segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tempo de cidadania

Afinal, o contêiner é meu, é seu, é de todos nós, é patrimônio público!

Por Mariusa Colombo

solidariedade

Mês de setembro. Algum tempo atrás, conversava com um amigo exatamente sobre este mês. Mês do civismo. Então, eu perguntava de que forma poderia conjugar o ambiente com as manifestações cívicas. Existem várias formas. Entretanto, o caso verídico que conto a seguir pode servir de alerta às prefeituras, aos órgãos da administração e aos cidadãos de modo geral. Atos contrários ao civilismo devem levar uma moldura, devem atrair a atenção de todos nós: desse modo, podemos auxiliar, quem sabe, até mesmo como fiscais.

Aconteceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na madrugada de 14 de julho deste ano. A administração municipal de Porto Alegre, na melhor das intenções, adotara dois dias antes a coleta sistematizada de resíduos orgânicos domiciliares.

   A exemplo do que já ocorre em muitos países europeus, contêineres são dispostos pelos bairros de forma a facilitar a coleta de resíduos. São recipientes grandes, acionados por pedal, bastante higiênicos (não é necessário abrir a tampa com a mão). Nesses contêineres, os resíduos são colocados em qualquer tipo de saco (como fazemos aqui) e a qualquer hora do dia, exceto o papelão, que tem local apropriado.

   Além desse tipo de serviço, lá existe o que aqui está mais do que consagrado: a coleta porta a porta. A diferença é que, em cidades italianas, por exemplo, essa coleta se restringe a determinadas regiões da cidade, de acordo com o zoneamento. Mesmo assim, os resíduos devem ser dispostos em sacos apropriados, bem fechados, diante de cada residência, em um determinado horário. Além disso, os sacos devem obedecer às cores preestabelecidas, de acordo com o tipo de resíduo (marrom para orgânicos, verde, azul, amarelo e cinza para diferentes tipos de materiais descartados). Os contêineres também utilizam este código de cores, presente nas tampas. Ainda existem áreas apropriadas para o descarte de resíduos de poda; resíduos perigosos; tecidos e peles; fármacos, pilhas; resíduos para compostagem doméstica e outros tipos de lixo extraordinário.

   Pois em Porto Alegre, os primeiros contêineres foram colocados no Centro Histórico, junto à Praça da Matriz, com a presença inclusive do prefeito e do diretor do órgão ambiental de limpeza municipal.  No total, serão 1.100 contêineres, distribuídos por 13 bairros da cidade. A população, dessa forma, poderá utilizar os equipamentos de imediato e 24 horas por dia, durante toda a semana.

   Entretanto, apenas dois dias após a colocação dos contêineres, produzidos com tecnologia italiana ao custo de R$ 4 mil cada, dois deles, situados no centro histórico da cidade, já haviam se tornado alvos de vandalismos – foram incendiados. E, por pouco, o prejuízo não foi ainda maior: as chamas quase alcançaram o quiosque que fica numa calçada próxima.

   Um tanto bizarro, não? Gostaria de saber o que instiga esse tipo de ato. O que mais me chamou a atenção foi a rapidez com que os contêineres se tornaram alvo da ação de vândalos.

   O prefeito, então, decidiu apelar à população para que ajude a fiscalizar o patrimônio público. Foi criado um movimento: “Eu curto, eu cuido”, bem aceito pela população local. Também foi criado um serviço de denúncias de atos de vandalismo contra os contêineres de lixo na capital, como forma de chamar os cidadãos à parceria na fiscalização. Segundo o prefeito, as pessoas também podem tirar fotos pelo celular e enviar para o serviço, a fim de auxiliar na identificação.

   Certo é que caberá à prefeitura fiscalizar e intensificar os apelos ao civismo, às boas condutas, à manutenção das boas ideias e projetos de melhoria. Afinal, o contêiner é meu, é seu, é de todos nós, é patrimônio público! Por fim, que este mês de setembro, tão importante no calendário brasileiro, traga motivos para comemorarmos com orgulho nossa cidadania.

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