
Foi anunciada hoje a morte do apresentador Gugu
Liberato, aos 60 anos, após sofrer um acidente doméstico na quarta-feira, nos
Estados Unidos. Ainda não se sabe ao certo o que ocorreu, a não ser que ele
caiu de uma altura de cerca de quatro metros, em sua casa, em Orlando, e bateu
a cabeça, ferindo-se gravemente. Há uma versão que diz que ele estaria
colocando a decoração natalina, outra afirma que ele estaria tentando arrumar um
ar condicionado.
A residência fica em Celebration,
região próxima aos parques da Disney, e havia sido sido comprada pelo
apresentador recentemente. Ele foi socorrido e levado ao hospital Orlando
Health. Na sexta, um neurocirurgião brasileiro foi chamado pela família e
viajou para os Estados Unidos; seu nome não foi divulgado.
Desde quinta-feira, havia boatos a
respeito de morte de Gugu. Muitos famosos chegaram a lamentar publicamente o
ocorrido, em suas redes sociais, mas a assessoria do apresentador divulgou uma
nota à noite afirmando que ele seguia internado na UTI do hospital e que
permanecia vivo.
Gugu teve três filhos com a médica
Rose Miriam Di Matteo: João Augusto (18 anos) e as gêmeas Marina e Sofia (15
anos). Todos estavam nos Estados Unidos. A mãe do apresentador, de 90 anos, e
outros familiares, além do diretor Homero Salles, viajaram na manhã desta
quinta-feira para Orlando.
A notícia da queda havia sido confirmada no início
da tarde pela assessoria do artista, por meio de um comunicado:
"Informamos que nesta quarta-feira, 20, o
apresentador Gugu Liberato sofreu um acidente em sua casa, em Orlando, e
encontra-se internado em observação por 48 horas."
Atualmente, Gugu apresentava na Record, às
quartas-feiras, o reality show "Canta Comigo", que terá a sua final
no dia 4 de dezembro. O programa já está inteiramente gravado. Os próximos
compromissos do animador na emissora seriam o especial Família Record e o
reality de casais Power Couple.
Cartas para Silvio Santos
Antônio Augusto de Moraes Liberato nasceu em São
Paulo, em 10 de abril de 1959. Filho dos portugueses Maria do Céu e Augusto
Claudino Liberato, Gugu trabalhou na televisão desde a adolescência e foi
apontado como o sucessor de Silvio Santos.
Com apenas 14 anos, Gugu começou a carreira enviando
cartas para Silvio com sugestões de quadros e gincanas. Prestes a fazer
aniversário, o apresentador o contratou para trabalhar ao lado dele em seus
programas.
"Eu ia fazer 15 anos no mês em que entrei lá.
Fiquei de 1974 a 2009, foram 38 anos. Antes de trabalhar em frente às câmeras,
eu trabalhava com ele no palco, na produção. Tudo o que sei foi ele que me
ensinou", recordou Gugu em entrevista ao Programa do Porchat, na Record,
em 2017.
O apresentador chegou a cursar odontologia, mas
desistiu a pedido de Silvio, que investiu em seu pupilo a ponto de bancar um
curso de jornalismo para ele na Faculdade Cásper Líbero.
De
auxiliar de produção, Gugu se tornou apresentador do Sessão Premiada, em 1981,
no SBT. No ano seguinte, estreou seu primeiro programa de sucesso, Viva a
Noite, formato argentino encomendado por Silvio. Durante dez anos, foi uma das
maiores audiências da TV nas noites de sábado.
Na época,
Gugu já era chamado de "novo Silvio Santos", rótulo que ele
rejeitava. "Silvio não é apenas um apresentador. Ele é um gênio, e os
gênios são insubstituíveis", afirmou em entrevista à revista Veja, em
1983.
No Viva a
Noite, Gugu fazia gincanas com famosos e promovia concursos curiosos, como
Rambo Brasileiro. Em um dos quadros mais famosos, Sonho Maluco, Gugu atravessou
um túnel de fogo e, mesmo com trajes adequados, sofreu queimaduras graves no
corpo.
A atração
semanal também divulgou à exaustão o conjunto musical Menudo. Inspirado nos
garotos portorriquenhos, Gugu criou a Promoart e lançou grupos como Polegar,
Dominó e Banana Split. Também investiu em sua própria carreira de cantor, com
hits como Docinho, Docinho e Baile dos Passarinhos, que encerrava o Viva a
Noite.
