Casos foram revelados por 'influenciadora' que diz ter sido procurada por agência para fazer postagens positivas sobre os petistas Gleisi, Marinho e Dias
Gleisi Hoffmann, Luiz Marinho e Wellington Dias (Pedro França /Agência Senado/Facebook/Reprodução/Moreira Mariz/Agência Senado) |
As procuradorias eleitorais de Minas Gerais e do Piauí
abriram procedimentos para analisar se houve irregularidades envolvendo o
pagamento de “influenciadores” em redes sociais para fazer publicações
favoráveis a candidatos petistas. O procedimento é o primeiro passo para
a abertura de uma investigação formal.
O caso ganhou repercussão no fim de semana, após uma série de posts exaltando a gestão do governador do Piauí, Wellington Dias, candidato à reeleição.
Internautas passaram a acusar o petista de pagar uma agência de
“influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu
respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular ou
até caixa 2.
A ação foi denunciada
pela influenciadora digital Paula Holanda. Em sua conta no Twitter, ela
disse que foi procurada por uma representante de uma agência de
marketing digital, a Lajoy. Paula publicou suposto briefing em que uma
pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência, convidou-a para participar
de ação “de militância política para a esquerda” e não de cunho
partidário. No trecho divulgado pela internauta não havia menção a
pagamentos. Ela aceitou participar.
Paula relatou ter concordado em publicar duas postagens: uma sobre a senadora Gleisi Hoffmann,
presidente do PT, por lhe parecer “uma causa muito justa”, relacionada à
“perseguição partidária” e à prisão do ex-presidente Lula; e outra,
sobre o candidato petista ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, porque parte de sua família mora em São Paulo e “a agenda paulista” lhe interessa.
A “influenciadora” contou ter “desconfiado” de que não se tratava de
ações apartidárias, mas, sim, a favor do PT, quando pediram a ela posts
elogiosos a um terceiro petista, Wellington Dias. “Eu me recusei a
twittar sobre o Wellington Dias. Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e
não o conheço”, tuitou. “Pesquisei rapidamente pela opinião da esquerda
e ele aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e
militarizou a educação e silenciou mulheres”, continuou ela.
Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é vedada a
veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet,
excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de
forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos
políticos, coligações e candidatos e seus representantes”.
A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores digitais
foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a
Dias.
Uma das empresas apontadas como recrutadora destes influenciadores é a
BeConnected, sediada em Belo Horizonte, e que tem um assessor de um
deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato ao Senado, como sócio.
‘PT está averiguando’, diz Gleisi
Após visitar Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba,
na manhã desta segunda-feira, 27, Gleisi Hoffmann afirmou que a legenda
está averiguando as acusações de que a agência teria pago por
comentários favoráveis ao partido no Twitter.
“O PT nunca adotou esse tipo de prática, nossa relação com as redes
sempre foi de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para falar
em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para
esclarecer essa situação”, declarou a presidente do PT, ao lado do
candidato a vice na chapa de Lula, Fernando Haddad (PT), que também
visitou o ex-presidente na prisão.
(com Estadão Conteúdo)
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