É com essa indagação que inicio este artigo. Em tempos de informações rápidas e redes sociais dominando o debate público, é urgente refletir sobre o papel do jornalismo, seus compromissos éticos e a responsabilidade de quem escolhe atuar nesse campo.
No dia 17 de junho, o blog do jornalista Jair Sampaio publicou uma matéria que rapidamente ganhou repercussão em nosso município. No texto, ele expunha uma denúncia contra a condução da Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Nova, sob o comando do então secretário e atual vice-prefeito, Dr. Daniel Saldanha. O conteúdo era polêmico e recheado de termos pejorativos. Segundo a publicação, embora fosse médico atuante, Daniel estaria deixando as decisões da pasta nas mãos de familiares — mais precisamente esposa e sogra — que, segundo o blog, “não possuem qualquer autorização legal para exercer essa função”.
Mais do que uma denúncia, o tom adotado na matéria causou estranheza: o secretário foi chamado de “Bobo da Corte”, retratado como um fantoche, enquanto as mulheres da família foram intituladas como “rainhas do poder”, em uma clara tentativa de humilhação pública e moral.
Porém, o que mais chama atenção é o que aconteceu depois. A matéria foi simplesmente excluída — tanto do site quanto do perfil no Instagram do jornalista. Nenhuma justificativa foi dada. Nenhuma retratação, nem mesmo uma nota de esclarecimento ao leitor. A denúncia desapareceu do ar como se nunca tivesse existido.
Eis que, pouco tempo depois,mais precisamento neste domingo, 29 de junho, o mesmo blog publica uma nova matéria — desta vez, com tom completamente oposto. Agora, Dr. Daniel Saldanha era apresentado como exemplo de atuação pública sem remuneração, alguém que exerceu a função de secretário por compromisso com o povo, sem receber salário, e que realizou atendimentos médicos ortopédicos para a população. Um verdadeiro servidor exemplar.
O que mudou em tão poucos dias? Os fatos ou a conveniência da linha editorial?
Não se trata aqui de defender ou atacar o vice-prefeito. Trata-se de apontar a incoerência de quem deveria exercer o jornalismo com responsabilidade e compromisso com a verdade. O que foi publicado no dia 17 era grave, e se havia fundamento, merecia apuração séria, provas concretas e direito de resposta. Já o apagamento silencioso do conteúdo, seguido da publicação de um texto enaltecendo o mesmo personagem, levanta suspeitas sobre a independência do veículo e os reais interesses por trás das publicações.
A sociedade precisa de uma imprensa livre, mas também ética e coerente. Uma imprensa que não se mova ao sabor dos ventos políticos, mas que seja firme, justa e transparente. O que vimos neste episódio foi o oposto disso: uma manipulação narrativa que, no mínimo, merece ser questionada. E que, mais do que nunca, nos faz repetir: onde está a ética no jornalismo?
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