Quarentena pode ser oportunidade
para restabelecer hábitos saudáveis
A obesidade infantil já é
considerada uma epidemia mundial. Além dos fatores genéticos, responsáveis por
70% das causas da obesidade, há também o estilo de vida da criança. As telas
dos smartphones e os vídeogames, aliados à baixa qualidade nutricional dos
alimentos consumidos e à falta de exercícios físicos, contribuem para que a
obesidade infantil atinja patamares assustadores.
Segundo dados divulgados pela
Organização Internacional World Obesity, atualmente cerca de 158 milhões de
crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos convivem com o excesso de peso, e
esse número deve aumentar para 254 milhões em 2030 em todo o mundo.
O Dia da Conscientização Contra a
Obesidade Mórbida Infantil, celebrado neste 3 de junho, pretende alertar sobre
os riscos da doença e os cuidados necessários para combater esse mal, que afeta
milhares de crianças no mundo.
A endocrinologista Lorena Lima
ressalta que a família precisa ser o grande aliada para a quebra crescente da
obesidade entre as crianças. “Não é proibir, mas colocar limites para ficar na
frente da televisão e dos celulares. Programar atividades com a criança que
gastem energia, como andar de skate, brincar de pega-pega, o que fazíamos
na nossa época de infância”, lembra a especialista, que é endocrinopediatra
pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela Universidade de São
Paulo.
Outro ponto que a médica enfatiza
é a questão alimentar. “Salgadinhos, muito doce, tudo isso é prejudicial. É
preciso oferecer frutas, folhas verdes, legumes. É uma troca, nem sempre muito
bem vista pela criança, mas que aos poucos faz toda a diferença na qualidade de
vida. E muito importante: a família deve dar o exemplo e se comprometer a
seguir a mesma alimentação, já que crianças seguem exemplos”, explica a médica.
Quarentena pode ser aliada
Com a pandemia de covid-19,
atividade física e alimentação saudável podem até parecer metas impossíveis.
Porém, podem ser uma boa oportunidade de criar bons hábitos. “Para muitos pais
que estão em home office, esse pode ser um momento ideal para se aproximar
da criança e criar hábitos saudáveis e, consequentemente, estreitar o
relacionamento de parceria e confiança”, sugere a doutora.
A especialista também dá as
seguintes dicas:
- Criança precisa de rotina,
inclusive na hora de comer. “Horários estabelecidos para as refeições ajudam a
diminuir a chance de escapar e comer aquele salgadinho”.
- Até para beber água é
importante ter uma rotina, fique atento a isso. A água pode inibir a
vontade de comer. Não beber água, pelo menos, 30 minutos antes das refeições.
- Outra estratégia é não comer
doces e salgadinhos direto do pacote. “Coloque em um pote uma quantidade
determinada para que não haja exagero!”.
- Comer um alimento de desejo de
vez em quando não é o problema, desde que isso não se torne rotina.
- Deixar frutas à disposição e ao
alcance da criança é uma ótima dica para incentivar a alimentação saudável.
Pediatras alertam
Com o confinamento, as crianças
acabam se exercitando menos e o consumo de produtos industrializados também
pode aumentar. Isso poderia nos levar a um número ainda mais elevado de casos
de obesidade infantil pós-pandemia, alerta a Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
O presidente do Departamento de
Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Rubens Feferbaum, concorda que
que essa condição é, na verdade, uma oportunidade para pais, cuidadores e
ensino escolar a distância de incentivá-las a terem maior contato com os
alimentos, visando à formação e manutenção de bons hábitos.
"A criança pode participar
do processo de elaboração das refeições, desde a higienização até o preparo
final – atividades que podem ser feitas por diferentes faixas etárias, sob a
coordenação de um adulto, e que incentivam práticas alimentares mais
saudáveis", diz o pediatra.
A Sociedade de Pediatria de São
Paulo alerta para o que não deve ser feito na alimentação infantil:
- Obrigar ou forçar a criança a
comer, o que pode gerar conflitos.
- Chantagear a criança. Exemplo:
“se comer todo o legume, vai ganhar a sobremesa”.
- Substituir o alimento recusado
por outro de preferência da criança.
- Desistir de oferecer o alimento
após poucas tentativas.
- Substituir a refeição por pães,
biscoitos, leite, em caso de inapetência.
- Obrigar o filho a terminar o
prato quando ele não quer mais ou não permitir que ele repita algo, quando pede
mais.
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