Uma auditoria do Tribunal de Contas da União, feita em parceria com
tribunais de Contas dos estados, indica que carência de 32 mil
professores com formação específica nas 12 disciplinas obrigatórias do
nível médio. Para o relator da auditoria, ministro Valmir Campelo, o
problema poderia ser solucionado com uma boa gestão. Física, química e
sociologia são as áreas mais carentes de professores.
Na auditoria, constatou-se que há 61 mil professores concursados fora
das salas de aula por estarem cedidos a órgãos diversos. Destes, 5 mil
estão trabalhando fora da área de educação. Além disso, há cerca de 46
mil professores na rede pública estadual que não têm formação específica
em nenhuma das 12 disciplinas obrigatórias. “Parte dos problemas
encontrados poderia ser solucionada com uma boa gestão, e essa gestão
pode estar dentro do próprio estado”, disse Campelo.
A rede pública estadual de ensino médio do país, com a exceção de São
Paulo e de Roraima, que não participaram da auditoria, conta com 396 mil
professores. Quase 30% deles são temporários, o que, segundo Campelo, é
“um percentual expressivo de um tipo de contratação que deveria ser
excepcional”. No Espírito Santo, o índice sobe para 67% e, em Mato
Grosso, para quase 65%.
Valmir Campelo ressaltou que, enquanto os 34 países da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), investem em média US$
9.322 por estudante do ensino médio, no Brasil, o investimento está em
US$ 2.148.
Entre março do ano passado e fevereiro deste ano, representantes dos
tribunais estaduais visitaram 580 escolas de ensino médio em todo o
país, com exceção de São Paulo e Roraima, que não quiseram participar da
auditoria.
Foram avaliados aspectos relativos a quatro eixos: cobertura,
professores, gestão e financiamento do ensino médio. Também foram objeto
de análise aspectos relativos à oferta de vagas, à disponibilidade e
formação de professores, à gestão das redes de ensino e das escolas e à
qualidade e veracidade das informações sobre o financiamento do ensino
médio no Brasil.
Com a fiscalização, foi possível identificar que não há definição de
padrões mínimos de qualidade de ensino, conforme estipula a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
O levantamento também levou à conclusão de que as informações
declaradas pelos governos estaduais no Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Educação divergem, até significativamente em
alguns casos, das informações de outras fontes de dados de execução
orçamentária. Desta forma, podem não refletir os gastos feitos na área.
Aprovado o relatório, TCU determinou que o Ministério da Educação (MEC)
apresente um plano de ação que inclua a elaboração de um modelo
avaliativo que permita analisar a qualidade do ensino médio por escola e
também a regulamentação de padrões mínimos de qualidade de ensino, de
forma que se possa definir um valor mínimo por aluno que assegure um
ensino de qualidade e sirva de parâmetro orientador da complementação da
União ao estado. O tribunal informará ao MEC e às secretarias estaduais
de Educação quais são as principais deficiências encontradas na
auditoria, como o déficit de professores nas redes estaduais do ensino
médio.
O TCU e os demais tribunais envolvidos na auditoria irão fazer
determinações, que acarretam obrigação legal, e recomendações, aos
estados e irão acompanhar a execução.
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