quinta-feira, 19 de junho de 2025

Conheça a nova barragem, recentemente inaugurada no Nordeste: Custou R$ 893 milhões e tem capacidade para 742 milhões de metros cúbicos

Uma longa faixa de concreto com quase cinco quilômetros atravessa a paisagem árida da caatinga potiguar. Esse é o novo cenário da região do Seridó, no Rio Grande do Norte, onde foi inaugurada recentemente a Barragem de Oiticica, um dos maiores empreendimentos hídricos do estado.
Após 12 anos de obras e décadas de planejamento, o reservatório entra em operação com capacidade para beneficiar até dois milhões de pessoas.

Uma obra que atravessa gerações

A ideia de construir a barragem surgiu ainda em 1952, quando o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) elaborou o primeiro projeto.

No entanto, apenas em 2013 as obras tiveram início oficial. Foram muitos anos marcados por desafios técnicos, entraves burocráticos e protestos de comunidades locais.

Durante a execução, o projeto passou por diversas adaptações para atender às necessidades da população atingida.
A construção mobilizou 249 trabalhadores ao longo de mais de uma década. Parte essencial do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), a Barragem de Oiticica foi finalmente inaugurada no dia 19 de março de 2025.

Água para o semiárido

A estrutura foi construída no leito do Rio Piranhas-Açu, no município de Jucurutu.

A barragem tem como principal finalidade garantir a segurança hídrica do Seridó, região conhecida pelas longas estiagens e clima semiárido.

Segundo o Dnocs, o reservatório pode abastecer até 2 milhões de pessoas e já beneficia diretamente 294 mil moradores de 22 municípios.

Atualmente, o reservatório está com 10% de sua capacidade total, acumulando cerca de 74,7 milhões de metros cúbicos de água. Com o fechamento do trecho central e a conclusão do vertedouro, sua capacidade total passou de 75,56 milhões para 742 milhões de metros cúbicos.

Em termos financeiros, a obra recebeu R$ 893 milhões em valores históricos. Desse total, R$ 161 milhões vieram do Novo PAC. Em 2024, o Governo Federal investiu R$ 46 milhões para concluir os 5% restantes da obra.

Desenvolvimento para a região

A barragem vai impulsionar diversas atividades econômicas no Seridó.

Está prevista a revitalização de 750 hectares nos perímetros irrigados de Itans, Sabugi e Cruzeta.

Também será implantado o perímetro irrigado do Mendubim, com cerca de 3 mil hectares. Além da agricultura, a estrutura deve fomentar a piscicultura, a geração de energia elétrica e o turismo.

A nova barragem é agora o segundo maior reservatório do estado, ficando atrás apenas da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves.

Sua operação será fundamental para o equilíbrio hídrico do semiárido potiguar e para a convivência com os efeitos das mudanças climáticas.

Impacto social e reassentamento

A construção exigiu o reassentamento de cerca de 4 mil pessoas, entre elas os moradores da antiga comunidade de Barra de Santana.

Eles foram transferidos para a Nova Barra de Santana, vila construída próxima à parede da barragem, com moradias, escola, posto de saúde e áreas de lazer.

A transição não foi fácil. Durante o processo, houve protestos e mobilizações dos moradores, que reivindicavam melhores condições de moradia antes da mudança. Após anos de negociação, a nova vila foi entregue em 2022.

Além disso, o Complexo Oiticica abrange outras obras, como a Agrovila de Jucurutu, já entregue, e as Agrovilas de Jardim de Piranhas e de São Fernando, ainda pendentes. Também está prevista a construção da Adutora do Agreste Potiguar, cuja ordem de serviço já foi assinada.

Reforço ao Projeto de Integração do São Francisco

A importância estratégica da Barragem de Oiticica também se destaca por sua ligação direta com o Projeto de Integração do Rio São Francisco.

A barragem ajuda a distribuir as águas do São Francisco de forma mais eficiente, garantindo segurança hídrica não apenas ao Rio Grande do Norte, mas a toda a região do semiárido nordestino.

A tomada d’água da Transposição do São Francisco já foi concluída como parte do Complexo Oiticica. Essa conexão fortalece o papel do reservatório no abastecimento das comunidades e no controle de enchentes.

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