"FDN x PCC - O
Massacre". Esse não é o nome de um filme de terror trash de ficção, mas o
título de um DVD com um compilado de vídeos que circulam na internet com
imagens fortes da chacina
no Compaj (Complexo Penitenciário Antônio Jobim), em Manaus, que deixou 59
presos mortos no dia 1º.
O sucesso nas vendas do
DVD foi tão grande que já não é mais possível encontrá-lo em barracas e camelôs
da capital amazonense. "Na minha banca, como a de todos aqui, tinha mais
de dez [DVDs], e acabaram todos no domingo", disse um vendedor no bairro
da Compensa, na zona oeste da cidade, que não quis se identificar.
A reportagem percorreu
centros comerciais, com muitos ambulantes, em bairros de toda a cidade, e em
todas as bancas o filme já tinha se esgotado. Em geral, o preço varia de R$ 2 a
R$ 3, mas pode aumentar, de acordo com a demanda. "Aqui a procura pelo DVD
foi tanta que vendi a R$ 5", diz um ambulante no bairro São José, zona
leste.
No bairro Coroado, também
na zona leste da capital amazonense, um ambulante informa que estão
reabastecendo o estoque. "Hoje chega, patroa! Posso reservar para
senhora!", diz.
Além do DVD com os vídeos,
o massacre também ganhou outra mídia. O preso Brayan Bremer, 24, que ficou
conhecido após publicar
uma selfie ao lado de outros detentos durante a fuga em Manaus, no dia 1º,
ganhou um jogo para celular. No "Brayan Break", o jogador precisa
ajudar o fugitivo a pular muros, passando por alguns obstáculos. O aplicativo
já tem mais de 10 mil downloads no Play Store, loja de aplicativos para
Android.
MORTES EM PRESÍDIOS
O massacre em Manaus foi o
começo de uma crise que se espalha por presídios do país. No dia 1º, 59
presos foram mortos no Compaj, após motim que durou 17 horas. No dia
seguinte, mais quatro detentos morrem na UPP (Unidade Prisional de
Puraquequara), também em Manaus. Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de
Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos.
No dia 4 de janeiro, dois
presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no
sertão da Paraíba. Dois dias depois, 33
presos foram mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de
Monte Cristo, em Boa Vista.
Na tarde da última quinta
(12), dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, conhecida como Cadeião,
em Maceió (AL). O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro
do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL). Jonathan Marques Tavares e
Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e 2 da cadeia, respectivamente.
No mesmo dia, dois
presos foram mortos em São Paulo, na Penitenciária de Tupi Paulista (a 561
km da capital paulista). A Secretaria da Administração Penitenciária informou
que eles morreram durante uma briga em uma das celas.
Neste domingo (15), uma
fuga na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná, deixou
dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora, um muro da
penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando da
Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela Folha.
Já no Rio Grande do Norte,
26
detentos foram mortos, no sábado (14), na Penitenciária de Alcaçuz, região
metropolitana de Natal (RN). A situação continua tensa, com presos amotinados,
no presídio nesta terça (17).
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