sábado, 25 de novembro de 2017

Manejo dos cajueiros e adoção de tecnologias dão resultados


Técnicas de manejo e renovação dos pomares podem minimizar perdas na produção de cajus e castanhas. A estimativa é que haja reduções de 33,3% e 55,4%, respectivamente, na próxima safra.



A cajucultura em todo o Rio Grande do Norte está em declínio em função da falta de incentivos, baixa utilização de tecnologias e, principalmente, efeitos da estiagem prolongada. Na Serra de Santana, a situação não difere muito da realidade das demais regiões produtoras, como a Serra do Mel, maior polo cajucultor potiguar que teve 80% dos cajueiros dizimados. A estimativa é que a produção de cajus tenha uma queda de 33,3% na próxima safra, reduzindo de 4,5 mil toneladas obtidas na safra atual para 3 mil toneladas. Com a castanha, a diminuição será ainda maior, 55,4%, com a redução de 480 toneladas da amêndoa para 214 toneladas. Mas com auxílio técnico e consultorias, oferecidos pelo Sebrae, produtores estão percebendo que é possível reverter o quadro negativo e ter uma produção satisfatória, que passa necessariamente pela renovação dos pomares. Foi o que aconteceu com o cajucultor Marcelino Berico, que, na última década, começou o processo de renovação do pomar.
Passou a adotar novas técnicas, fez controle do solo e podas para melhorar a produtividade da plantação. Além disso, aos poucos, foi trocando o cajueiro gigante por variedades, como o anão precoce, que é de fácil manejo por ser uma árvore baixa e com alta produtividade. Um enxerto do cajueiro anão, começa a florar em até 60 dias e produz o triplo do cajueiro nativo. Na mesma propriedade Sítio Novo, de 14 hectares, situada na zona rural de Cerro Corá, conseguia uma produção média de 5 toneladas de castanha e 35 toneladas de caju por safra. Com a modernização, obteve um ganho de produtividade. Hoje, mesmo com a estiagem, a produção gira em torno de 7 toneladas de castanhas e 40 toneladas de caju. “Hoje, o que percebemos é que os maiores desafios para os cajucultores daqui é a falta de orientação técnica e controle das pragas. Se temos isso, conseguimos produzir bem. Esperamos que a formação desse APL resolva esses problemas, que vivemos desde os anos 80”, alega Marcelino Berico. Na região, existem cerca de 700 produtores de caju, cujo foco principal do cultivo é a obtenção da castanha. Parte deles está reunida no Núcleo de Produtores Cooperados do Sítio Chã de Divisão, que tem 32 associados beneficiando a castanha na unidade de processamento montada na comunidade, uma das três que estão instaladas na Serra de Santana. Por ano, esses produtores chegam a processar 120 toneladas da amêndoa. O volume de beneficiamento, no entanto, poderia ser maior se a produção não estivesse em declínio. “Além do envelhecimento dos cajueiros, a falta de manejo adequado, isto é, a baixa utilização de tecnologias, como o plantio de cajueiros enxertados, adubação e calagem. Com o APL, queremos levar essas soluções para os cajucultores”, diz o gestor do projeto Crescer no Campo – Fruticultura Potiguar do Sebrae, Franco Marinho. Segundo o gestor, mesmo com a escassez de água, é possível aumentar a produção com a adoção das tecnologias, incluindo a mudança de copa, plantio de clones mais produtivos e resistentes desenvolvidos pela Embrapa, adubação, calagem do solo, formação de grupos para processamento e a comercialização – ações que estão sendo propostas com a formação do arranjo produtivo. Na avaliação de Franco Marinho, há a necessidade urgente de adoção de medidas de gestão e inovação tencológica nas propriedades rurais, aliada às políticas públicas em todas as esferas governamentais, para que os diversos atores que atuam no sistema da cajucultura alinharem as ações de forma a serem mais assertivos e efetivos.

 

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