O presidente Jair Bolsonaro sinalizou nesta
terça-feira (8) que não deve assinar diploma que será concedido ao
compositor, cantor e escritor Chico Buarque pelo Prêmio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa.
Na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente foi
questionado se firmaria o documento. Primeiro, ele respondeu que a sua
decisão é um “segredo”. Depois, disse que tem até 2026 para assinar o
diploma, cuja cerimônia de entrega está prevista para abril de 2020.
“É segredo. Chico Buarque?”,
disse. “Eu tenho prazo? Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”,
respondeu, fazendo alusão à reeleição. Seu mandato termina em dezembro
de 2022. .
O valor total do prêmio é de € 100 mil (em torno de
R$ 447,3 mil), dividido entre os dois países. A parcela da condecoração
que cabia ao governo brasileiro já foi depositada em junho. O diploma,
no entanto, ainda não foi assinado por Bolsonaro.
O assunto tem rachado a cúpula do governo. Para
integrantes do setor moderado, como o valor já foi liberado, a
assinatura do diploma seria apenas uma iniciativa protocolar e, por
isso, o presidente deveria seguir a tradição, evitando criar um
constrangimento com o governo português.
Na avaliação de membros do núcleo ideológico, no
entanto, ao não assinar o documento, o presidente faria um gesto
político, posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações não
prioritárias e demonstrando que seu mandato representa uma ruptura em
relação aos governados anteriores.
No mês passado, o ex-secretário especial de Cultura Henrique Pires disse à Folha
que correu o risco de ser demitido em maio quando Chico foi anunciado
como vencedor, já que ele havia escolhido os dois representantes
brasileiros do júri da premiação.
Segundo ele, Terra foi convencido na época de que não
havia motivação política na escolha depois de conversar diretamente com
o escritor Antônio Hohlfeldt, um dos jurados brasileiros da premiação. O
outro brasileiro que participou do júri foi o escritor Antonio Cícero.
Chico é crítico de Bolsonaro e apoiou a campanha do
petista Fernando Haddad na eleição presidencial do ano passado. Na
semana passada, o musico visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e defendeu a
sua liberdade.
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