IstoÉ
Esquema de elogios fakes para turbinar artificialmente as candidaturas do PT é desvendado. Influenciadores pagos vão ter que responder à Justiça
O vil metal passou a impulsionar as campanhas eleitorais do
PT. Já foi o tempo em que o partido arrecadava fundos para a promoção de
seus candidatos por meio de ingênuos militantes, que vendiam botons e
camisetas para levantar recursos financeiros para enfrentar adversários
endinheirados. Agora, o novo PT, que emergiu do mensalão e do petrolão,
faz campanhas ilegais nas redes sociais na Internet para promover seus
inescrupulosos integrantes. Esta semana veio a público um escandaloso
esquema arquitetado por militantes no Twitter, através de
“influenciadores digitais”, com o objetivo de inflar artificialmente os
políticos petistas Wellington Dias, candidato à reeleição como
governador do Piauí, Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo, e
Gleisi Hoffmann, candidata a deputada federal pelo Paraná. O esquema
foi montado pela Follow, uma empresa digital criada pelo deputado
federal Miguel Corrêa (PT-MG).
A Follow foi constituída no dia 30 de
julho, com capital de R$ 100 mil, unicamente para coordenar a tramóia
eleitoral, que consiste em fazer propaganda ilegal na internet, usando
os “influenciadores”, mediante pagamentos de R$ 1.500 a R$ 2.500 por
mês, verba que está sendo chamada de “mensalinho”. Esses influenciadores
replicam informações favoráveis aos petistas nas redes em troca de
dinheiro, o que a lei eleitoral pune com multa de R$ 30 mil e até prisão
para os infratores.
Se a propaganda estivesse sendo feita gratuitamente, tudo bem, mas o
problema é que esses “influenciadores” usam desavergonhadamente a
internet para divulgar a propaganda eleitoral em troca de dinheiro. Há
até contratos em que eles se comprometem a fazer o sujo trabalho através
do recebimento de R$ 5 mil em dois meses na atual campanha. O esquema
veio a público com a divulgação de um e-mail de Isabella Bomtempo,
funcionária da aceleradora digital VBuilders, que funciona no mesmo
prédio da Follow. O proprietário da VBuilders, Luis Veloso, também já
trabalhou com o deputado petista em Belo Horizonte. Isabella revelou que
estava ajudando a Follow a “promover ações de militância política para a
esquerda”.
Nesse e-mail, ela diz que aceitou participar da ilegalidade, mas
depois se arrependeu. Chegou a revelar um dos trechos do “conteúdo
elogioso” que deveria transmitir nas redes. “Fale sobre como o governo
federal golpista atual está tirando verbas da educação e congelando os
investimentos por 20 anos; Fale sobre a candidatura de Lula de maneira
descontraída; Fale sobre como as mulheres são pouco representadas na
política; Fale como a direita não apóia e não sustenta abertamente os
LGBT’S e por aí vai…” Isabella confessou que os “influenciadores”
recebiam R$ 1.500 por mês para participar da propaganda ilegal nas
redes: “Pode ser 1 tweet, 1 story, você escolhe”, disseram a ela.
Quebra de sigilo
A Follow subcontratou as agências BeConnect e Lajoy, que também
prestam serviços ao PT para “monitorar redes sociais”. O envolvimento
dessas empresas foi escancarado quando uma das participantes da
divulgação das “ações elogiosas” ficou inconformada por ter que elogiar
também o governador do Piauí em seus posts no Twitter. Ao tomar
conhecimento da maracutaia, o advogado Carlos Yuri, do PSDB em Teresina,
protocolou uma representação contra a campanha de Wellington Dias
pedindo que ele seja punido. O MP de Minas Gerais pediu a quebra do
sigilos das empresas e dos ativistas digitais. A usuária do Twitter,
Paula Holanda, @pppholanda, que participou do grupo e denunciou que as
“postagens com conteúdos de esquerda” estavam sendo pagas, anunciou pela
Internet seu desligamento da operação ainda no domingo 26. Rodrigo
Cardoso, da BeConnect, confirmou que sua empresa havia sido contratada
pelo PT e não negou ter relações com Miguel Corrêa, da Follow. Rodrigo
foi nomeado como secretário de gabinete do parlamentar no dia 4 de julho
e namora a sobrinha do deputado, que também é sócia da Follow.
A Follow desenvolveu o aplicativo “Brasil Feliz de Novo”, usado pela
chapa encabeçada por Lula. Por meio dele, os “influenciadores” lançam as
notícias positivas e compartilham as informações elogiosas, de acordo
com Joyce Falete, dona da Lajoy, confirmando que indicava militantes
para o esquema. Ao que tudo indica, trata-se apenas da ponta do novelo
de mais um crime praticado pelo PT, que cada vez deixa mais clara sua
intenção de macular o processo eleitoral.
Chapa criminosa
Se não bastasse a chapa do PT para a Presidência ser encabeçada por
Lula, preso em Curitiba, agora seu vice, Fernando Haddad, também entra
para o rol dos petistas acusados de cometer crimes. Ele foi denunciado
na segunda-feira 27 pelo Ministério Público de São Paulo em uma ação de
improbidade administrativa na qual os promotores pedem sua condenação
por enriquecimento ilícito. Tudo porque o MP concluiu que Haddad “tinha
pleno conhecimento” de que foi a empreiteira UTC, de Ricardo Pessoa,
condenado na Lava Jato, quem pagou uma dívida de R$ 2,6 milhões da
campanha do PT para prefeito em 2012. Em depoimento na Lava Jato, Pessoa
confessou que entre maio e junho de 2013 a UTC pagou uma dívida da
campanha de Haddad junto a gráficas que imprimiram material da campanha.
Os pagamentos foram feitos por meio do doleiro Alberto Youssef, a
pedido do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que também está preso
em Curitiba. Além de pedir a condenação do ex-prefeito, o MP pede a
perda de seus direitos políticos, além do bloqueio de bens no valor de
até R$ 14 milhões. Dessa forma, a chapa criminosa do PT para presidente
está cada vez mais enrolada. O crime faz parte do DNA petista.
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