sábado, 21 de julho de 2018

Jovens autistas da banda Timeout sobem ao palco do Brasília Capital Moto Week

Via G1

Apresentação é neste domingo. Grupo criado no ano passado interpreta músicas autorais e clássicos do rock mundial

Banda 'Timeout' se apresentará no Brasília Capital Moto Week (Foto: Gilson Reis/TV Globo) 
Para esses meninos, que sentem o mundo por meio dos sons, interpretar clássicos de Pink Floyd, Oasis e Legião Urbana em cima de um palco é algo mais natural do que qualquer interação social.
Ivan Madeira, João Daniel Simões, João Gabriel Mello, João Henrique Lopes, Marcelo Bacelar, Matheus Winkler e Thiago Carneiro têm entre 13 e 22 anos e comandam a Timeout. Neste domingo (22), eles se apresentam no maior evento de motos da América Latina – o Brasília Capital Moto Week.

Os rapazes já tocaram em eventos e pubs do Distrito Federal para plateias formadas por parentes e amigos. Essa será a primeira vez que eles se apresentam para um público desconhecido.
"A música virou a minha vida", afirmou ao G1 o baterista João Henrique Lopes, de 18 anos. Na última quinta-feira (19), ele conheceu o palco da primeira grande apresentação da banda, junto com os amigos e o psicólogo Paolo Rietveld – idealizador do projeto.
“Queremos fazer música e queremos que as pessoas nos assistam não porque somos uma banda de neuro-diversidade, mas simplesmente porque fazemos uma música boa de se ouvir, e ensaiamos muito para isso”, diz Ritveld
A Timeout foi criada em setembro de 2017. Rietveld, voluntário do Instituto Ninar – que desde 2007 oferece atendimento clínico na área de autismo –, percebeu que alguns dos pacientes apresentavam habilidades musicais. Foi quando decidiu “dar um grito à inclusão” e ajudou a montar a banda.
“Sempre notamos que eles são muito musicais e têm habilidades incríveis, mas raramente têm a possibilidade de se expressar dessa forma", explica o terapeuta.
Tempo fora
Para o grupo, o nome Timeout significa, literalmente, um “tempo fora” de todos os termos e técnicas da terapia. Um suspiro para a diversão e a espontaneidade. Em quase um ano, a banda foi ganhando integrantes até chegar a formação atual:
·                   Vocalistas: Ivan Madeira, João Daniel Simões e João Gabriel Mello
·                   Guitarrista: Thiago Carneiro
·                   Baixista: Marcelo Bacelar
·                   Baterista: João Henrique Lopes
·                   Tecladista: Matheus Winkler
Durante os ensaio, em um estúdio na região do Guará, e na terapia, trechos de uma música autoral começaram a surgir e deram corpo à canção "Hey! You! I need a timeout" – em tradução livre, algo como "Ei! Você! Eu preciso de um tempo livre".
Ivan Madeira, de 15 anos, foi um dos autores. Ele colocou na letra o que sentia quando percebia que precisava de um tempo. No comando do microfone, as inquietações vividas no dia a dia se transformaram em explosões de notas graves.

Família empolgada

A mãe do baterista João Henrique Lopes, Adeline Cecília, é uma das testemunhas da mudança experimentada pelos garotos a partir da música.
esde os 2 anos, João batucava pelos móveis de casa reproduções de sons e músicas que ouvia. Ali, já nascia uma paixão, segundo a mãe.
Adeline diz que, embora o adolescente tenha sido apresentado a uma bateria quando aprendia a dar os primeiros passos, foi somente por meio da Timeout que ele conseguiu expor o talento acumulado nas aulas de música.
O tecladista do grupo, Matheus Winkler, de 13 anos, é outro que sempre teve facilidade em aprender e memorizar sons. A habilidade foi canalizada para o instrumento.
"É só ouvir uma canção, uma única vez , que ele a musicaliza no teclado, mesmo sem conhecer a teoria", diz o pai do adolescente, Clédio Winkler.
“A música deixa o Matheus mais calmo e concentrado. Ele tem muita sensibilidade aos sons, mas, na banda, essa sensibilidade se transforma em música.”

Catarse

A história de todos os rockstars da Timeout revela como a música virou uma ferramenta de socialização e de empoderamento. O guitarrista Thiago Carneiro é o mais velho da banda, com 22 anos. Antes de conhecer o projeto, tocava violão em uma igreja.
"Em casa, ao lado dos irmãos instrumentistas, ficava de olho em uma guitarra, mas 'não se atrevia' a tocá-la", contou a mãe dele, Maria das Dores Silva.
Após conhecer a iniciativa do psicólogo Paolo Rietveld, Thiago decidiu se aventurar pelo instrumento imortalizado por Jimi Hendrix, Eric Clapton e David Gilmour.
Com o vocalista João Daniel Simões, 13 anos, não foi diferente. Ao assistir filmes de animação, desde os 4 anos, gravava mais as trilhas sonoras do que a própria história do desenho, lembra o pai do adolescente, Eduardo Silva Simões.
De acordo com Eduardo, o que mais chamava a atenção do menino eram as batidas do rock and roll. No entanto, era raro ele fazer demonstrações públicas dessa habilidade.
Hoje, a alegria do João Daniel empolga qualquer plateia quando ele pega o microfone – e emenda de Mamonas Assassinas a Capital Inicial. “Rock tem essa coisa catártica, de colocar para fora tudo aquilo que está preso dentro da gente”, diz o psicólogo Paolo Rietveld.
·                   Brasília Capital Moto Week
Data: de 19 a 28 de julho
Local: Granja do Torto
Informações no site do evento



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