sábado, 14 de julho de 2018

Simorsal estima prejuízo de US$ 20 mil por dia por cada navio parado no Porto Ilha

Levando-se em conta que o tempo de abastecimento é de 5 dias, o prejuízo pode chegar a US$ 100 mil por cada navio atracado no porto em Areia Branca 
 
O descaso do governo federal com os portos está levando o Brasil a perder competitividade e no Rio Grande do Norte os prejuízos podem ser sentidos no Porto Ilha, no município de Areia Branca, após embargo imposto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama). O Porto Ilha, local onde quase todo o sal marinho produzido no Brasil é exportado, está de portas fechadas, com um prejuízo de US$ 20 mil por dia a cada navio parado.

O consultor técnico do Sindicato da Indústria da Moagem e Refino do Sal do Rio Grande do Norte (Simorsal), Renato Fernandes, disse que o governo federal está usando uma lógica que está querendo acabar com o setor por pura falta de investimento no porto. Nos últimos dois anos, nada foi investido e os números de 2014 e 2015 – juntos – chegam a apenas R$ 100 mil, quando o necessário era um montante no valor de R$ 9 milhões para modernizá-lo com a troca de máquinas e equipamentos.
Surpresa é o sentimento entre os dirigentes do Simorsal, que é responsável pela produção de 6 milhões de toneladas de sal marinho por ano. É a segunda vez – em menos de um ano – que o Porto Ilha é fechado. A primeira foi em dezembro, em uma atuação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e agora a interdição veio do Ibama, que antes de fechá-lo fez inúmeros apelos e avisos à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). “O prejuízo é estratosférico para um setor que é de suma importância econômica para o Estado”, lamenta Renato Fernandes.
Das 6 milhões de toneladas de sal produzidas ao ano, um milhão é exportada para o mercado internacional, 1,5 milhões vão para indústrias químicas brasileiras e 3,5 milhões são destinadas ao mercado interno, podendo chegar aos 4 milhões. Renato Fernandes informa que, com a interdição, as empresas ligadas ao Simorsal terão não só prejuízos com os navios parados, como também pagarão multas pelo atraso na entrega dos produtos – cláusulas previstas com os principais compradores externos do sal potiguar: Estados Unidos, Canadá e Nigéria.
Cerca de 40% da produção utiliza o modal marítimo e parte dela, no caso, o que é vendido para as indústrias, também poderia ir pelas rodovias, mas seriam necessários milhares de carretas e com custos muito mais elevados, o que diminuiria a competitividade do sal marinho. “Fico imaginando mais de um milhão de carretas transportando sal. Somos fortes no setor, mas estamos perdendo concorrência para países como o Chile, por exemplo, que está mais organizado”, disse Fernandes.
A interdição do Porto Ilha se deu por vários fatores, com destaque para os problemas estruturais, máquinas e equipamentos ultrapassados, poluição do solo, licenciamentos e registros vencidos. O medo dos produtores ligados ao Simorsal é que os clientes busquem outros mercados. O setor salineiro movimenta – por ano – R$ 1 bilhão, paga R$ 150 milhões em impostos, gera 15 mil empregos diretos e 65 mil indiretos. O nível de pureza do sal potiguar faz toda a diferença no mercado, chegando a 99,88%. “Esperamos que o novo diretor presidente Codern, Fernando Dinoá, que foi empossado semana passada, consiga resolver este problema, porque o setor está fragilizado”, informa Renato Fernandes.

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