domingo, 13 de março de 2022

Geoparque Seridó, no RN, guarda registros da formação e quebra do supercontinente Gondwana


A riqueza geológica da região fez com que fosse criado um Geoparque que promove desenvolvimento sustentável. No seu interior, é possível observar marcas de atividade vulcânica recente.


Este é o décimo texto do blog Deriva Continental, escrito por Marcos Antonio Leite do Nascimento e Matheus Lisboa Nobre da Silva, com colaboração de U. Cordani e Guilherme Teles.

Seridó é o nome que se dá a uma região que divide os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Há uma parte desse território, composta por seis municípios do Rio Grande do Norte, que interessa bastante os pesquisadores: é onde existem registros da formação do Supercontinente Gondwana, na era Neoproteozoica (entre 600 e 540 milhões de anos atrás). E mais: o lugar também guarda evidências da quebra do Gondwana, no período Cretáceo (entre 130 e 90 milhões de anos atrás), e de atividade vulcânica recente. Um prato cheio para os geólogos.

As rochas e paisagens do Seridó são resultado da união de várias placas tectônicas entre 600 e 540 milhões de anos atrás, para formar o supercontinente Gondwana. No período Carbonífero, há 300 milhões de anos, Gondwana juntou-se com outras placas continentais para formar o supercontinente Pangeia. Já no Cretáceo, entre 130 e 90 milhões de anos atrás, Gondwana se fragmentou, separando as placas tectônicas da América do Sul e África, formando o Oceano Atlântico Sul.

A história geológica da Província Borborema, que contém a região do Seridó, mostra evidentes correlações geológicas entre Brasil e África, dadas por faixas de dobramentos em regiões ao longo das quais placas tectônicas continentais colidiram, com bacias sedimentares deformadas, metamorfizadas e afetadas por magmatismo; e por lineamentos tectônicos, com grandes zonas de falhamentos relacionadas com o movimento de placas tectônicas.

No Seridó, por volta de 650 a 600 milhões de anos atrás, as placas que continham os Cratons do Oeste Africano e do São Francisco-Congo colidiram, fecharam um enorme oceano, formando a Faixa de dobramentos Farusiana ao longo do Lineamento Transbrasiliano-Kandi. Nesse local apareceram as primeiras montanhas na Terra com altitudes do tipo Himalayano.

Posteriormente, entre 540 e 500 milhões de anos atrás, a placa que continha a região da Borborema foi praticamente destruída por inúmeros falhamentos (Lineamento Transbrasiliano-Kandi dentre outros) assim como a enorme região Sahariana do Norte da África. Os lineamentos tectônicos foram acompanhados em muitos casos por afundamentos onde se formaram bacias sedimentares relativamente restritas, que foram afetadas por metamorfismo e intrudidas por rochas graníticas, tal como será descrito a seguir.

As rochas mais antigas encontradas no território do Seridó são agrupadas no Complexo Caicó. Ele é formado por rochas metamórficas, que se deformaram sob condições de alta pressão e temperatura.

A maior parte da diversidade geológica do Seridó foi gerada durante a formação do Gondwana, entre a Era Neoproterozoica e o período Cambriano (640 a 500 milhões de anos atrás).

Na parte mais antiga deste intervalo, os sedimentos continentais e marinhos que se acumularam foram deformados e metamorfizados. Hoje eles cobrem cerca de 70% do território. O Grupo Seridó está dividido nas formações Jucurutu (paragnaisses, rochas calcissilicáticas e mármores), Equador (quartzitos e metaconglomerados) e Seridó (xistos).

Tem mais: as rochas graníticas formadas no fim da Era neoproterozoica (entre de 580 e 540 milhões de anos) modelam os principais contornos das paisagens no território. Isso gera os inselbergs, que são feições formadas por rochas mais resistentes ao intemperismo e erosão. Já no Cambriano (entre 515 e 510 milhões de anos), houve a formação dos pegmatitos, rochas de origem ígnea que são muito comuns no nordeste brasileiro.

Fonte: https://super.abril.com.br/
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