segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cartunista que se veste de mulher quer usar o banheiro feminino

A polêmica surgiu na semana passada, depois que o cartunista Laerte usou o banheiro feminino de um restaurante e foi 'flagrado' por uma cliente.

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A questão é delicada e tem causado uma polêmica danada. Em São Paulo, um cartunista que se sente e se veste como mulher quer ter o direito de usar o banheiro feminino. Casos iguais começam a se repetir em todo o Brasil.

Um caso parecido já havia acontecido no Rio de Janeiro. Agora foi o São Paulo. Uma mulher se sentiu constrangida ao ver o cartunista Laerte Coutinho, que se assumiu como transexual, no banheiro feminino de um restaurante. Ela reclamou com o dono do lugar, que chamou a atenção do cartunista. A partir daí começou a discussão.

O autor de quadrinhos levou 57 anos para sair do armário e agora quer entrar no banheiro. “No banheiro feminino”, comentou o cartunista Laerte Coutinho.

Há mais de um ano, desde que ele assumiu publicamente a vontade de se vestir de mulher, os olhos se arregalam, mas nunca ninguém tinha reclamado. A polêmica surgiu na semana passada, depois que o cartunista usou o banheiro feminino de um restaurante e foi, digamos, flagrado por uma cliente. “Ela alegou que eu sou homem e preciso usar o banheiro de homem”, comentou o cartunista.

O gerente do restaurante fez o mesmo pedido. Só que Laerte usava maquiagem, roupas femininas e não se sentia à vontade no banheiro dos homens. “Eu sou uma pessoa transgênera e quero usar o banheiro feminino”, defende Laerte Coutinho.

O cartunista já foi casado, tem dois filhos e uma namorada. Sim, namorada. Ele se define ao mesmo tempo como travesti e bissexual. “Essas mulheres não podem se sentir constrangidas pelo fato de você ter atração por mulher também?”, pergunta o repórter. “Não importa. Como é que elas se sentiriam com uma lésbica dentro do banheiro?”, rebate o cartunista.

Laerte Coutinho compara a luta dos travestis de hoje com a luta histórica dos negros americanos por direitos civis. “Nos Estados Unidos, na década de 1960, teve de vir a força federal. Teve de a guarda nacional garantir o direito de crianças negras entrar na escola”, citou o cartunista.

Ainda que o assunto seja incômodo para muita gente, as questões exigidas pelo cartunista Laerte são cada vez mais levadas a sério no Brasil. Já existem leis estaduais prevendo até o fechamento de estabelecimentos comerciais que promovam algum tipo de discriminação.

Na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), discute-se – com ânimos exaltados, obviamente – um estatuto que, se aprovado na OAB e depois no Congresso em Brasília, ampliaria os direitos de travestis e transexuais país. Eles poderiam, por exemplo, usar o banheiro feminino em qualquer lugar do país. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um caso parecido levou a direção a liberar o banheiro feminino para os transexuais.

Depois do incidente, o cartunista procurou a Secretaria de Justiça de São Paulo e foi orientado a exigir o que considera serem os direitos dele. Não vai entrar na Justiça, porque não considera que houve dano moral.

“Não é bandeira ou causa. É a minha vida, é a minha vida e eu vou lutar por ela. Vou fazer valer meus direitos”, afirmou Laerte Coutinho.

Em uma charge de Laerte, o personagem Hugo tem um alterego chamado Muriel, que é travesti. Hugo faz de tudo para esconder Muriel no armário. Impossível! O lado masculino do artista é que foi parcialmente trancado. “Entrar no banheiro é sopa perto de sair do armário”, brinca Laerte.

Laerte não pensa em mudança de sexo nem de nome. “Você tem um nome feminino?”, pergunta o repórter. “Eu tenho. É Sonia, mas é mais para o circuito dos clubes e fóruns que eu frequento. Eu uso Laerte mesmo”, comenta.

O cartunista pretende brigar pelo direito de ser Hugo ou Muriel no banheiro que bem entender.

Segundo a presidente da comissão de combate à homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adriana Galvão, a lei não fala em banheiros para transexuais, mas diz claramente que o direito de gênero da pessoa deve ser respeitado.

Fonte; http://g1.globo.com/bom-dia-brasil

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