sábado, 13 de fevereiro de 2021

Rio Grande do Norte e outros estados correm risco de ter vacinação contra covid suspensa por falta de doses

 

O Rio Grande do Norte e outros estados poderão suspender temporariamente a vacinação contra a covid-19 por falta de novas doses, segundo a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Alessandra Lucchesi. O alerta foi feito nesta sexta-feira (12), em entrevista à Jovem Pan News Natal. De acordo com Lucchesi, ainda não há previsão para a chegada de um novo lote de vacinas ao Rio Grande do Norte, o que pode acarretar numa interrupção do processo de aplicação do imunizante, que teve início na segunda quinzena de janeiro. O Governo Federal ainda não confirmou quando novas doses serão disponibilizadas aos estados e, até o momento, só há doses disponíveis no estado para as primeiras prioridades.

Créditos: Elisa Elsie
Alerta foi feito pela subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi
Alerta foi feito pela subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi

Na entrevista. Alessandra Lucchesi explicou que há a escassez em todo o país do imunizantes e que o problema não é exclusivo do Rio Grande do Norte. “As especulações que estão surgindo entre as unidades federadas são de um possível recebimento após o dia 23 (de fevereiro), mas não há nenhuma informação oficializada pelo Ministério da Saúde. Pelo quantitativo que nós recebemos, é muito provável que isso aconteça (interrupção da vacinação)”, confirmou Lucchesi durante a entrevista. A incerteza quanto à chegada de novas doses ao Estado tem a ver com a indisponibilidade da vacina (Coronavac) no País. “Nós temos um problema muito sério em nível nacional, que é a não disponibilidade desse insumo. E trabalhar em uma campanha de vacinação onde você não tem uma projeção de quantas doses vai receber e nem como operacionalizar, realmente é uma angústia muito grande que todas as unidades da federação têm vivenciado”, desabafou Lucchesi.

A situação, além de afetar o Rio Grande do Norte, está afetando outros estados. De acordo com um levantamento realizado pelo jornal O Estado de São Paulo, Florianópolis, Rio de Janeiro, Cuiabá, Curitiba, Aracaju e Salvador já têm a confirmação de que as doses disponíveis acabarão antes da chegada de novo lote das vacinas.

Na noite desta sexta-feira (12), pouco antes do fechamento desta reportagem, o Rio Grande do Norte havia vacinado 74.286 pessoas, de acordo com o portal RN+ Vacina, do Governo do Estado. O número corresponde a 28,3% da estimativa feita pela Sesap (261.910 potiguares vacinados) para essa fase da imunização.

Créditos: PAULO GUERETA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Estados se unem e pressionam o Ministério da Saúde para liberação de mais lotes das vacinas
Estados se unem e pressionam o Ministério da Saúde para liberação de mais lotes das vacinas

Apesar da provável suspensão temporária, Lucchesi garante que as doses que já chegaram ao Estado são suficientes para imunizar os idosos do 1º grupo, que compõem o público-alvo da atual fase de vacinação (aqueles com mais de 75 anos e que estão acamados, e também os que têm 90 anos de idade ou mais). “Nesse momento, precisamos fazer a priorização dos grupos. A partir dos dados que nós temos, de uma forma estimada ou aproximada, o quantitativo de doses enviadas aos municípios consegue sim, vacinar 100% dos idosos acima de 75 anos acamados e também os que fazem parte do grupo de 90 anos ou mais”, assegurou a subcoordenadora.

Leitos
Alessandra Lucchesi também comentou sobre o aumento no número de ocupação de leitos críticos no sistema de saúde do RN, que superou os 80% no início desta semana. Antes disso, a média de ocupação desses leitos se mantinha na casa dos 60%. Lucchesi atribui a elevação nos índices de internação à mudança no comportamento social dos potiguares. “Está diretamente associado ao comportamento social que nós vivenciamos. Infelizmente, a população cansou e não tem mais adotado as medidas protetivas, como higienização das mãos com frequência e utilização do álcool em gel. E tem também a máscara, que muita gente usa no queixo”, frisou.

A subcoordenadora citou ainda a hipótese de haver a circulação de uma cepa do coronovírus no Rio Grande do Norte e que pode ser a causa do aumento na quantidade de internações registrada recentemente. Já há casos da nova linhagem, identificada inicialmente em Manaus (AM), em circulação na Paraíba. No Rio Grande do Norte, ainda não existem registros oficiais.

“Nós temos acompanhado e monitorado o recebimento dos pacientes do Amazonas, obviamente. Nós ainda esperamos o resultado dos laudos para saber se há circulação da nova variante. Já temos a confirmação de novos casos na Paraíba, então, fica essa interrogação se há circulação dessa nova cepa”, ressaltou Lucchesi. Todos os pacientes transferidos do Amazonas para tratamento no Rio Grande do Norte tiveram material recolhido para análise sobre a presença de uma possível nova cepa. Mas, de acordo com Alessandra Lucchesi, ainda não há previsão de quando esses resultados ficarão prontos. “O laboratório de referência nesses casos não nos deu um prazo e algumas amostras, às vezes, não se tornam viáveis para finalizar o processo (de análise de identificação de uma nova cepa)”, explicou.

Estado pele ampliação de vacinação
A governadora Fátima Bezerra (PT), sugeriu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que a ampliação da oferta de vacinas e a liberação de recursos para ampliar a assistência pública de saúde, com a aquisição de insumos e o retorno do auxílio emergencial, integrem a pauta do Congresso Nacional neste início de ano. Fátima também pediu maior rapidez no fornecimento de doses aos Estados. As solicitações foram feitas durante reunião virtual do Fórum dos Governadores do Brasil nesta sexta-feira (12).

“O Brasil demorou a iniciar a vacinação e o faz de forma lenta. Neste momento, a pandemia recrudesce e precisamos acelerar a vacinação. Ainda estamos em parte da vacinação dos idosos e não chegamos ainda à faixa dos 80 anos. E eles são os mais vulneráveis. É preciso também incluir os profissionais da Educação como grupo prioritário para que possamos retornar às atividades presenciais, até porque os alunos estão há um ano em atividade remota e isso gera prejuízos que aprofundam as desigualdades sociais", argumentou a governadora.

Fátima também solicitou a intervenção do presidente do Senado para que o Ministério da Saúde defina um calendário de entrega de vacinas com maior quantidade de doses. “Precisamos acelerar o Plano Nacional de Imunização. Os prazos anunciados não foram cumpridos", afirmou para citar que apenas 2% da população brasileira foi vacinada até agora. A chefe do Executivo estadual registrou também que a Lei que instituiu calamidade pública devido à pandemia da covid-19 expirou em 2020. “Mas a pandemia não acabou, continuamos perdendo vidas. Há 15 dias solicitamos uma reunião com o Ministério da Saúde e esta reunião ainda não aconteceu", disse, para em seguida externar sua confiança no desempenho de Rodrigo Pacheco como presidente do Senado.

Promessa
Rodrigo Pacheco prometeu intermediar junto ao governo federal em favor das reivindicações dos governadores. Também presente à reunião, o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, se comprometeu a tratar dos pleitos junto aos ministros da economia, Paulo Guedes, e da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

Pandemia no RN
148.199 casos confirmados

338.535 casos descartados

88.473 casos suspeitos

3.392 óbitos confirmados

7338 óbitos descartados

628 óbitos em investigação

Fonte: Sesap/RN – Boletim 293

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