domingo, 7 de agosto de 2016

Colunas obrigam torcedor que pagou R$ 260 a fazer ziguezague ao ver natação

UOL
Em algumas provas, uma simples esticada de pescoço resolvia; em outras, foi necessário erguer o corpo e se esticar; nos casos mais graves, o jeito foi sair do lugar e procurar outra cadeira vazia no mesmo setor. No primeiro dia da natação da Rio-2016, um grupo de torcedores se mexeu como se fossem atletas. No caso deles, contudo, a modalidade não tinha nada a ver com água: a disputa ali era apenas para fugir das colunas que comprometeram a visibilidade no Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O professor Márcio Benfica e a advogada Janaína Ramos compraram entradas para cadeiras posicionadas atrás de uma das colunas. Cada um desembolsou R$ 260 pelo ingresso – a sessão noturna de sábado (06) na natação foi o único evento para o qual eles compraram ingresso no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
“Nós só descobrimos quando chegamos aqui. Viemos procurar nosso lugar, e aí vimos que tinha essa coluna na frente”, disse Márcio. “A visão é um pouco prejudicada em algumas provas, mas dá para a gente se esticar um pouco”, completou Janaína.
Em outra área do estádio, também atrás de uma coluna, os professores Renato Inácio e Simone Gaião tiveram de fazer uma espécie de ginástica. Eles também compraram ingressos para uma das áreas com visão parcial, mas se aproveitaram do fato de o estádio não estar lotado. Dependendo da prova, os dois se deslocavam pela arena e buscavam um ponto com mais visibilidade.
“A gente não sabia. Não foi nada agradável”, contou Simone. “A gente fica fazendo um mix de lugares, aproveitando que há várias cadeiras vagas aqui e ali”, adicionou Renato. Cada um deles pagou R$ 100 pela entrada para ver a natação.
Construído com estrutura temporária para os Jogos – o local vai ser transformado em dois parques aquáticos depois –, o estádio foi projetado para comportar 18 mil espectadores. A versão inicial passou por uma revisão para que o custo fosse reduzido, e isso alterou a ideia para o teto. Quatro colunas gigantes foram instaladas nas extremidades da arena, e essas estruturas que sustentam a cobertura comprometeram a visão de muitos lugares – 7,8% do total, segundo o comitê organizador, ou até 30%, de acordo com a Fina (Federação Internacional de Esportes Aquáticos).
Os pontos cegos foram motivo de atrito entre comitê organizador e Fina, que criticou o tamanho do estádio. Sobretudo por questões financeiras – o bloqueio dos setores com visão comprometida geraria um prejuízo de pelo menos R$ 10,6 milhões ao caixa da Rio-2016, valor calculado a partir da diferença entre as entradas colocadas à venda e o potencial total de arrecadação da arena.
No fim de julho, o comitê organizador começou a vender ingressos para esses setores atrás das colunas. As áreas foram classificadas como “visão parcial”, e as entradas para esses locais tiveram descontos – custaram de R$ 80 a R$ 100 em sessões que tinham tíquetes de até R$ 350 nas áreas centrais.
Desde o início das vendas, segundo o comitê organizador, as sessões da natação estiveram entre os eventos mais buscados da Rio-2016. Contudo, foi possível ver muitos espaços não preenchidos na primeira noite de provas – e não apenas nas áreas que ficam atrás de colunas.


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