quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

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FOTO: REUTERS

Atualmente, 135 cirurgiões plásticos realizam, oficialmente, o procedimento no Ceará

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Antes do procedimento, é fundamental que a paciente procure um profissional sério e que conheça pessoas que já foram operadas por ele

A SBCP-CE garante que as próteses mamárias estrangeiras com defeito, formalmente, não circulam no Estado

Com o recente escândalo das próteses mamárias adulteradas envolvendo duas marcas estrangeiras, a Poli Implant Prothese (PIP) e a Rofil, muitas cearenses ficaram receosas em realizar ou não o sonho de ter seios mais belos. A estudante Arielle Aguilera, 24, foi uma dessas. Com visita certa à mesa de cirurgia, ela chegou a hesitar e só se submeteu ao procedimento após ter certeza da qualidade da marca.
No Estado, conforme os dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), regional Ceará, hoje, as cirurgias de colocação de mamas são líder entre as intervenções plásticas, superando, inclusive, a famosa lipoaspiração. Por isso, o aumento da cautela entre as pacientes.
Certificação

Em meio ao temor sobre a segurança dos implantes, o presidente regional da SBCP, Paulo Régis, acalma a população, afirmando não ter, formalmente, sido verificada a presença, no mercado local, da PIP e Rofil. “As peças defeituosas foram utilizadas por 24.500 pacientes, a maioria no Sul e Sudeste. Aqui, no Ceará, não temos representação dessas empresas. Não tivemos, até agora, nenhuma reclamação dos usos. Trabalhamos com cerca de oito tipos de silicones que são de qualidade e certificados”.
Entretanto, ainda segundo o cirurgião Paulo Régis, as mulheres devem se manter em alerta, exigir o nome e o lote da prótese, guardando todas as referências para possível consulta posterior.
“Eu mesmo tenho o nome e o controle de todos os silicones que apliquei. Entrego um adesivo com as numerações para as pacientes. Esse caso das marcas importadas deve servir como um aviso”, ressalta o médico.
O mais seguro seria, conforme ele, a visita anual ao cirurgião ou ginecologista para prevenir danos e realizar revisões permanentes. Régis conta ainda que, nessa semana, tem sido constante as ligações telefônicas e as consultas de pacientes receosas das peças terem defeitos.
Atualmente, 135 cirurgiões plásticos realizam, formalmente, o procedimento no Ceará, inclusive com os benefícios do Sistema Único de Saúde (SUS). Cada um faz, em média, cerca de 20 implantes por mês. Teríamos, por base, pelo menos 32.400 procedimentos de silicone realizados por ano no Ceará.
Para garantir mais segurança dos produtos que entram no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer tornar obrigatória a realização de testes de qualidade para todas as remessas mamários. A proposta ainda consta de ampla consulta pública e será publicada hoje no Diário Oficial da União. Durante 30 dias, a população poderá enviar as contribuições e críticas ao texto proposto.
Uma reunião realizada ontem, no Ministério da Saúde, entre as entidades médicas e o governo, definiu como será o atendimento de usuárias de próteses mamárias PIP e Rofil para uma possível troca do silicone.
Médicos cearenses já evitavam marca

A polêmica das marcas de silicones estrangeiras que apareceram com defeito é até recente, mas o temor com o uso da PIP e da Rofil, no Ceará, já é antigo. A cirurgiã plástica Georgia Machado nunca usou, nas suas pacientes, esses referidos produtos.
"Está sendo feito muito alarde a cerca desse fato, que já era de conhecimento dos cirurgiões plásticos. Nós já sabíamos que essas marcas eram sim proibidas. Mas, claro, as pacientes vêm, perguntam, querem saber os problemas que davam, principalmente, nas que tinham prótese de silicone há mais tempo", explica Georgia Machado.
Realizando cerca de 20 procedimentos médicos a cada mês, a cirurgiã vibra com o aumento das colocações, no Estado, de implantes mamários, justo na terra em que o bumbum aparece como a maior paixão nacional.
"Esse caso da PIP serve sempre de alerta para os órgãos que representam os cirurgiões plásticos, a Sociedade de Cirurgia Plástica e a Anvisa, pois só devem ser utilizados produtos que tenham a liberação. No caso, devem ter cuidado ao liberar as marcas no mercado", acredita Georgia.
Uma outra dica dada por ela é observar os valores e a discrepância de alguns preços no mercado. Ela sugere que a paciente não se iluda com a prótese mais barata. A PIP, segundo ela, era mais "em conta" que as demais.
Cuidados

"Nesse caso, o barato realmente sai caro. É importante procurar um cirurgião sério e conhecer casos, pessoas que já foram operadas por ele", ressalta a médica.
Independentemente de qual procedimento realizado - implantes mamários, redução de mama ou lipoaspiração - o mais importante, segundo o cirurgião plástico Eduardo Furlani, é gozar de boa saúde antes da data marcada da cirurgia.
"A pessoa tem de estar bem e só é liberada depois de passar por todos os testes. Deve estar ciente também de que sempre vai precisar de certo repouso, umas mais outras menos", frisa.
Entre os riscos existentes na mesa do centro cirúrgico, ele enumera os mais simples, como as complicações de fácil resolução: os hematomas, acúmulos de líquido e problemas com cicatrização. Há também os que atentam contra a vida que são, segundo o médico, bem mais raros.
"Se escuta falar muito da embolia pulmonar, mas existem vários métodos de prevenir isso. Uma boa dica que dou é que o paciente tente andar depois da cirurgia, se levante. Existem outros riscos relacionados com os choques anafiláticos, alergia durante ou depois do procedimento médico", ressalta Furlani.
Ainda segundo o cirurgião, o público que coloca o implante mamário de silicone, é, na maioria, mulheres entre 25 e 45 anos.

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