Com 1.039 novas mortes pelo coronavírus registradas ontem, o Brasil
se consolidou como o país com o maior número diário de óbitos do mundo,
superando os Estados Unidos, que ocupavam até domingo essa posição.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil já acumula 24.512 mortes desde o
início da pandemia e chegou à marca de 391 mil infecções - 16.324 em um
dia.
Créditos: Divulgação
O Brasil já é o segundo colocado em todo o mundo em relação ao número
acumulado de infecções - atrás apenas dos Estados Unidos, que vêm
registrando, nos últimos dias, números inferiores na comparação com o
início do mês. Até ontem, era 1,6 milhão de casos nos EUA, com 98,2 mil
mortes, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Foram
592 novos óbitos nos EUA em 24 horas.
Enquanto os números começam a cair por lá, por aqui a expectativa é de alta.
O aumento em dados diários de óbitos no Brasil ocorre em um
contexto no qual a América do Sul é considerada novo epicentro da
pandemia. Países europeus, como Itália e França, têm tido queda nos
registros. O fracasso na adoção do isolamento social, o déficit de
testagem e a posição negacionista de parte dos líderes políticos são
apontados por especialistas como fatores que levam ao agravamento do
quadro no País.
Na opinião de Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da
Universidade São Paulo (USP), o País atingiu esse patamar por causa do
fracasso no distanciamento social e da falta de testes para identificar
os infectados. "Não foi estruturada uma rede de testagem para detectar e
isolar os sintomáticos, persistindo a infecção intra e extra
domiciliar", diz. "Três meses depois de decretada a emergência nacional,
ainda é improvisada e insuficiente a rede de terapia intensiva e de
suporte a casos graves."
O virologista Rômulo Neris, mestre em Microbiologia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atuou na Universidade da
Califórnia como pesquisador visitante até a semana passada. Mas decidiu
retornar ao Brasil para trabalhar na força-tarefa contra a covid-19. O
especialista afirma que os dois países mostraram trajetórias similares
no início do enfrentamento à pandemia, mas depois se distanciaram.
"No início da pandemia, os dois países tinham déficit na capacidade
de exames, mas os EUA conseguiram aumentá-la. Eles adquiriram
respiradores e máscaras, em alguns casos de maneira até questionável.
Mas se preocuparam em acumular recursos para enfrentar a pandemia. O
Brasil continua com déficit na capacidade de exames a ponto de não
conseguir fazer previsões sobre o surto", opina.
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