Por Renata Klar
Ela nasceu em Brasília, já morou em Londres e Nova York e agora curte a vida em São Paulo. Aos 41 anos, esta mulher tão conhecida dos brasileiros – que largou o balé por causa do jornalismo – está mais feliz do que nunca. Na vida pessoal, seu casamento de quase cinco anos com o consultor financeiro Walter Mundell anda às mil maravilhas. No campo profissional, estréia este mês no SBT o programa de reportagens que sempre quis fazer.
Seleções: Todo mundo tem a idéia de que, para ser bem-sucedida, a mulher tem de ser “Mulher maravilha”...
Ana Paula: Quando comecei, tinha de trabalhar pelo menos 12 horas por dia. Se derramasse uma lágrima no ambiente de trabalho, seria considerada a “mariquinha” para sempre. E acho que essa carga é muito pesada. Eu me dediquei muito a pesquisar esse tema nos últimos anos.
Seleções: Por causa da vontade de mudar isso?
Ana Paula: Por causa das minhas angústias. De ter tido uma vida pessoal muito confusa no início da minha maturidade, dos 20 e poucos anos – quando você começa a se reconhecer como mulher e a querer uma relação estável, uma casa confortável – até conhecer o meu marido.
Seleções: Você já havia sido casada antes?
Ana Paula: Já. Eu me casei com 23 anos e meu casamento teve várias idas e vindas. Depois de me separar fiquei achando que nunca mais me casaria de novo, acreditando muito pouco em casamento, achando que era inviável uma mulher ser bem-sucedida, trabalhar muito e ter um companheiro que entendesse isso. Em alguns momentos cheguei até a duvidar do amor. Pensava: “Ah, esse negócio de amor é coisa de poeta. Impossível, isso não existe.”
Seleções: Então o Walter mudou a sua vida?
Ana Paula: Quando me mudei de Nova York para São Paulo, comprei um apartamento e não cheguei nem a pendurar as luminárias, porque aí conheci o Walter, me casei e comprei uma casa. Existem homens que assimilaram muito do universo feminino. É claro que na geração do Walter isso é mais difícil. Ele tem 53 anos... É raro encontrar um homem que divida sua vida com a mulher. Os dois trabalham, cuidam da casa, do jardim, da piscina...
Seleções: E ele cuida da casa?
Ana Paula: Ele adora. É raro eu conseguir ir a uma loja de decoração sozinha. Se ele pode, vai comigo. Essa era uma experiência que eu nunca tinha tido, de um homem que de fato dividisse todas as coisas comigo, e não só o trabalho. Eu tenho para a casa o mesmo tempo que ele. Nós trabalhamos, mas conseguimos dividir a vida para os dois terem tempo para a casa, o lazer, para ficar junto, para não fazer nada, para viver o amor, o casamento.
Seleções: A diferença de idade interfere na sua vida? São 12 anos...
Ana Paula: Acho que ele podia ter 40 anos, podia ter 35... Ele é assim. Pesquisando o assunto, comecei a entender que homens mais jovens têm mais facilidade para dividir, porque já cresceram vendo mulheres no universo de trabalho. Nesse sentido, Walter é um homem raro? Sim, porque é difícil um executivo dizer: “Olha, minha mulher está doente” ou “Minha caixa d’água deu um problema e está inundando tudo. Vou ter de voltar para casa”. Ele não deixa ninguém perguntar: “Mas, e sua mulher, cadê?” E se perguntarem, a resposta é: “Minha mulher está trabalhando.”
Seleções: Você fica ansiosa por ter de aparecer sempre bem no vídeo?
Ana Paula: Eu gostaria de me parecer mais comigo todos os dias. Meu estilo é informal. Gosto de usar meu cabelo sem escova, mas , na TV, ele fica parecendo despenteado. Então, faço escova. E acabei virando uma mulher de cabelo muito liso. Você tem de se maquiar, e não é para parecer mais bonita... É porque a televisão deixa você com uma cor diferente e com uma textura de pele que você não tem. Se você não se maquiar, vai parecer muito abatida ou pálida.
Seleções: Tem muita gente que daria tudo para estar todo dia maquiada, penteada.
Ana Paula: Sem obrigação é ótimo, por obrigação é diferente... Sou muito vaidosa. Vou fazer hidratação no cabelo, faço unha uma vez por semana – aconteça o que acontecer – passo creme para a área dos olhos de manhã e à noite, não saio de casa sem filtro solar... Sou vaidosa para cuidar da minha pele, da unha, para escolher uma roupa bonitinha de manhã. Gosto de parecer bonita.
Seleções: Você está sempre magra. Qual o seu segredo: faz exercício, controla a alimentação?
