O maior produtor de energia eólica no Brasil na
atualidade poderá bater mais um recorde até 2021. O Rio Grande do Norte
deverá atingir a marca dos 5 gigawatts (GW) de capacidade instalada com a
entrada em operação dos 16 parques eólicos em construção e de outros 13
empreendimentos contratados nos mais recentes leilões da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que deverão ser construídos no
período. Cerca de R$ 1,8 bilhão está envolvido na fase inicial de
investimentos dos parques eólicos para os próximos três anos, além das
linhas de transmissão, de acordo com o Centro de Estratégias em Recursos
Naturais e Energia (Cerne). Hoje, o estado conta com 135 parques
eólicos instalados com capacidade de geração posta de 3.678,9 megawatts
(MW) – correspondente a 84,76% dessa matriz energética localmente.
Existem, porém, muitos desafios a serem superados
para que o estado rompa os números atuais e chegue aos 5 GW num
intervalo mais curto de tempo que seu concorrente mais próximo, a Bahia.
A falta de linhas de transmissão para escoamento da energia produzida e
de um porto que consiga dar vazão à logística envolvida na instalação
dos parques eólicos no estado são pontos cruciais apontados pelo
presidente do Cerne, Jean Paul Prates. Além disso, a Bahia está
conseguindo expandir o número de empreendimentos em construção numa
velocidade superior à potiguar e poderá ultrapassar a marca prevista
pelo RN antes de 2021. Hoje, a Bahia é o segundo maior produtor de
energia eólica do país, com 100 parques instalados e capacidade de
geração de 2.594,5 MW e outros 2.425,75 MW de potência em construção.
“Há uma competição, um exercício de comparação
saudável entre os estados brasileiros nesse quesito. O que interessa,
porém, é que o setor cresça como um todo. Existem desafios comuns aos
estados doRN, PB e CE, por exemplo, que são as linhas de transmissão. O
momento atual é de consolidação do setor da energia eólica brasileira. O
RN é pioneiro . Por termos sido líderes desde os primeiros leilões, lá
em 2008, as dificuldades são sempre vistas aqui inicialmente”, aponta
Jean Paul Prates.
Com os 135 parques eólicos em operação comercial, o
RN encerrou o ano de 2017 com 1.455,3 MW médio de energia entregues ao
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O número representa
crescimento de 20,7% em relação ao ano de 2016. Especialistas do Cerne
afirmam que “apenas um terço do potencial eólico foi explorado até o
momento no estado, que até 2003 encontrava-se na estaca zero no tocante à
produção energética.” Com um potencial estimado em 10 GW, o incremento
na produção eólica local depende da operacionalização dos
empreendimentos em construção e, acima disso, do aprimoramento dos
mecanismos técnicos, gerenciais e comerciais no setor. “Temos um
potencial ainda maior.
Aprimorar negócios, o ambiente operacional e atrair
mais empresas precisam estar entre as metas dos empresários e do
governo estadual para que consigamos ampliar a produção. O RN é um dos
ambientes mais atrativos do mundo para a energia eólica, mas precisamos
vencer os desafios das linhas e transmissão e do porto”, ressalta Jean
Paul Prates. Ele informa, ainda, que o único estado com potencial de
ultrapassar o RN é a BA em decorrência da vastidão de terras
disponíveis. A Bahia é maior que o RN.
Desde 2010, o RN é autossuficiente na geração de
energia eólica. Hoje, a produção corresponde ao dobro do que é consumido
internamente (média de 800 megawatts). “Era um estado que saiu do zero,
praticamente, e em poucos anos atingiu a condição de exportador
regional de energia e referência no setor de energia renovável tendo já
passado um bom período como referência no setor de petróleo e gás,
também”, relembra o presidente do Cerne.
VENTOS NORDESTINOS: Estados do RN, BA e CE são líderes na produção eólica
Rio Grande do Norte
135 parques eólicos instalados;
3.678,9 MW de capacidade instalada (3.592,6 MW em operação comercial e 86,3 MW em operação teste);
846,63 MW em parques em construção (381,7 MW estão em construção e 467,93 MW estão contratados);
Bahia
100 parques eólicos instalados;
2.594,5 MW de capacidade instalada (2.233,9 MW em operação comercial e 360,6 MW em operação teste);
2.425,75 MW em parques em construção (1.750,85 MW estão em construção e 674,90 MW estão contratados);
Ceará
74 parques eólicos instalados;
1.935,8 MW de capacidade instalada (1.738,4 MW em operação comercial; 98,7 MW em operação teste e 98,7 MW aptos);
229,3 MW em parques em construção (114,1 MW estão em construção e 115,2 MW estão contratados).
Fonte: Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) / Dados Fevereiro 2018
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