
O ex-presidente da República
Michel Temer (MDB) foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) em
um desdobramento da Operação Lava Jato. Não há informações oficiais sobre as
acusações que levaram à prisão, autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara
Federal do Rio de Janeiro.
Na mesma operação, também foi
preso o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Temer,
Moreira Franco, também do MDB.
O advogado Brian Alves, que
representa Temer, disse à BBC News Brasil que ainda não teve acesso à decisão
judicial e, por isso, desconhece no momento o motivo de sua prisão.
"Após ter acesso, vamos
avaliar se pediremos um habeas corpus", disse Alves.
Em nota, o MDB lamentou as
prisões e o que chamou de "postura açodada da Justiça" em relação a
Temer e Moreira Franco. "O MDB espera que a Justiça restabeleça as
liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e
o direito de defesa", concui o texto.
O que pesa contra Temer?
Temer deixou o governo como alvo
de três denúncias criminais – todas serão foram à primeira instância ao fim do
mandato.
As duas primeiras foram feitas
pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tiveram origem na
delação de executivos da JBS e acusam Temer e aliados de receber propinas de
empresas beneficiadas por decisões do governo ou contratos públicos.
Em uma delas, o ex-presidente é
acusado de chefiar uma organização criminosa (conhecida como "quadrilhão
do MDB") e de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio de Eduardo
Cunha, ex-deputado do partido que está preso. Na outra, é acusado de corrupção
passiva no caso da mala de dinheiro recebida pelo ex-assessor Rodrigo Rocha
Loures.
Na terceira denúncia, apresentada
pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Temer é acusado de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro em inquérito que apura um esquema
criminoso no setor de portos.
O ex-presidente nega todas as
acusações e se diz vítima de uma perseguição.
Questionado por jornalistas se
temia ser preso ao deixar o Planalto e perder o foro privilegiado garantido
pelo cargo de presidente, Temer se mostrava ofendido.
"Não estou preocupado com
esse assunto. Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente
já não vai ter muita graça", disse à revista Época no fim do ano passado.
Vítima de 'trama'
O ex-presidente Michel Temer
afirmava, em discursos e entrevistas, ser vítima de uma "trama".
Temer chegou à Presidência em
maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff e deixou o poder em 1º de
janeiro deste ano com apenas 5% de aprovação popular.
Sua derrocada teve início em
março de 2017 quando recebeu o empresário da JBS Joesley Batista no Palácio do
Jaburu.
Em gravação feita pelo executivo
entregue à Lava Jato, o presidente é ouvido falando "tem que manter isso
aí, viu?", sobre a boa relação de Joesley com o ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha, que já estava preso em Curitiba.
O executivo registrou a conversa
para usá-la em uma delação premiada, e a Procuradoria-Geral da República acusou
Temer de dar aval para uma mesada ao ex-deputado. Depois, a legalidade do
acordo de delação foi posta em xeque quando veio à tona indícios de que o procurador
da República Marcelo Miller, ligado a Rodrigo Janot à época, teria orientado as
ações de Batista.
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