sábado, 7 de fevereiro de 2015

Barragem Armando Ribeiro Baixa 1,3 bilhão de litros d’água/dia

Com as cheias de 2011, estruturas de contenção de água foram destruídos e ainda não recuperados. A recuperação de todos os trechos, incluindo os canais, custaria R$ 15,8 milhões
Somente nos primeiros 37 dias de 2015, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves perdeu 1,3 bilhões de litros de água por dia. Entre 31 de dezembro e 31 de janeiro, a barragem secou em 41 bilhões de litros. Somada à ausência de chuvas no interior do Rio Grande do Norte, a falta de controle do Estado sobre o uso dos mananciais, bem como vazamentos no sistema de distribuição, são fatores que contribuem com o encolhimento dos níveis de reserva.
Em dezembro, o índice diário de evaporação foi ainda maior: 1,6 bilhões de litros por dia. “A evaporação é proporcional ao tamanho do espelho d’água. A média de evaporação é de 7 milímetros por dia, em média”, afirma o professor de recursos hídricos da UFRN João Abner Guimarães. “A água em um pires evapora mais rápido do que em uma xícara, pois o volume é menor. Quanto maior a lâmina de água, maior o índice de evaporação”, compara Joana D’arc, especialista em recursos hídricos.

PlanoA barragem faz parte da bacia hidrográfica Curema-Mãe D’água, que corta os estados do RN e Paraíba. O rio, portanto, é federalizado, e a gestão da vazão dispensada pelas comportas é da Agência Nacional de Águas (ANA). Quando construída, na década de 1980, tinha como foco a perenização do Rio Piranhas-Açu para o abastecimento do perímetro irrigado do Baixo Açu, mas o canal de 9km da barragem também é responsável pela perenização do rio Pataxó e de outros afluentes.
Um dos problemas para a manutenção de um sistema complexo como a Armando Ribeiro é a divisão de competências. Hoje, ANA, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca e Estado dividem a responsabilidade sobre a distribuição das águas. Com o Estado, ficou a manutenção do Canal do Pataxó, que faz a transposição das águas da Armando Ribeiro para o Rio Pataxó. Já o Dnocs, com a gestão sobre o perímetro irrigado do Baixo Açu.

Entretanto, nas últimas três décadas desde a construção da barragem, nenhum dos canais do sistema passou por qualquer tipo de manutenção. Vazamentos são encontrados, segundo o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, no sistema de distribuição de água nos perímetros irrigados do Baixo-Assú. A recuperação custaria R$ 15,8 milhões.

“O recurso pedido ao Ministério da Integração não foi veio. Existem vazamentos. Claro que, de uma maneira geral, não é causa de a barragem estar no nível que está. Mas se reduzimos 40% do consumo com os hidrômetros, sem os vazamentos seriam mais 5%”, avalia José Eduardo Alves Wanderley, coordenador estadual do DNOCS.

Na última sexta-feira, a ANA apresentou ao Estado os traçados de um plano para gestão da bacia do Piranhas-Açu. Nas ações, revisão dos direitos de outorga, cadastramento de usuários, interligação de reservatórios e construção de adutoras: R$ 3,6 bilhões de investimentos necessários para RN e Paraíba. Os recursos ainda não estão garantidos. “Não temos datas ainda (para implantação). A aprovação do plano pelo Comitê de Bacias é o primeiro passo porque saberemos quais obras iniciar”, afirma Mairton França, secretário estadual de recursos hídricos.

Nenhum comentário :

Postar um comentário