sábado, 24 de novembro de 2018

Estudantes de medicina antecipam formatura no Ceará para entrar no Mais Médicos


Número de solicitações de registro no Conselho Regional de Medicina do Ceará totalizou, em três dias, 25% do esperado para o ano todo.
'Mais Médicos' deixam o Ceará após fim do acordo — Foto: Arquivo/TV Verdes Mares
Mais medicos deixam o Ceará após fim de acordo
A abertura de vagas para o programa federal Mais Médicos, após o fim do convênio entre Brasil e Cuba, fez estudantes de Medicina do Ceará apressarem o processo de colação de grau. Uma das exigências para inscrição no certame era obtenção do registro no Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremec), o qual pelo menos 250 recém-formados procuraram desde a última quarta-feira (21).
O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou que não iria manter o programa com pagamento ao governo cubano, que fica com 70% do salário dos médicos do país. Com a mudança, Cuba anunciou a saída do programa. O Governo Federal lançou um edital para o preenchimento das vagas, o que gerou uma corrida pelas inscrições.

Na quarta-feira (21), foram 30 inscrições no Ceará; na quinta (22), mais 195; e nesta sexta-feira (23), até meio dia, mais de 20 profissionais solicitaram o registro. Em menos de três dias, o total de 250 inscrições já corresponde a 25% da estimativa para o ano inteiro, conforme o presidente do Cremec, Dr. Helvécio Neves.
“Fizemos uma força-tarefa para dar suporte a essa avalanche. Alunos de várias universidades particulares, além da UFC de Fortaleza e de Sobral, vieram solicitar o CRM. Há uma dificuldade de emprego no Estado, uma escassez de concursos públicos, e aumentou o número de faculdades. Cerca de mil pessoas se formam por ano, e veem no Mais Médicos uma possibilidade atrativa”, avalia.
Um dos estudantes que adiantaram o encerramento da graduação com o objetivo de entrar no Mais Médicos foi Davi Gósson, 34, recém-formado em Medicina na Universidade de Fortaleza (Unifor).
"Antecipei, mas não consegui me inscrever. As vagas para o Ceará acabaram muito rápido, e eu não queria ir para outro estado. Mas o mercado de trabalho não é só Mais Médicos, a necessidade de médicos é uma demanda social que não acaba", declara Davi, cuja formação em Medicina se une à Odontologia no currículo.
O jovem Pedro Luiz Lopes, 23, também correu contra a burocracia para adiantar a colação de grau, obter o CRM e realizar inscrição para ocupar uma das vagas do Mais Médicos no Ceará – mas não houve tempo. Como os trâmites demoraram, todas as oportunidades no Estado acabaram, e ele agora avalia a possibilidade de insistir e ir para outras localidades, fora da terra natal.
“Para um recém-formado, os campos de trabalho possíveis são a atenção básica, que é o melhor lugar, ou a emergência, que infelizmente nem todo mundo se aventura, por causa da qualidade de vida. O Mais Médicos é uma excelente forma de começar, porque é emprego na atenção básica é garantido por um ano, com pagamento em dias, sem risco de calote. Por isso que todos os estudantes ficaram desesperados”, afirma Pedro.
O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber a quantidade de cearenses já inscritos no programa, mas a pasta informou que ainda não realizou o levantamento por unidade da federação. Em todo o Brasil, mais de 6,3 mil pessoas haviam feito a inscrição no programa até a tarde de sexta-feira.
Pelo edital, foram disponibilizados 443 postos de trabalho em 115 municípios e em Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) do Ceará.
Remuneração
O presidente do Cremec alerta que o preenchimento das vagas desocupadas nos 115 municípios cearenses assistidos pelo Mais Médicos não é sinônimo de boa prestação de serviços em saúde. "Esperamos que os locais que precisam de médicos sejam supridos e que, além disso, haja melhora dos indicadores da qualidade de assistência. Não é só a presença do médico que melhora a saúde", frisa Dr. Helvécio Neves.
Atualmente, os profissionais alocados no Mais Médicos recebem bolsa-formação de R$ 11,8 mil e uma ajuda de custo inicial entre R$ 10 e R$ 30 mil para deslocamento ao município de atuação. Além disso, conforme o Ministério da Saúde, todos têm a moradia e a alimentação custeadas pelas prefeituras.
Conforme a Ministério da Saúde, aproximadamente 84% das vagas do novo edital do programa já foram preenchidas. No terceiro dia de inscrições, o último balanço do MS registra 19.994 inscritos com CRM Brasil ou que revalidaram o diploma no País. Do total, 13.341 foram efetivadas e 7.154 profissionais já estão alocados no município para atuação imediata.


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