domingo, 17 de julho de 2016

Por que a França tem sido alvo de tantos ataques?

Fonte: BBC BRASIL
Pessoas prestam homenagem a vítimas de ataque com caminhão na Promenade des Anglais
A França é um dos países ocidentais que mais têm sido alvo de atentados ligados ao radicalismo islâmico nos últimos tempos. Apenas em 2015, o terrorismo matou 149 pessoas e deixou centenas de feridos, segundo dados do parlamento francês.
Isso sem contar os vários projetos de atentados interceptados a tempo pelos serviços de inteligência do país: mais de dez desde os ataques de janeiro de 2015, de acordo com as autoridades.
Em março deste ano, por exemplo, a polícia prendeu um suspeito nos arredores de Paris que detinha um importante arsenal de armas de guerra, dezenas de quilos de material explosivo e milhares de bolinhas de aço, que ampliam o impacto destrutor de bombas.
Na noite desta sexta-feira, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou que o autor do atentado na noite de quinta-feira em Nice, o franco-tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, "é, sem dúvida, ligado ao islamismo radical". Na manhã deste sábado o grupo autointitulado Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pela atrocidade.
"A França é hoje, claramente, o país mais ameaçado. Um dos números da revista em francês do Estado Islâmico, Dar al Islam, tinha a manchete: 'Que Alá amaldiçoe a França'", afirmou Patrick Calvar, diretor-geral do Departamento Geral de Segurança Interna (DGSI) da França, o serviço de inteligência do país, a uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os atentados de 2015.
Há várias razões que explicam por que a França se tornou um alvo constante de ataques.
A primeira delas são as recentes operações militares em países como a Síria e o Iraque, contra o Estado Islâmico, e no Mali, que também visam radicais islâmicos.
Outra razão é o fato de a França ter a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, o que corresponde a quase 10% de sua população.
Essa população imigrante ou nascida na França de origem estrangeira sofre há décadas problemas de integração e é, em boa parte, desfavorecida socialmente.
Residem em áreas que concentram uma população imigrante de baixa renda, o que cria verdadeiros guetos e favorece o comunitarismo, acirrando o sentimento de exclusão social.
Nessas periferias consideradas problemáticas, as taxas de desemprego são maiores do que a média nacional.
Há várias razões que explicam por que a França se tornou um alvo constante de ataques.
A primeira delas são as recentes operações militares em países como a Síria e o Iraque, contra o Estado Islâmico, e no Mali, que também visam radicais islâmicos.
Outra razão é o fato de a França ter a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, o que corresponde a quase 10% de sua população.
Essa população imigrante ou nascida na França de origem estrangeira sofre há décadas problemas de integração e é, em boa parte, desfavorecida socialmente.
Residem em áreas que concentram uma população imigrante de baixa renda, o que cria verdadeiros guetos e favorece o comunitarismo, acirrando o sentimento de exclusão social.
Nessas periferias consideradas problemáticas, as taxas de desemprego são maiores do que a média nacional.
Lei da laicidade
O modelo do multiculturalismo adotado em outros países europeus não é aplicado na França em razão da lei da laicidade, de 1905, que determina a separação entre o Estado e a Igreja.
Dessa forma, o Estado francês não pode oferecer serviços públicos específicos para determinada comunidade religiosa ou financiar a construção de mesquitas.
Foi com base nessa lei que foi aprovada, em 2004, a proibição de usar símbolos religiosos nas escolas públicas ou ainda, em 2010, o uso do niqab (véu islâmico que deixa apenas os olhos à mostra). Orações em grupo nas ruas foram proibidas em 2011.
Quando essas leis foram aprovadas no país, líderes de grupos islâmicos radicais proferiram ameaças contra o país.
A lei da laicidade sempre suscita discussões polêmicas na França, como a questão de servir ou não carne de porco (não consumida por muçulmanos) nas cantinas escolares.
A cultura laica do Estado francês é utilizada por radicais islâmicos como uma espécie de arma de propaganda para reafirmar a identidade muçulmana e reforçar, ao mesmo tempo, o sentimento de exclusão de muitos jovens.
"Nós sabemos que o Estado Islâmico planeja novos ataques e que a França é claramente visada", ressaltou Calvar aos parlamentares.


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