segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Robinson é alvo de novo inquérito por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa

O governador Robinson Faria é alvo de novo inquérito. Em desdobramento da Operação Anteros, que investiga possível tentativa de obstrução da Justiça por parte do governador do Rio Grande do Norte, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Raul Araújo acatou pedido da Procuradoria Geral da República para abertura de nova investigação contra Robinson por crimes de usura, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Governador Robinson Faria é investigado por supostos crimes relacionados à Assembleia (foto: Magnus Nascimento)

No despacho proferido pelo ministro nesta segunda-feira (13), o magistrado decide liberar a abertura de novo inquérito devido aos indícios de novos crimes praticados pelo governador. O material apreendido durante a Operação Anteros teria demonstrado a prática dos novos delitos, além da suposta prática de obstrução de Justiça, quando Robinson teria oferecido dinheiro em troca do silêncio da ex-procuradora-geral da Assembleia Rita das Mercês na investigação da operação Dama de Espadas, que apura fraudes com cargos fantasmas no Legislativo.
Segundo a PGR, o material apreendido na operação Anteros aponta que Robinson teria praticado os crimes de usura (cobrança de juros excessiva sobre dinheiro emprestado), lavagem de dinheiro (ocultar ou dissimular a origem e movimentação de dinheiro ou bens), peculato (quando um funcionário público se apropria de um bem ou dinheiro a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa) e organização criminosa (quando quatro ou mais pessoas se juntam para cometer crimes).
Ainda no despacho, o ministro Raul Araújo determina que seja oficiada a Superintendência da Polícia Federal do Rio Grande do Norte para promover oitivas de 12 ex-servidores da Assembleia Legislativa, além de solicitar também ao Legislativo informações referentes às nomeações, exonerações e remunerações dos servidores.

Em delação premiada, Rita das Mercês disse que Robinson recebia R$ 100 mil por mês no esquema criminoso (foto: Magnus Nascimento)
O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Robinson Faria, informou através de nota que o governador "sempre pautou a sua atividade política pela ética e correção" e que "está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos devidos e comprovar a lisura de seus atos". Também através de nota, a Assembleia Legislativa disse que ainda não foi notificada oficialmente sobre o pedido de informações de servidores feito pelo STJ.
Já a PGR disse que não poderia informar quais os indícios que justificaram a abertura da nova investigação contra o governador para não atrapalhar o inquérito em curso, assim como não seria possível informar o valor que teria sido desviado em prol da suposta organização criminosa. Através da assessoria de comunicação, a PGR explicou que não houve, até o momento, novo pedido para afastamento ou prisão do governador.
Obstrução
Robinson é suspeito de tentar obstruir a Justiça e influenciar o depoimento de Rita das Mercês à Justiça sobre a operação “Dama de Espadas”, onde o governador é apontado como um dos beneficiários no esquema de cargos fantasmas dentro da Assembleia Legislativa durante o período em que foi presidente da Casa. O caso é investigado na operação Anteros, que resultou na prisão de assessores de Robinson.
Segundo a ex-procuradora Rita das Mercês, Robinson teria recebido R$ 100 mil por mês durante o esquema e, após a operação Dama de Espadas, teria pago mesadas de R$ 5 mil a um filho de Rita, Gustavo Villaroel, para comprar o silêncio da ex-procuradora.
O material apreendido na operação, como mídias, smartphones e documentos, foram analisados e justificaram o novo inquérito. Entre o material estão cheques assinados pelo governador Robinson Faria, que estavam sob o poder de Adelson Freitas dos Reis e Magaly Cristina da Silva.
Afastamento
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Raul Araújo negou pedido da PGR para afastar do cargo o governador Robinson Faria do cargo. O magistrado é relator de denúncia por suposta obstrução de Justiça contra o chefe do executivo potiguar. Na decisão, o ministro disse que não acatou de imediato os pedidos, mas não há “de serem apreciados por ocasião do julgamento de recebimento da denúncia”.
O ministro Raul Araújo também não acatou, preliminarmente, pedido do MPF sobre a proibição do governador Robinson Faria entrar em contato com as pessoas de Magaly Cristina da Silva e Adelmo Freitas dos Reis, servidores da Assembleia que seriam intermediários de conversas com Rita das Mercês Reinaldo, Gustavo Vilarroel Navarro Júnior e Pedro Lima de Medeiros Dantas, bem como réus e testemunhas em duas ações penais em tramitação na Justiça Estadual.

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