Ana Paula: Todo dia eu penso nisso. Meu Deus, tenho de fazer exercício, nem que seja uma esteira! Todo dia ensaio e nunca consigo fazer nada. Mas cuido da alimentação, como alimentos saudáveis. Quando eu engordo dois quilos, faço uma dietinha para perder. Mas não vivo de dieta. Eu realmente não tenho tendência a engordar. Engordo quando estou de férias e começo a tomar aqueles cafés da manhã enormes... Volto a trabalhar e “seguro a onda”, porque acabo tendo menos tempo para comer.
Seleções: Quem está de fora tem a impressão de que você remoçou nos últimos tempos. Você sente isso?
Ana Paula: Sinto. O meu marido diz: “Nossa, você está mais jovem do que quando a gente se casou, há cinco anos.” Acho que felicidade rejuvenesce. E eu ando muito feliz! Era muito penoso para mim dormir às 3 da manhã e ter de acordar às 8h, porque eu tinha de pegar a ponte aérea das 10h, porque tinha de dar plantão... Era um sábado que eu estava perdendo da minha vida. Não tem bancada, não tem glória, nem glamour, fama, que pague um sábado da sua vida. Vários sábados. Dezenas de sábados, um ano de sábados...
Seleções: Cansa?
Ana Paula: Chega uma hora que você quer um pouco mais de tranqüilidade na vida. Ter um pouco mais de tempo para você. Em 2006 foi a primeira vez em 22 anos que tive o Natal e o réveillon de folga. Tirei 20 dias de férias em dezembro. Eu nem sabia direito o que fazer com o tempo.
Seleções: Tem ainda alguma coisa que você não tenha feito e que você tenha vontade de fazer?
Ana Paula: Você quer por ordem alfabética, por ordem de prioridade... (risos) Eu quero há anos escrever um livro, e não tenho tempo. Há anos eu quero fazer um web site, para me comunicar com as pessoas que gostam de mim. Agora eu acho que vou ter um tempo para isso. Há anos planejo desenvolver um projeto de reportagens, no tempo que eu quero, e poder colocá-las no ar.
Seleções: Do que você mais gosta? Da bancada ou de reportagem?
Ana Paula: De reportagem. A graça para mim não é sentar e apresentar. O que me dá prazer é o fechamento. Escolher que matéria vai entrar, como é que ela vai ser, o que vai abrir o jornal, o que vai encerrar, como resolver uma situação difícil, como resolver um texto.
Seleções: Mas hoje a maioria sonha com a bancada, certo?
Ana Paula: Hoje você entra nas faculdades e 80% querem uma bancada. Acho isso um equívoco, uma distorção da profissão. Quando a gente escolhia fazer jornalismo lá nos anos 80, escolhia porque queria apurar, estar onde as coisas estavam acontecendo e contar isso para os outros. Hoje há uma glamourização tão grande da profissão, principalmente na televisão, que se distorce a vocação. Você não é jornalista enquanto está dentro da redação. Se você está em férias e cai um avião na sua frente na praia, você vai deixar de cobrir? Não vai. Assim como um médico não vai deixar de atender se alguém passar mal na frente dele.
Seleções: Como é ser famosa por ser jornalista, e não cantora ou atriz?
Ana Paula: É esquisito ser famoso porque você faz seu trabalho. Porque de fato eu não virei jornalista para ser famosa, eu virei jornalista porque é a minha vocação.
Seleções: Quando você decidiu deixar o balé para ser jornalista?
Ana Paula: Vida de balé é vida de atleta. Você tem de treinar tanto quanto um maratonista. E eu comecei a ter outras ambições. Ambições intelectuais. Queria estudar, conhecer o mundo, fazer coisas que eu não ia ter tempo de fazer se eu decidisse seguir o balé profissionalmente. Entrei na faculdade, fui deixando o balé aos poucos. Mas acho que tomei a decisão correta. Sou muito melhor jornalista do que era bailarina! Também foi um pouco sorte... Acho um absurdo alguém ter de escolher o que vai fazer o resto da vida com 17 anos... Tem gente que não acerta.
Seleções: O que fez você sair da Globo e ir para o SBT?
Ana Paula: Em primeiro lugar, eu precisava sair daquele horário. Não sou uma pessoa da noite. Não conseguia dormir direito de manhã e acabava dormindo pouco. Isso pesava na minha vida. E eu queria estar em casa à noite, queria desesperadamente poder jantar e ver um filminho na TV ou ler um livro. Eu precisava disso.
Seleções: O casamento influenciou sua decisão?
Ana Paula: Eu não via meu marido. Ele é consultor financeiro, então trabalha quando os mercados estão abertos. Ele começa cedo, e às 18h30 já está livre. Quando eu acordava, ele tinha saído. Eu ia para a redação e saía, dependendo do dia, à uma ou às duas da manhã. Quando eu chegava em casa, ele já estava dormindo. Às vezes ficava acordado para me esperar...
Seleções: Era uma vida de renúncias?
