A facção é um dos grupos
que surgiram nos estados para conter o PCC e é responsável pelas mortes em
Manaus
Manaus, Brasília e Rio – O
massacre no Complexo Penitenciário em Manaus é mais um capítulo da disputa de
poder entre as maiores facções criminosas do
País, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), e revela
como o tráfico transnacional de drogas transformou-se em uma atividade
organizada por facções.
Responsável pelas mortes,
a Família do Norte (FDN) é um dos grupos que surgiram nos Estados para conter o
PCC – a FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do
País.
A Família é resultado da
união de dois grandes traficantes, Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, e José
Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba. Segundo a PF, após passarem uma temporada
cumprindo pena em presídios federais, os dois retornaram para Manaus, em 2006,
determinados a se estruturarem como uma facção criminosa.
O resultado é o grupo que
foi alvo da operação La Muralla, em 2015, flagrado movimentando milhões por mês
com o domínio da “rota Solimões” – usada para escoar a cocaína produzida na
Bolívia e no Peru por meio dos rios da região amazônica.
Embora seja aliada do CV,
a FDN nunca aceitou ser subordinada a nenhuma outra organização. No inquérito
que deu origem à La Muralla, os investigadores perceberam que o PCC estava
“batizando” criminosos amazonenses de modo a aumentar a presença no Estado.
Essa ação desagradou a FDN, que ordenou a morte de três traficantes ligados à
facção paulista.
À época, CV e PCC eram
aliados e mantinham negócios juntos, e a FDN estava fragilizada pela Operação
La Muralla. Cerca de um ano após iniciar a perseguição ao PCC, e agora com o
apoio do CV, a FDN pôs em prática o plano de acabar com a facção paulista no
Amazonas.
Tática parecida o PCC já
havia empregado em presídios de Roraima e Rondônia, em outubro de 2016.
Rebeliões causadas pela guerra entre as duas facções causaram 18 mortes em
presídios dos dois Estados.
Segundo o governo de
Roraima, dez detentos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo,
após uma ordem vinda do Rio. Em Roraima, Valdineys de Alencar Sousa, o Vida
Loka, líder do CV, e Leno Rocha de Castro, o segundo em comando, estavam entre
os mortos.
Investigadores acreditam
que integrantes do CV pediram à FDN que executasse integrantes do PCC em
Manaus. “Esse massacre foi um choque entre uma facção que se tornou
internacional com uma local. O Estado não pode admitir que o crime organizado
conquiste espaço. Deve reprimir com dureza e não fazer acordos”, disse o
procurador Marcio Sérgio Christino.
Rocinha
Atualmente, o PCC domina o
tráfico de drogas na favela da Rocinha, no Rio, o que aumenta a tensão com o
CV. Com cerca de cem mil moradores, a favela é considerada pela polícia a área
do Rio onde o tráfico de drogas é mais rentável.
A comunidade era dominada
pela Amigo dos Amigos (ADA), facção rival do CV. O PCC firmou uma parceria com
a ADA, aliança que começou na rua e teve reflexos nos presídios. Em Bangu 4,
bandidos que aderiram ao PCC pediram transferência para uma ala destinada à
ADA.
As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário :
Postar um comentário