A quantidade de mortos pela Covid-19 no Rio Grande do Norte é superior ao número de habitantes de 15 municípios potiguares. Com crescimento no registro diário de óbitos causados pela infecção do novo coronavírus, a pandemia vitimou fatalmente 3.046 pessoas em todo o Rio Grande do Norte até esta terça-feira (5) e supera o quantitativo de habitantes de cidades como Francisco Dantas, na região do Alto Oeste. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) confirmou mais 35 mortes nas últimas 24 horas, das quais seis ocorreram no período (2 em Mossoró e as demais em Portalegre, Parnamirim, Touros e Natal).
As demais mortes confirmadas para a covid-19 nesta terça-feira (5) no
Boletim Epidemiológico Nº 262 da Sesao ocorreram ao longo de dezembro e
estavam em investigação pela pasta. O registro deve aumentar a curva de
mortes, que já apresenta oscilação positiva desde o início de dezembro.
Segundo estudos do professor Ângelo Roncalli, o crescimento de mortes no
dia 1° de dezembro foi de 5% ao dia.
Com as 3.046 mortes, a pandemia se aproxima do número de habitantes
estimado no município de Fernando Pedroza. Segundo a estimativa
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
2020, o município possui 3.067 habitantes.
Até esta terça-feira (5), o Estado possuía 87 óbitos para cada 100
mil habitantes, letalidade superior somente à Bahia, Maranhão e Alagoas.
A taxa subiu levemente após o registro das 34 mortes - nesta
segunda-feira (4), era de 86 mortes para cada 100 mil habitantes.
Entretanto, a situação local é considerada “moderada” por especialistas,
com curvas que indicam redução de novos casos e aumento de mortes nas
últimas semanas.
Com o atual número de mortes confirmadas, o Rio Grande do Norte tem
uma letalidade menor que o Ceará, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Piauí,
de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Em Sergipe, que tem a
segunda maior letalidade da região Nordeste, o número de mortes
absolutas é de 2.508 entre 2,22 milhões de habitantes.
Nacionalmente, a letalidade do novo coronavírus é de 93 mortes para
cada 100 mil brasileiros. A taxa do Nordeste é de 84 mortes para cada
100 mil habitantes, ainda de acordo com o Ministério da Saúde. “Com
relação à média do Brasil e do Nordeste, o Rio Grande do Norte está em
uma situação moderada e, portanto, deve estar sempre em alerta para
manter o controle da pandemia”, analisou o especialista Ricardo
Valentim, diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN) e membro do
Comitê Técnico-Científico da Sesap/RN.
Uma análise do especialista e também membro do Comitê
Técnico-Científico da Sesap, Angelo Roncalli, registrada no documento
“Epidemiologia da covid-19 no RN: tendência de casos e óbitos”, mostra
que a curva epidemiológica de novos casos de coronavírus no Rio Grande
do Norte voltou a cair em dezembro, enquanto as mortes cresceram. Os
óbitos apresentaram uma média móvel de cinco mortes por dia, depois de
chegar a três em novembro.
Entretanto, o estudo destaca que é cedo para afirmar que os dois
movimentos são “sustentados”, portanto, não indicam uma tendência que
deve seguir nas próximas semanas. As curvas foram observadas a partir do
dia 1º de dezembro e seguem os dois movimentos até o dia 13, última
data analisada.
O restante do mês não foi analisado por causa do período de
alteração de dados, necessário para o tempo de investigação de alguns
óbitos. O registro das 34 mortes nesta terça-feira contabiliza óbitos,
por exemplo, do dia 22 de dezembro. É possível que mais mortes ocorridas
no período sejam registradas.
Ricardo Valentim concorda que ainda não é possível mostrar que as
duas tendências observadas nas primeiras semanas de dezembro (aumento de
mortes e redução dos casos) são sustentadas.
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