Número de
solicitações de registro no Conselho Regional de Medicina do Ceará totalizou,
em três dias, 25% do esperado para o ano todo.
Mais medicos deixam o Ceará após fim de acordo |
A abertura
de vagas para o programa federal Mais Médicos, após o fim
do convênio entre Brasil e Cuba, fez estudantes de Medicina do Ceará
apressarem o processo de colação de grau. Uma das exigências para inscrição no
certame era obtenção do registro no Conselho Regional de Medicina do Estado
(Cremec), o qual pelo menos 250 recém-formados procuraram desde a última
quarta-feira (21).
O presidente
eleito Jair
Bolsonaro anunciou que não iria manter o programa com pagamento ao governo
cubano, que fica com 70% do salário dos médicos do país. Com a
mudança, Cuba
anunciou a saída do programa. O Governo
Federal lançou um edital para o preenchimento das vagas, o que gerou
uma corrida pelas inscrições.
Na
quarta-feira (21), foram 30 inscrições no Ceará; na quinta (22), mais 195; e
nesta sexta-feira (23), até meio dia, mais de 20 profissionais solicitaram o
registro. Em menos de três dias, o total de 250 inscrições já corresponde a 25%
da estimativa para o ano inteiro, conforme o presidente do Cremec, Dr. Helvécio
Neves.
“Fizemos uma
força-tarefa para dar suporte a essa avalanche. Alunos de várias universidades
particulares, além da UFC de Fortaleza e de Sobral, vieram solicitar o CRM. Há
uma dificuldade de emprego no Estado, uma escassez de concursos públicos, e
aumentou o número de faculdades. Cerca de mil pessoas se formam por ano, e veem
no Mais Médicos uma possibilidade atrativa”, avalia.
Um dos
estudantes que adiantaram o encerramento da graduação com o objetivo de entrar
no Mais Médicos foi Davi Gósson, 34, recém-formado em Medicina na Universidade
de Fortaleza (Unifor).
"Antecipei,
mas não consegui me inscrever. As vagas para o Ceará acabaram muito rápido, e
eu não queria ir para outro estado. Mas o mercado de trabalho não é só Mais
Médicos, a necessidade de médicos é uma demanda social que não acaba",
declara Davi, cuja formação em Medicina se une à Odontologia no currículo.
O jovem
Pedro Luiz Lopes, 23, também correu contra a burocracia para adiantar a colação
de grau, obter o CRM e realizar inscrição para ocupar uma das vagas do Mais
Médicos no Ceará – mas não houve tempo. Como os trâmites demoraram, todas as
oportunidades no Estado acabaram, e ele agora avalia a possibilidade de
insistir e ir para outras localidades, fora da terra natal.
“Para um
recém-formado, os campos de trabalho possíveis são a atenção básica, que é o
melhor lugar, ou a emergência, que infelizmente nem todo mundo se aventura, por
causa da qualidade de vida. O Mais Médicos é uma excelente forma de começar,
porque é emprego na atenção básica é garantido por um ano, com pagamento em
dias, sem risco de calote. Por isso que todos os estudantes ficaram
desesperados”, afirma Pedro.
O G1 entrou
em contato com o Ministério da Saúde para saber a quantidade de cearenses já
inscritos no programa, mas a pasta informou que ainda não realizou o levantamento
por unidade da federação. Em todo o Brasil, mais de 6,3
mil pessoas haviam feito a inscrição no programa até a tarde de sexta-feira.
Pelo edital,
foram disponibilizados 443
postos de trabalho em 115 municípios e em Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEIs) do Ceará.
Remuneração
O presidente
do Cremec alerta que o preenchimento das vagas desocupadas nos 115 municípios
cearenses assistidos pelo Mais Médicos não é sinônimo de boa prestação de
serviços em saúde. "Esperamos que os locais que precisam de médicos sejam
supridos e que, além disso, haja melhora dos indicadores da qualidade de
assistência. Não é só a presença do médico que melhora a saúde", frisa Dr.
Helvécio Neves.
Atualmente,
os profissionais alocados no Mais Médicos recebem bolsa-formação de R$ 11,8 mil
e uma ajuda de custo inicial entre R$ 10 e R$ 30 mil para deslocamento ao
município de atuação. Além disso, conforme o Ministério da Saúde, todos têm a moradia
e a alimentação custeadas pelas prefeituras.
Conforme a
Ministério da Saúde, aproximadamente 84% das vagas do novo edital do programa
já foram preenchidas. No terceiro dia de inscrições, o último balanço do MS
registra 19.994 inscritos com CRM Brasil ou que revalidaram o diploma no País.
Do total, 13.341 foram efetivadas e 7.154 profissionais já estão alocados no
município para atuação imediata.
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