A quase ida para a Globo
Em 1987,
no auge do Viva a Noite, uma notícia abalou os bastidores da televisão: a Globo
contratou Gugu Liberato. Recuperando-se de uma cirurgia nas cordas vocais,
Silvio Santos conseguiu reverter o acordo indo pessoalmente à sede da emissora
carioca. E trouxe seu pupilo de volta ao SBT.
"O
Boni [vice-diretor de operações da Globo] me chamou, fizemos um contrato e
acabei assinando com a Globo, que me prometeu um programa aos domingos e vários
formatos. Fizeram cenário, estava tudo pronto para estrear. Silvio me chamou:
'Eu queria que você não fosse para a Globo, porque estou com um problema de
garganta e talvez eu não possa fazer o meu programa. Eu quero que você fique e
divida o domingo comigo", relembrou Gugu a Porchat.
Promovido
aos domingos, Gugu apresentou uma série de game shows, como Passa ou Repassa,
Cidade Contra Cidade, TV Animal, Nações Unidas, Corrida Maluca e Roletrando.
Aos sábados, o Viva a Noite foi substituído pelo Sabadão Sertanejo, que virou
Sabadão e, mais adiante, Disco de Ouro.
Domingo Legal
Em 17 de
janeiro de 1993, Gugu Liberato estreou seu programa de maior sucesso: Domingo
Legal. Sob o comando do apresentador durante 16 anos, a atração fez história
com quadros eternizados na TV, como Táxi do Gugu, Gugu na Minha Casa e Banheira
do Gugu, com famosos se digladiando em uma banheira à procura de sabonetes.
O Domingo
Legal acumulou vitórias contra o Domingão do Faustão entre 1997 e 2002, e a
guerra por audiência colocou os apresentadores em clima de rivalidade (Gugu
chegou a "nocautear" o global em uma campanha do SBT). Em 2003,
porém, eles se uniram de maneira inédita na TV durante a campanha Junta Brasil,
da Nestlé, em que um conversava com o outro ao vivo.
No
Domingo Legal, Gugu conheceu o auge e o declínio. A Banheira precisou mudar de
horário por imposição do Ministério da Justiça. O ator Thiago Lacerda o
processou por ter leiloado uma suposta sunga usada por ele.
A pior
mancha da carreira de Gugu foi ao ar em 7 de setembro de 2003, quando dois
supostos criminosos da facção criminosa PCC deram uma entrevista ao programa e
ameaçaram de morte o então vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e três
apresentadores de programas policiais: José Luiz Datena (Band), Marcelo Rezende
(Rede TV!) e Oscar Roberto Godói (Record). Eles ainda assumiram a tentativa de
sequestro do padre Marcelo Rossi, um dos melhores amigos de Gugu, ocorrido uma
semana antes.
Pouco
depois de o programa ir ao ar, a própria facção desmentiu que os homens
fizessem parte do grupo. Gugu virou alvo de investigações e disse não saber da
farsa —segundo ele, teria confiado no relato do repórter Wagner Maffezoli. A
audiência do Domingo Legal perdeu fôlego, e o apresentador decidiu, enfim,
deixar o SBT após mais de três décadas ao lado de Silvio Santos.
Contrato com a Record
Em junho
de 2009, Gugu trocou o SBT pela Record, em uma das negociações mais caras da TV
até então. O apresentador, recebendo R$ 3 milhões mensais, passou a disputar
audiência com o ex-patrão. A investida não foi bem-sucedida e, após queda de
audiência e troca de horário, Gugu anunciou o fim de seu programa, em junho de
2013.
Pela
primeira vez em mais de 30 anos, decidiu ficar fora da televisão. Em 2014, o
apresentador tirou um ano sabático. Após ter rescindido seu contrato milionário
com a Record, Gugu retornou à emissora em 2015, mas como sócio, dividindo os
custos de produção e utilizando os estúdios de sua empresa audiovisual, a GGP.
O Programa Gugu, apresentado às quartas-feiras, investiu em reportagens e tinha
direção do departamento de jornalismo da casa.
A
atração, exibida ao vivo, ficou marcada por entrevistas polêmicas, como a que
ele fez com Suzane von Richthofen, e a reportagem que mostrou a abertura do
túmulo de Dercy Gonçalves.
Nos últimos dois anos, Gugu
passou a apresentar reality shows e comandou duas edições do Power Couple
Brasil e duas do Canta Comigo.
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