terça-feira, 15 de agosto de 2017

Temer retribui votos a seu favor na Câmara e faz nomeações

Centrão’ é o que mais pressiona por espaço no governo.
Governo precisa do ‘Centrão’, mas não pode abrir mão do PSDB.
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Nas próximas semanas, o governo vai precisar do apoio do Congresso para acelerar a aprovação das reformas, mas ainda está pagando a conta da votação que barrou o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer, no início do mês.
A cobrança é diária. E a resposta também tem sido. Só nesta terça-feira (15), foram 64 páginas no Diário Oficial com 58 exonerações e 107 nomeações. Parte desses cargos teriam sido usados como moeda de troca por Michel Temer para retribuir os votos que barraran a denúncia contra ele na Câmara.
O “Centrão”, que reúne 12 partidos, foi decisivo. E, agora, é o que mais pressiona por espaço no governo, uma condição para seguir como aliado. 
“O governo tem aí pela frente várias ameaças e vários desafios, ele precisa estar preparado com a sua base para enfrentá-los. Tem que governar de acordo com a fidelidade de cada partido”, disse o deputado Marco Montes, líder do PSD.

João Salame Neto, por exemplo foi indicado pelo irmão, o deputado Beto Salame, e por mais cinco deputados do Partido Progressista, que integra o “Centrão”. Ele virou diretor do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.
Mas João Salame foi citado na delação da Odebrecht como um dos que pediram R$ 1,5 milhão para a campanha de Elder Barbalho ao governo do Pará, em 2014. Em contrapartida, a empreiteira teria seus interesses atendidos no estado. Salame também foi prefeito de Marabá, no Pará. Chegou a ser afastado temporariamente do cargo por improbidade.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, que também é do PP, saiu em defesa de Salame e disse que ele vai tomar posse.
“Se o Salame foi nomeado, e antes de ser nomeado foi feita uma pesquisa, que é sempre feita pela Associação Brasileira de Inteligência, as eventuais restrições foram esclarecidas e a nomeação foi feita no Diário Oficial. Está mantida a nomeação, tomará posse e exercerá a sua função como exerceu a de prefeito de Marabá”, disse o ministro.  
O próprio João Salame não esconde que o cargo atende a um interesse regional. Em entrevista a um jornal local, ele disse que o Departamento de Atenção Básica é muito disputado: “Tem um poder de fogo grande. Se a gente se unir aí no Pará dá para ajudar muito nossos municípios.”
O governo sabe que ainda não tem número para votações importantes no Congresso. Sua base de sustentação é movediça. Quem tem sido fiel, quer os cargos que estão nas mãos dos infiéis, como o PSDB.
O governo está entre a cruz e a espada: precisa do “Centrão”, mas não pode abrir mão dos tucanos. E, assim, segue refém dos aliados, distribuindo cargos sem desfalcar o PSDB.
“Realmente aqueles que foram mais leais, que tiveram a disposição para enfrentar em algum momento até ventos contrários, devem efetivamente ser valorizados em conformidade com essa lealdade. É natural que os partidos queiram ter espaços maiores de atuação de articulação política e é natural que essas pressões aconteçam”, disse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Por isso, o permanente entra e sai no Planalto. A Secretaria de Governo é alvo das ambições. O ministro tucano Antônio Imbassahy sabe disso, e disse que não tem nada a temer: “Agora é um processo mais de articulação, conversações e chegaremos a um bom termo. Vamos harmonizar a base, ter uma base sólida, cada vez mais robusta.”
A oposição critica essas acomodações. “Isso, ao invés de dar governabilidade, gera risco de mais instabilidade. Parece que a pequena política, do toma lá dá cá, se torna a grande, talvez a única política que esse governo desenvolve. É evidente que a sua imagem fica mais questionada ainda“, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
O Ministério da Saúde declarou que o Supremo Tribunal Federal considerou incorreta a sentença de João Salame, absolveu o prefeito e permitiu a volta dele ao cargo.
Sobre a delação da Odebrecht, o ministério afirmou que João Salame não consta do inquérito, não foi indiciado e não responde a nenhum processo.


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