Técnicas de manejo e
renovação dos pomares podem minimizar perdas na produção de cajus e castanhas.
A estimativa é que haja reduções de 33,3% e 55,4%, respectivamente, na próxima
safra.
A
cajucultura em todo o Rio Grande do Norte está em declínio em função da falta
de incentivos, baixa utilização de tecnologias e, principalmente, efeitos da
estiagem prolongada. Na Serra de Santana, a situação não difere muito da
realidade das demais regiões produtoras, como a Serra do Mel, maior polo
cajucultor potiguar que teve 80% dos cajueiros dizimados. A estimativa é que a
produção de cajus tenha uma queda de 33,3% na próxima safra, reduzindo de 4,5
mil toneladas obtidas na safra atual para 3 mil toneladas. Com a castanha, a
diminuição será ainda maior, 55,4%, com a redução de 480 toneladas da amêndoa
para 214 toneladas. Mas com auxílio técnico e consultorias, oferecidos pelo
Sebrae, produtores estão percebendo que é possível reverter o quadro negativo e
ter uma produção satisfatória, que passa necessariamente pela renovação dos
pomares. Foi o que aconteceu com o cajucultor Marcelino Berico, que, na última
década, começou o processo de renovação do pomar.
Passou a adotar novas
técnicas, fez controle do solo e podas para melhorar a produtividade da
plantação. Além disso, aos poucos, foi trocando o cajueiro gigante por
variedades, como o anão precoce, que é de fácil manejo por ser uma árvore baixa
e com alta produtividade. Um enxerto do cajueiro anão, começa a
florar em até 60 dias e produz o triplo do cajueiro nativo. Na mesma propriedade Sítio Novo, de 14
hectares, situada na zona rural de Cerro Corá, conseguia uma produção média de
5 toneladas de castanha e 35 toneladas de caju por safra. Com a modernização,
obteve um ganho de produtividade. Hoje, mesmo com a estiagem, a produção gira
em torno de 7 toneladas de castanhas e 40 toneladas de caju. “Hoje, o que
percebemos é que os maiores desafios para os cajucultores daqui é a falta de
orientação técnica e controle das pragas. Se temos isso, conseguimos produzir
bem. Esperamos que a formação desse APL resolva esses problemas, que vivemos
desde os anos 80”, alega Marcelino Berico. Na região, existem cerca de 700
produtores de caju, cujo foco principal do cultivo é a obtenção da castanha.
Parte deles está reunida no Núcleo de Produtores Cooperados do Sítio Chã de
Divisão, que tem 32 associados beneficiando a castanha na unidade de
processamento montada na comunidade, uma das três que estão instaladas na Serra
de Santana. Por ano, esses produtores chegam a processar 120 toneladas da
amêndoa. O volume de beneficiamento, no entanto, poderia ser maior se a
produção não estivesse em declínio. “Além do envelhecimento dos cajueiros, a
falta de manejo adequado, isto é, a baixa utilização de tecnologias, como o
plantio de cajueiros enxertados, adubação e calagem. Com o APL, queremos levar
essas soluções para os cajucultores”, diz o gestor do projeto Crescer no Campo
– Fruticultura Potiguar do Sebrae, Franco Marinho. Segundo o gestor, mesmo com
a escassez de água, é possível aumentar a produção com a adoção das
tecnologias, incluindo a mudança de copa, plantio de clones mais produtivos e
resistentes desenvolvidos pela Embrapa, adubação, calagem do solo, formação de
grupos para processamento e a comercialização – ações que estão sendo propostas
com a formação do arranjo produtivo. Na avaliação de Franco Marinho, há a
necessidade urgente de adoção de medidas de gestão e inovação tencológica nas
propriedades rurais, aliada às políticas públicas em todas as esferas
governamentais, para que os diversos atores que atuam no sistema da cajucultura
alinharem as ações de forma a serem mais assertivos e efetivos.
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