quinta-feira, 27 de junho de 2019

16ª Sessão Ordinária do 1º Período Legislativo de 2019

A imprensa espanhola confirmou, a partir de informações da Guarda Civil do país, a identidade do militar brasileiro preso na terça-feira, 25, com 39 quilos de cocaína no Aeroporto de Sevilha, na Espanha. Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, é segundo-sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) e viajava num avião reserva da FAB que daria suporte ao avião oficial que transportaria o presidente Jair Bolsonaro de volta ao Brasil, no próximo final de semana, após a reunião do G-20 no Japão. A detenção teve ampla repercussão na mídia internacional. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) para Drogas e Crime, a droga está avaliada, no mercado espanhol, em torno de US$ 1,5 milhão (R$ 5,8 milhões).

Nesta quarta-feira, 26, Bolsonaro usou o Twitter para comentar o caso que considera “inaceitável”. Na postagem, o presidente brasileiro expôs que “apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio de ontem (terça-feira), ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso País!", escreveu o presidente na rede social. O sargento, que é comissário de bordo, não atenderia ao avião presidencial, mas ao avião reserva.
No Brasil, o presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira, 26, que o sargento da Aeronáutica preso não embarcaria no voo do presidente Jair Bolsonaro ao Japão, mas que a tripulação estaria no avião de volta do chefe do Executivo. O chefe do Executivo viaja ao país asiático para participar da cúpula do G-20.
“Não (ao responder se ele embarcaria no avião da ida), o que acontece quando tem essas viagens, vai uma tripulação que fica no meio do caminho, então, quando o presidente voltasse do Japão, essa tripulação iria embarcar no avião dele. Então seria Sevilha-Brasil", disse Mourão, ao ser questionado pela imprensa.
O episódio, que criou desconforto ao Palácio do Planalto, levou o governo brasileiro a mudar a escala do presidente de Sevilha para Lisboa. Mais cedo em entrevista à Rádio Gaúcha, Mourão disse que as Forças Armadas “não estão imunes a esse flagelo da droga". “Isso não é a primeira vez que acontece, seja na Marinha, seja no Exército, seja na Força Aérea. Agora a legislação vai cumprir o seu papel e esse elemento vai ser julgado por tráfico internacional de drogas e vai ter uma punição bem pesada", disse o vice de Bolsonaro.
Ao falar novamente com a imprensa, Mourão voltou a afirmar que a corporação não está imune a situações como essa. “Foi o que falei hoje, essa questão do tráfico de drogas atinge a sociedade como um todo, e as forças armadas não é um agrupamento que vieram de Marte, eles pertencem aqui a nossa população e estão sujeitas, a toda... seja para o consumo seja para o tráfico", disse o presidente em exercício.
A prisão do sargento ocorreu na escala na Espanha, durante o percurso para o Japão. O sargento preso embarcou em Brasília, no avião reserva da Presidência, o Embraer 190, do Grupo de Transportes Especiais, da Força Aérea, e que transportava três tripulações de militares para a missão presidencial. O militar preso não trabalha na Presidência da República, mas na FAB, e no avião exerce a função de comissário de bordo.
“Aquilo não é avião presidencial, inclusive para vocês saberem, o avião que o presidente decolou ontem, esse avião decola, faz pra ver se está tudo bem, desce e é lacrado. Só é aberto novamente quando presidente está para embarcar", disse Mourão.
Ele afirmou ainda que, “pela quantidade de droga" que o sargento estava levando, “ele não comprou na esquina e levou". “Ele estava trabalhando como mula e uma mula qualificada", comentou o presidente em exercício.
“O militar detido no aeroporto de Sevilha, na Espanha, nessa terça-feira (25), por suposto envolvimento no transporte de entorpecentes, é Sargento da Aeronáutica que exerce a função de comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190. Esclarecemos que o sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial, fazendo parte apenas da tripulação que ficaria em Sevilha. Assim, o militar em questão não integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial, uma vez que o retorno da aeronave que transporta o Presidente da República não passará por Sevilha, mas por Seattle, Estados Unidos. O militar encontra-se preso à disposição das autoridades espanholas. O Comando da Aeronáutica instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do caso. Medidas de prevenção a esse tipo de ilícito são adotadas regularmente. Em vista do ocorrido, essas medidas serão reforçadas. O Comando da Aeronáutica reitera que repudia atos dessa natureza, que dá prioridade para a elucidação do caso e aplicação dos regulamentos cabíveis, bem como colabora com as autoridades.”
Quem é o militar?
Manoel Silva Rodrigues tem 38 anos, é casado. Realizou, pelo menos, 29 viagens oficiais no Brasil e exterior em aviões da FAB requisitados para dar suporte à comitiva presidencial da ex-presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Michel Temer e do atual mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro. Silva Rodrigues não atuou diretamente, porém, em todas as viagens com os presidentes citados. Conforme dados do Portal da Transparência, o militar recebe R$ 7.298,00 de salário bruto mensal. Ele foi preso por agentes da Guarda Civil da Espanha durante procedimento aduaneiro padrão no Aeroporto de Sevilha, cidade espanhola. A droga foi encontrada fracionada em 37 pacotes distribuídos na bagagem de mão do militar. Suspeita-se que o destino final do entorpecente seria a própria Espanha. Não se sabe, porém, se Manoel Silva Rodrigues agia como proprietário da droga ou como transportador (chamado comumente de mula).

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