Centrão’
é o que mais pressiona por espaço no governo.
Governo precisa do ‘Centrão’, mas não pode abrir mão do PSDB.
Governo precisa do ‘Centrão’, mas não pode abrir mão do PSDB.
Nas próximas semanas, o governo vai precisar do apoio do
Congresso para acelerar a aprovação das reformas, mas ainda está pagando a
conta da votação que barrou o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer,
no início do mês.
A cobrança é diária. E a resposta também
tem sido. Só nesta terça-feira (15), foram 64 páginas no Diário Oficial com 58
exonerações e 107 nomeações. Parte desses cargos teriam sido usados como moeda
de troca por Michel Temer para retribuir os votos que barraran a denúncia
contra ele na Câmara.
O “Centrão”, que reúne 12 partidos, foi
decisivo. E, agora, é o que mais pressiona por espaço no governo, uma condição
para seguir como aliado.
“O governo tem aí pela frente várias
ameaças e vários desafios, ele precisa estar preparado com a sua base para
enfrentá-los. Tem que governar de acordo com a fidelidade de cada partido”,
disse o deputado Marco Montes, líder do PSD.
João Salame Neto, por exemplo foi indicado
pelo irmão, o deputado Beto Salame, e por mais cinco deputados do Partido
Progressista, que integra o “Centrão”. Ele virou diretor do Departamento de
Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.
Mas João Salame foi citado na delação da
Odebrecht como um dos que pediram R$ 1,5 milhão para a campanha de Elder
Barbalho ao governo do Pará, em 2014. Em contrapartida, a empreiteira teria
seus interesses atendidos no estado. Salame também foi prefeito de Marabá, no
Pará. Chegou a ser afastado temporariamente do cargo por improbidade.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, que
também é do PP, saiu em defesa de Salame e disse que ele vai tomar posse.
“Se o Salame foi nomeado, e antes de ser
nomeado foi feita uma pesquisa, que é sempre feita pela Associação Brasileira
de Inteligência, as eventuais restrições foram esclarecidas e a nomeação foi
feita no Diário Oficial. Está mantida a nomeação, tomará posse e exercerá a sua
função como exerceu a de prefeito de Marabá”, disse o ministro.
O próprio João Salame não esconde que o
cargo atende a um interesse regional. Em entrevista a um jornal local, ele
disse que o Departamento de Atenção Básica é muito disputado: “Tem um poder de
fogo grande. Se a gente se unir aí no Pará dá para ajudar muito nossos municípios.”
O governo sabe que ainda não tem número
para votações importantes no Congresso. Sua base de sustentação é movediça.
Quem tem sido fiel, quer os cargos que estão nas mãos dos infiéis, como o PSDB.
O governo está entre a cruz e a espada:
precisa do “Centrão”, mas não pode abrir mão dos tucanos. E, assim, segue refém
dos aliados, distribuindo cargos sem desfalcar o PSDB.
“Realmente aqueles que foram mais leais,
que tiveram a disposição para enfrentar em algum momento até ventos contrários,
devem efetivamente ser valorizados em conformidade com essa lealdade. É natural
que os partidos queiram ter espaços maiores de atuação de articulação política
e é natural que essas pressões aconteçam”, disse o deputado Carlos Marun
(PMDB-MS).
Por isso, o permanente entra e sai no
Planalto. A Secretaria de Governo é alvo das ambições. O ministro tucano
Antônio Imbassahy sabe disso, e disse que não tem nada a temer: “Agora é um
processo mais de articulação, conversações e chegaremos a um bom termo. Vamos
harmonizar a base, ter uma base sólida, cada vez mais robusta.”
A oposição critica essas acomodações.
“Isso, ao invés de dar governabilidade, gera risco de mais instabilidade.
Parece que a pequena política, do toma lá dá cá, se torna a grande, talvez a
única política que esse governo desenvolve. É evidente que a sua imagem fica
mais questionada ainda“, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
O Ministério da Saúde declarou que o
Supremo Tribunal Federal considerou incorreta a sentença de João Salame,
absolveu o prefeito e permitiu a volta dele ao cargo.
Sobre a delação da Odebrecht, o ministério
afirmou que João Salame não consta do inquérito, não foi indiciado e não
responde a nenhum processo.
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