O ex-governador da Paraíba lutava contra um câncer no pulmão desde 2011.
O ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima morreu aos 76
anos neste sábado (7) na casa da família, em João Pessoa. Ele lutava
contra um câncer no pulmão desde 2011. O senador Cássio Cunha Lima
(PSDB), filho de Ronaldo, confirmou a morte pelo twitter.
"Os Poetas não morrem! O Poeta Ronaldo Cunha Lima, após uma
vida digna, descansou", afirmou Cássio. Ele também agradeceu a
solidariedade dos amigos. “Louvamos a Deus pela bela existência do Poeta
Ronaldo e agradecemos a todos por toda solidariedade."
Embora tenha sido governador da Paraíba, duas vezes prefeito de João Pessoa, senador e deputado federal, Ronaldo Cunha Lima marcou sua passagem pela política brasileira por ter tentado matar a tiros o ex-governador Tarcísio Burity durante o almoço em um restaurante da capital paraibana no dia 5 de novembro de 1993.
Burity, seu adversário político, havia feito duras críticas
ao então superintendente da Sudene Cássio Cunha Lima, filho de Ronaldo,
em um programa de TV local. Indignado, o então governador invadiu o
restaurante Gulliver, onde Burity almoçava, e fez três disparos à queima
roupa. Burity ficou em estado grave mas sobreviveu até 2003, quando
morreu por falência múltipla dos órgãos.
Ronaldo Cunha Lima nunca chegou a ser punido pelo crime. Em
2007, quando o processo seria remetido ao Supremo Tribunal Federal, ele
renunciou ao cargo de deputado federal, perdeu o direito ao foro
privilegiado e o caso voltou para a primeira instância da Justiça
paraibana.
O caso Gulliver ofuscou uma rica trajetória na vida e na
política. Filho de uma família modesta de Guarabira, no interior da
Paraíba, Cunha Lima perdeu o pai ainda garoto e trabalhou como
entregador de jornais e garçom para bancar os estudos. Formado na
Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba, ingressou na
carreira política e apaixonou-se pela obra do poeta paraibano Augusto
dos Anjos (1884-1914).
Em 1968 foi eleito prefeito de João Pessoa e cassado no ano
seguinte pela Ditadura Militar (1964-1985). Passou mais de dez anos no
ostracismo político até que, anistiado, voltou à prefeitura de João
Pessoa em 1983.
Paralelamente à política desenvolveu uma carreira literária com 15 livros de poesia publicados.
Em 1990 foi eleito governador, em 1994 ganhou uma vaga no
Senado e em 2002 disputou sua última eleição, na qual foi escolhido
deputado federal.
Desde a renúncia em 2007, Cunha Lima deixou a própria
carreira de lado para acompanhar a trajetória do filho, Cássio, também
eleito governador da Paraíba.
Em 2011, quando o câncer de pulmão foi diagnosticado pela
equipe do médico Riad Younes no hospital Sírio-Libanês, Cássio anunciou a
doença pelo twitter. “O diagnóstico do Poeta foi fechado:
Adenocarcinoma no pulmão esquerdo. Ele fará apenas radioterapia e ficará
curado. Obrigado pela solidariedade”.
Ronaldo Cunha Lima deixou a mulher, Maria da Glória, e quatro filhos.
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