Ana Paula: Era muito ruim. Nunca podia ir ao lançamentto dddo livro de um amigo, ao cinema, à noite... Então, comecei a ir ao cinema na hora do almoço, porque eu nunca assistia a nada. Até que um dia saí às duas da tarde do cinema e vi duas senhoras na fila da sessão seguinte falando sobre mim: “Olha, a Ana Paula Padrão! Tadinha, sozinha no cinema a essa hora.” Saí de lá sentindo uma pena tão grande de mim que decidi: preciso mudar minha vida.
Seleções: Como é ter Silvio Santos como patrão?
Ana Paula: Para mim sempre foi fácil. Eu acho que a gente tem de aprender a lidar com as pessoas com quem trabalha. Se você faz isso com os seus colegas, por que não com o chefe? No meu caso, sempre foi tranqüilo, porque conversamos antes sobre liberdade editorial, orçamento e horário.
Seleções: Como é comandar uma equipe numa emissora que tinha desistido do jornalismo?
Ana Paula: Foi uma grande experiência. Eu tinha muitas dúvidas. Não sou uma pessoa seguríssima. Sempre me pergunto: Meu Deus será que vou dar conta? Será que vai dar certo? E foi muito bom porque eu consegui montar uma redação séria. Não tinha nada quando eu cheguei. Tive de contratar todo mundo. E conseguimos montar uma redação em três meses, botar um jornal no ar, fazer uma cobertura das eleições, que é um orgulho para mim...
Seleções: Alguém inspirou você?
Ana Paula: Quando comecei a fazer televisão, eu dizia: “Quando eu crescer eu quero ser o Lucas Mendes.” Eu achava que o Lucas Mendes escrevia muito bem, tinha uns textos maravilhosos, tinha uma bagagem cultural que eu queria ter um dia. Depois fui ganhando meu estilo e passei a gostar de outras coisas.
Seleções: Qual o seu grande momento na TV?
Ana Paula: Acho que o grande momento é sempre o que está por vir, o que ainda vou fazer. Beatriz, uma amiga que trabalha comigo, diz que a sorte é o resíduo do desejo. Eu acredito nela.
Seleções: Algo mudou na sua vida depois dos 40 anos?
Ana Paula: Engraçado, ainda estou esperando a crise dos 40, ela não veio. Pelo contrário, estou me sentido mais produtiva, mais ativa, mais feliz, mais bonita, mais interessante. Eu estou mais realizada, mais perto de fazer aquilo que eu realmente quero fazer e não aquilo que o mercado ou as pessoas me dizem que tenho de fazer. Gosto mais de mim com 40. Com 41, agora.
Seleções: Tem algum arrependimento?
Ana Paula: Não. Mesmo os meus momentos mais difíceis me ensinaram coisas. Minha vida não foi uma vida fácil. Não nasci em família rica, não estudei nas melhores escolas do país. Fiz minha primeira viagem internacional com 22 anos, eu acho. E foi ali para o Peru. Mas quando as coisas vêm de maneira muito fácil, você pensa menos nelas. E fica uma pessoa menos densa. Acho que tudo o que eu passei, tanto profissionalmente quanto no plano da emoção, me ajudou a ficar uma pessoa mais densa e mais feliz comigo, capaz de procurar aquilo que eu realmente quero, e não ficar na superfície.
Seleções: Qual o seu maior motivo de orgulho?
Ana Paula: Acho que ter tido coragem de tomar determinadas decisões na vida: terminar meu primeiro casamento; mudar de emprego, voltar a acreditar no amor e me casar de novo; tentar ter filhos e dizer isso para as pessoas; e enfrentar o fato de que não vou ser mãe. Ter coragem não significa que não se tem medo, mas que você o enfrentou. Então você sai melhor daquilo, sai se sentido mais forte.
Seleções: Você desistiu de ter filhos?
Ana Paula: Não. Eles é que desistiram de mim.
Seleções: Mas você tem 41! Ainda dá tempo!
Ana Paula: Todos dizem que a medicina faz muita coisa. Não faz tanto assim. Primeiro, o meu caso não é fácil. Segundo, é claro que eu conheço casos difíceis que, depois da décima tentativa de fertilização ou de inseminação, deram certo. Mas eu também decidi não passar por dez tentativas. Fiz quatro tratamentos e tive um aborto. E dói. A natureza é sábia. Se você não pode e tenta, pode até conseguir. Mas se você não conseguir, será uma pessoa eternamente frustrada. Eu vivo muito bem com o meu marido. Ele precisa ter filhos para ser um homem feliz? Não. Eu poderia ser mais feliz se eu tivesse filhos? Talvez. Mas perseguir esse objetivo continuamente atrapalha. Se daqui a 5 anos, 10 anos, eu sentir uma imensa falta da maternidade, eu adoto. Para a adoção não tenho o dead line da natureza no meu calcanhar. É uma coisa que posso amadurecer, posso pensar.
