revista revista Municípios Em Foco, que o leitor pode conferir na íntegra.

FOCO - Qual o principal motivo que o levou a despertar para a vocação do sacerdócio e com que idade lhe ocorreu essa descoberta?

Pe José Mário - Acredito nos desígnios de Deus. Me senti chamado para colaborar  na construção do Reino, de paz e justiça. Senti esse chamado, o que tornou-me inquieto, por volta dos meus 20 anos de idade.

FOCO - Como tem sido sua caminhada na condição de cristão e de sacerdote?

Pe José Mário - Fui ordenado sacerdote no dia 08 de outubro de 2011, na Paróquia de São José em Caicó/RN. O ordenante foi excelentíssimo Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, que na época exercia seu episcopado à frente da Diocese de Caicó/RN. Meu itinerário vocacional foi bastante rico em experiências. Servi por 05 anos o Exército  Brasileiro, e logo depois os estudos acadêmicos de Filosofia e Teologia. Por 06 anos exerci meu ministério na Diocese de Santa Luzia de Mossoró, na ocasião trabalhei como vigário paroquial na Paróquia de São Miguel Arcanjo, que abrange as cidades de São Miguel, Coronel João Pessoa e Venha Ver. Administrei a Paróquia de São Sebastião, que abrange as cidades de Encanto e Dr. Severiano, região do Alto Oeste do RN.

FOCO - O Sr. está à frente da Paróquia de Lagoa Nova há pouco mais de um mês. Em sua opinião, o lagoanovense de uma forma geral tem participação ativa nas atividades religiosas desenvolvidas pela Paróquia?

Pe José Mário - Assumi a nova missão à frente da Paróquia de São Francisco de Assis em Lagoa Nova/RN recentemente, em Missa presidida por Dom Antônio Carlos Cruz, bispo da Diocese de Caicó/RN, o qual me empossou como Pároco com todos os direitos e deveres do CDC. Apesar de ser pouco tempo, posso testemunhar a religiosidade do nosso povo lagoanovense. Uma Igreja viva, servidora e missionária. Um povo de fé e solidariedade que vive a experiência cristã da partilha. Sob o baluarte de São Francisco de Assis, patrono desta Igreja, a comunidade cristã vivencia o apostolado missionário através das diversas pastorais, movimentos eclesiais e serviços. As diversas expressões de fé da nossa Paróquia são expressas nas distintas pastorais que exercem um serviço voluntário e fraterno a comunidade. Temos uma programação extensa de Celebrações Eucarísticas – ápice da vida cristã – na Igreja Matriz, bem como nas Capelas existentes e nas Comunidades. As festas dos nossos padroeiros(a), novenas, grupos de oração, apostolados, retiros e oficinas de vida e oração.

FOCO - A sede do município tem a Catedral de São Francisco. Quantas comunidades, povoados ou distritos contam com capelas ou igrejas?

Pe José Mário - A Paróquia de São Francisco de Assis em Lagoa Nova foi criada sob Decreto Diocesano por Dom Jaime Vieira Rocha em 4 de outubro de 2011 e abrange uma área de 137,3(Km²), uma população de 13.990hb. Composta por 23 comunidades tem o templo maior, a Igreja Matriz de São Francisco de Assis, sede no centro da cidade, 11 capelas na zona rural, 03 capelas privadas, 02 capelas em construção.

FOCO - Quais são seus planos para Lagoa Nova como pároco?

Pe José Mário - Entre os dias 03 e 04 de março foi realizada a 9ª Assembleia de Pastoral Paroquial, um momento importante para o fortalecimento das pastorais e comunidades. Juntos traçamos metas para o exercício pastoral em 2018. Como meta definida ficou acordado a reorganização, a formação humana e abrangência das diversas expressões das prestações de serviços.

FOCO - A tradicional Festa de São Francisco, padroeiro da cidade, que ocorre no mês de setembro é uma das festas de maior participação popular da região do Seridó. Além da grande participação nas atividades religiosas, como por exemplo a procissão, que arrasta grande multidão, se vê também uma grande empolgação da população pelas festividades do lado profano, a exemplo dos grandes e estruturados shows patrocinados pelo poder público, onde grande parte da alegria é movida pelo uso da bebida alcoólica e de outras coisas. O Sr. acha correto esse incentivo à ênfase pelo lado profano em detrimento do religioso que ocorre, de certa forma, com recursos públicos que poderiam minorar dificuldades que afetam a população?

Padre José Mário - A tradição cristã de festejar os santos padroeiros é norteadora em nossas comunidades. É parte integrante da cultura do nosso povo. A religiosidade popular é aceita na vivência da nossa fé católica, nossas procissões são expressões vivas, as novenas também. Contudo, a orientação pastoral exige um acompanhamento e direcionamento para eventuais abusos, e ou condutas pagãs. As diversas formas de expressões culturais da sociedade civil, durante as festividades religiosas do padroeiro, podem ser acolhidas desde que não tragam prejuízo humano e ou financeiro a comunidade. As parcerias são importantes e fundamentais. É oportuna a distinção entre o religioso e o profano. A Diocese de Caicó tem uma posição definida sobre o não uso de bebidas alcoólicas em nossas atividades religiosas.

FOCO - Lagoa Nova conta com uma natural vocação para a atividade turística, tendo em vista o clima e suas belezas naturais, mas sabemos que falta ainda muita coisa para que isso se torne uma realidade. Na sua visão, que providências deveriam ser tomadas para se iniciar um processo que venha a viabilizar o município como um lugar de importante apelo turístico?

Pe José Mário - Concordo que Lagoa Nova tem por natureza vocação turística. Por ser uma região serrana, clima agradável, terras produtivas e povo acolhedor. As instâncias governamentais e privadas devem pensar no favorecimento e viabilizar estruturas que venham a favorecer o despertar do turismo em nosso município.

FOCO - Em qualquer lugar, uma das profissões mais nobres é a do professor, pois é a base de todas as outras. Quando essa profissão é bem exercida e bem aplicada por profissionais vocacionados, resulta na formação de boas pessoas que irão contribui para transformar e desenvolver a sociedade. O professor educa e busca orientar o cidadão do futuro. Na sua opinião como o professor tem sido visto no Brasil?

Pe José Mário - No Brasil houve de certo modo uma valorização do professor. Algumas conquistas que acrescenta a classe educadora. Entretanto, falta muito a ser feito e conquistado. Ser professor no Brasil é sinônimo de vocação (= chamado), porque é uma profissão nobre. O Brasil deveria investir mais em educação e consequentemente na formação intelectual/humana e psicossocial dos educadores.

Texto cedido por revista Municípios Em Foco