terça-feira, 10 de junho de 2025

RN tem uma vítima de trânsito internada a cada 22 minutos


Os acidentes de trânsito em todo o Rio Grande do Norte já provocaram mais de 8,4 mil atendimentos em hospitais do início do ano até o dia 15 de maio, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). Ou seja, a cada 22 minutos uma vítima precisa de socorro médico. Os números impressionam ainda mais quando avaliados ao longo da década. De 2015 a 2024, as internações hospitalares por sinistros deste tipo tiveram um salto de 175,5% (de 1.912 para 5.269), totalizando 37.185 hospitalizações.

“É urgente melhorar a educação no trânsito, adotar iniciativas eficientes para reduzir os acidentes. No entanto, há outra medida urgente a ser discutida, que é a necessidade de se criar algum mecanismo de amparo às vítimas de trânsito. Muitas ficam completamente desassistidas, fragilizadas e abandonadas à própria sorte, sem qualquer auxílio durante o período de recuperação”, diz Lucio Almeida, presidente do CDVT – Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito, ong sem fins lucrativos, com atuação em todo o território nacional.

Ainda se recuperando de um capotamento após uma colisão com uma carreta, o ajudante de obras Josivan Roberto da Silva, de 38 anos, sofreu diversas fraturas. O acidente foi em novembro de 2024, em Mossoró, e ele ainda faz uso de um colar cervical, além de tomar medicamentos que ajudam a aliviar as dores. Afastado de suas atividades, não sabe quando poderá voltar ao trabalho e em quais condições. “Não sei mais se poderei voltar a fazer tudo que podia, como antes do acidente”, diz Josivan, psicologicamente abalado.

Para reverter essa situação, representantes do CDVT têm discutido a criação de um novo seguro para vítimas de acidentes de trânsito com algumas autoridades, em Brasília. “Temos procurados apoio de deputados, senadores e ministros que compreendem a urgência dessa pauta, para que possam nos representar nessa luta. O Brasil tem um dos trânsitos mais violentos do mundo e não podemos mais permitir que as pessoas, principalmente os mais desfavorecidos, fiquem desamparadas pelo estado”, complementa Almeida.

A política de um seguro obrigatório não é uma inovação recente. Iniciou-se em 1929 na Suécia, transformando-se num modelo que se estende atualmente por diversos países, inclusive nos menos desenvolvidos ou economicamente inferiores ao Brasil. No Peru, Equador ou Venezuela, por exemplo, as vítimas são cobertas pelo SOAT (Seguro Obrigatório de Acidentes de Trânsito), que cobre despesas médicas e hospitalares, independentemente de quem seja o culpado pelo acidente.

“Seja motorista, passageiro ou pedestre, todos têm direito a um respaldo digno em caso de acidente. Portanto, não podemos mais tolerar que sejam tratados com todo esse descaso”, conclui o presidente do CDVT.

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