Seleções: Você é feliz sem filhos...
Ana Paula: Como é que eu vou saber se eu poderia ser mais feliz com filhos? Imagino que sim. Todo mundo é tão feliz com filhos. Mas eu vou ancorar minha vida só nisso? Nunca. Então, vou ser feliz de outro jeito. Tem gente que não tem uma perna e é muito feliz. E eu não posso ter filhos. Paciência, assim é a vida. Todo mundo tem uma condição. E tem de viver com a sua condição. Eu queria ter 1,80m... (risos)
Seleções: Como era a criança Ana Paula?
Ana Paula: Eu era muito tímida. Não tinha coragem de ir à banca comprar um jornal para o meu pai... Sempre fui muito pequena, eu era a mais baixinha, primeira da fila, a menorzinha, a mais magrinha. As minhas amigas ficaram mocinhas antes de mim, ganharam curvas de mulher e eu não. No colégio, nos jogos de handball e vôlei ninguém nunca me escolhia. Eu não tinha força no braço para jogar. Fiquei um pouco menos insegura e resolvi enfrentar minha timidez – foi outra coisa muito corajosa que fiz na vida – quando fiquei adolescente. Eu disse: “Não posso ser uma pessoa tímida o resto da minha vida. Isso atrapalha.”
Seleções: Como era sua relação com seus pais?
Ana Paula: Meu pai é um intelectual. Ele é advogado, mas a vida inteira gostou de livros. A imagem mais forte da minha infância era o meu pai lendo. E eventualmente me dando livros absurdos para a minha idade. Minha mãe é uma mulher carinhosa, e a lembrança mais forte da minha infância era ela me dizendo: “Não se deixe sustentar por marido nenhum. Você vai estudar e vai trabalhar para ganhar o seu dinheiro.” Conselho que ouvi muito bem e segui direitinho.
Seleções: Você hoje é ligada aos seus irmãos?
Ana Paula: Meus irmãos moram em Brasília ainda. Mas eles são muito próximos. Um é engenheiro, casado, e eu vou ser titia! Primeiro bebê da família! Imagina, eu tenho 41 e não tive filhos; ele já tem 36 e vai ter o primeiro filho; e o outro é recém-casado, tem 31, e se casou no fim do ano [2006]. Ele é economista e também trabalha numa empresa em Brasília. Mas eles vêm muito a São Paulo. Eu e o Walter temos uma casa em Itacaré, na Bahia, e eles vão muito para a casa de praia também.
Seleções: Você gosta de cozinhar?
Ana Paula: Adoro. Eu acho que é uma das poucas coisas que me relaxam inteiramente. Porque a comida tem o tempo dela. Você não pode apressar uma comida, ou retardar uma comida. Você tem de acompanhar o tempo dela, senão não fica bom. Walter é companheiro e a gente fez uma cozinha que você não precisa ficar isolada para cozinhar. Ele fica ali, me ajuda a preparar as coisas. E é um programão!
Seleções: Quem são seus grandes amigos?
Ana Paula: Meus irmãos são grandes amigos. Converso coisas com eles que converso com pouca gente. Meus padrinhos de casamento, Leonardo e Suzi, são ótimos amigos. São pessoas a que eu sei que posso recorrer a qualquer hora, para qualquer coisa, qualquer dia. E tem os meus amigos do trabalho, que se transformaram em grandes amigos de vida.
Seleções: Vocês tem animal de estimação?
Ana Paula: Temos duas gatas. A Sofia Loren e a Claudia Cardinale. São as duas italianas da casa.
Seleções: Você tem alguma superstição, algo que você faça sempre antes de entrar no ar ou de sair de casa?
Ana Paula: Não vou a lugar algum sem a Santa Clara. Ela anda comigo para cima e para baixo. Mesmo em lugares onde não acreditam em santas, ela vai comigo, escondida, para não ser confiscada. Entrei no Afeganistão com a Santa Clara! Um grande e bom amigo que foi para o Vaticano me deu. Dizem que Santa Clara é a padroeira da televisão. Como ela é a santa que limpa os céus, dizem que isso ajuda nas transmissões de TV. Nunca fui apegada a nenhuma religião ou a nenhum santo da Igreja Católica. Mas depois que ele me deu a Santa Clara, ela virou uma companheira.
Seleções: Você ganhou o prêmio Marcas de Confiança de Seleções como o maior nome do jornalismo brasileiro! Por que o público tem tanta confiança em você?
Ana Paula: Esse foi o prêmio de que eu mais gostei, porque não se refere necessariamente ao meu trabalho de ancoragem, reportagem, ou a um período da minha vida. É uma espécie de empatia com o público. As pessoas gostam do conjunto da obra, do que faço, de como administro as coisas.