sexta-feira, 27 de abril de 2012

Programas do MDA garantem renda e mantêm homem no campo

topo Mel, polpa de frutas, doces e hortifrutigranjeiros têm mudado a realidade de moradores do interior do Ceará. Antes, as dificuldades em se manter no campo fizeram com que o agricultor Antônio Braga Alves, 33 anos, tentasse ganhar a vida como servente de obras na cidade grande na década de 1990. A investida não deu certo. “Não me adaptei ao serviço, eu sei mesmo é plantar”, justifica. Hoje,  sustenta a mulher e os dois filhos fazendo o que gosta. E assegura: não tem mais motivos para deixar a atividade agrícola. Antônio vende seus produtos aos mercados institucionais por meio da Cooperativa Agroecológica da Agricultura Familiar do Caminho de Assis, de Maranguape (CE) (Cooperfam). “Com a renda garantida, dá para permanecer aqui, onde é o melhor lugar para se viver, exercer minha atividade e criar meus filhos”.

Parte dos agricultores, inclusive Antônio, passa o que produz para a Cooperfam.  A entidade tem 284 cooperados e comercializa 95% dos produtos via programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) – Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Vender para os mercados institucionais melhorou a autoestima das pessoas, elas ficaram com vontade de produzir novamente. Como Maranguape está próxima à região metropolitana, a tendência de abandonar o campo era muito forte. Antes, a agricultura estava totalmente esquecida, com as novas políticas voltadas para a agricultura familiar as coisas mudaram muito por aqui. Toda semana tem gente nova querendo entrar para a cooperativa”, diz o presidente da Cooperfam, Airton Kern.

Antônio mora no Assentamento de Salgado,em Maranguape, município cearense a 30 quilômetros de Fortaleza. Lá,16 famílias de agricultores familiares vivem em uma área de 208 hectares comprada com recursos obtidos pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). “Aqui trabalham quatro grupos de quatro pessoas, cada grupo paga uma taxa anual para quitar a dívida”, explica, Maximino Pires, fundador do assentamento.

Todos os cooperados são agricultores familiares, segundo Airton.  A entidade comercializa mais de 20 produtos diferentes, entre eles mel, polpa de frutas, doces e itens de hortifrutigranjeiros. Em 2011, a Cooperativa vendeu mais de R$ 430 mil pelo PAA e R$ 300 mil pelo PNAE – somente a escolas estaduais, sem contar as federais e municipais. “A meta para este ano é manter os contratos, estamos aguardando as chamadas públicas”, relata Airton.

A Cooperfam espera potencializar ainda mais a comercialização por meio da Rede Brasil Rural (RBR) – ferramenta virtual, criada pelo MDA, que organiza toda a cadeia produtiva da agricultura familiar. Por meio do portal, os agricultores podem comprar insumos, vender produtos e ter acesso aos editais de compras de alimentos para a merenda escolar. “Participamos da oficina de capacitação do MDA em março e nos cadastramos. Vamos comercializar pelo portal o mel de abelha e a polpa de fruta” comenta o presidente da Cooperfam.

Motivação

“Antes, os agricultores estavam organizados em uma associação. Com a Lei do PNAE, que estabelece, entre outras coisas, que 30% da merenda escolar seja comprada da agricultura familiar, eles ficaram motivados a crescer. Então criaram a cooperativa e tiraram a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) jurídica para facilitar a emissão de notas. Daí passaram a acessar o PAA e o PNAE”, conta, a engenheira agrônoma do MDA , Ana Luísa de Andrade de Sousa.

O agricultor Danilo da Silva, 46 anos, lembra como era difícil vender a produção antes de ser cooperado e ter acesso aos mercados institucionais.  “Colocava os alimentos na bicicleta e batia de porta em porta. Vendia bem pouco.  As compras do governo ajudam muito porque o agricultor trabalha e sabe que o produto será vendido. Antes produzia menos também porque sabia que ia perder parte da colheita”, lembra.

Ano passado, Danilo vendeu R$ 9 mil por meio do PNAE e R$ 4,5 mil pelo PAA – o que lhe possibilitou uma renda mensal superior a mil reais. Com o dinheiro, financiou  um carro utilitário e uma moto – ambos usados. “Vão me ajudar na entrega dos alimentos”, explica ele que produz cheiro verde, cebolinha e pimentão em uma área de dois hectares, em Maranguape (CE). “Além disso, também pude chamar pessoas da minha família para trabalhar comigo. Gerei emprego”, orgulha-se.

Rede Brasil Rural

A Rede Brasil Rural (RBR) é uma estratégia criada pelo MDA para organizar a cadeia de produtos da agricultura familiar, desde o processo de produção até o mercado consumidor. O site exige o cadastramento de cooperativas de agricultores familiares, que juntas podem vender seus produtos direto pela internet, assim como comprar insumos agrícolas, máquinas e equipamentos.

Entre os principais benefícios da RBR está a redução do preço do produto para o consumidor final e o aumento na renda dos agricultores por meio de ganhos de eficiência em cada etapa da cadeia produtiva, preservando a identidade da agricultura familiar. Outras vantagens do site são a cooperação do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) como agente financiador e a parceria dos Correios que cuida de toda a logística de entrega de produtos dos agricultores familiares.

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