terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Falha em comunicação barra transferência e idosa que esperava leito de UTI morre em Mossoró


Maria do Socorro Alves Felipe, 69 anos, morreu após esperar dois dias por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na UPA do Alto de São Manoel, em Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte. A morte ocorreu apesar de haver vagas disponíveis em outras unidades hospitalares da rede estadual. ​O secretário de Estado da Saúde Pública (Sesap), Alexandre Motta, admitiu que o erro ocorreu por falha de comunicação entre o município e o Estado.

“Na verdade, houve uma falha de comunicação da equipe de regulação de Mossoró, que é quem faz essa parte, assim como houve um problema com a equipe do Hospital Tarcísio Maia ao receber essa informação”, afirma Motta, em vídeo publicado nas redes sociais. Segundo o secretário, havia vaga disponível para o atendimento da paciente em outros hospitais da rede estadual.

Motta reconheceu a gravidade da falha no sistema e lamentou o ocorrido: ​“A gente compreende que nenhuma família merece passar por isso. É preciso melhorar os fluxos, tanto do Estado quanto da regulação de Mossoró, para que essas informações não prejudiquem um eventual atendimento, como foi esse o caso “, declarou.

Ele afirmou ainda que a Sesap irá procurar a Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró para revisar e aprimorar os mecanismos de comunicação e regulação de leitos. O objetivo da medida é evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer.

Entenda o caso

De acordo com a neta de Maria do Socorro, Maria Rafaela, a idosa realizava acompanhamento médico constante, por causa da idade. Em uma das consultas descobriu complicações na saúde, especialmente nos rins. “Ela procurou o médico por alguns sintomas que estava se queixando. Nisso, foi descoberto pedra nos rins e vesícula inflamada”.

Inicialmente, o tratamento foi feito na rede privada, também em Mossoró. Porém, de acordo com a neta, houve negligência médica na prescrição da medicação. “O médico não se importou com o problema dos rins e passou um medicamento muito forte para a vesícula, que resolveu a inflamação, mas também comprometeu ainda mais os rins, mesmo resolvendo a inflamação”.

Na sexta-feira (12), o funcionamento dos rins da avó estava estimado em 10%, já necessitando de internação e leito de UTI. “Eles disseram que não havia vagas, nenhuma vaga para ela”, afirmou.

Além disso, a idosa precisava também de um tomografia que deveria ser realizada no no Hospital Tarcísio Maia, mas não havia transporte apropriado para a locomoção da paciente. “Nós esperamos por duas horas uma ambulância e decidimos levar de carro próprio mesmo. Se não fosse assim, talvez ela nem tivesse feito essa tomografia”.

No dia seguinte, sábado (13), os rins da idosa estavam com apenas 5,5% de funcionamento, de acordo com Rafaela. “Minha mãe foi lá conversar com a médica, falar que estava preocupada e falaram que não podiam fazer nada, apenas esperar a vaga da UTI”, relata a neta.

Na noite do mesmo dia, por volta da 0h30, Maria do Socorro apresentou piora. Para Rafaela, os profissionais não demonstraram dar a atenção necessária para o caso. “Os médicos só queriam olhar saturação, glicose e pressão, se isso estivesse normal eles falavam que estava tudo bem, mesmo ela reclamando de falta de ar e agonizando em cima da cama”, contou.

No domingo (14), por volta das 2h da manhã, Maria do Socorro entrou na sala vermelha e chegou a ser entubada para aguardar a UTI, mas por volta das 5h47 os médicos comunicaram a morte.

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