sexta-feira, 6 de abril de 2012

Xingu: foco na criação da mais importante reserva indígena do Brasil

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Cao Hamburger dirige longa competente que acompanha duas décadas dos irmãos Villas-Bôas em defesa dos índios.

Em 1943, o então presidente Getúlio Vargas organizou a expedição Roncador-Xingu, que buscava desbravar a região amazônica do Mato Grosso. Na empreitada, três irmãos foram escolhidos: os Villas-Bôas. Por meio do contato direto com os índios da região, eles se engajam em uma incessante defesa de direitos e autonomia que, em 1961, vai culminar na criação do Parque Nacional do Xingu, área de total autonomia indígena.

O cineasta Cao Hamburger, criador do sucesso “Castelo Rá-Tim-Bum” e do longa “O Ano que Meus Pais Saíram de Férias”, viu a importância histórica, social e política do tema e se embrenhou para contar parte desta história em “Xingu”, contribuindo com o roteiro escrito a seis mãos junto de Helena Soarez e Anna Muylaert.

O longa começa com a chegada dos irmãos Cláudio (João Miguel), Orlando (Felipe Camargo) e Leonardo (Caio Blat) nas aldeias do Alto Xingu, em um contato direto com os índios da região. O estranhamento e choque naturais das culturas logo dá lugar a uma relação de respeito e amizade envolvendo brancos e peles vermelhas.

O encantamento inicial diante da cultura e costumes dos indígenas cativam os sertanistas que logo passam a fazer parte da rotina na mata, aprendendo a língua, construindo ocas e estudando os nativos em uma literal ode ao “branco bom”. Buscando preservar ao máximo os valores culturais da raça, os Villas-Bôas logo veem o surgimento dos problemas do convívio, como o envolvimento com as índias e, principalmente, o surgimento de doenças, como uma epidemia de gripe que extermina metade da tribo.

O envolvimento do trio logo ganha destaque nacional, chamando a atenção de interessados inescrupulosos que querem explorar a área com a criação de postos e, até mesmo, de uma base militar. O resultado, claro, colocaria em risco a segurança dos nativos. Porém, outras ameaças rondam a região, como seringueiros, mineradores e agricultores, que anseiam pelo domínio do local e escravização dos  índios.

Do comportamento impulsivo e imaturo de Leonardo, passando pela fascinação e respeito de Cláudio e culminando na ânsia por liderança de Orlando, Xingu explora de forma competente a saga de três homens que defenderam a cultura indígena com o que tinham em mãos, além dos conflitos entre si, especialmente com Leonardo, que sai da expedição após engravidar uma das índias.

Tal dedicação ganha ainda mais destaque quando Orlando se aproxima da cúpula política brasileira e faz com que o presidente Jânio Quadros decrete a criação do Parque Nacional do Xingu em 1961, três anos antes do golpe que instituiu o Regime Militar no País. É a grande conquista dos Villas-Bôas, em uma causa que rendeu a Cláudio e Orlando duas indicações ao Prêmio Nobel da Paz e cujo Parque, atualmente, abriga 50 aldeias, com autonomia dos indígenas desde 1984.

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