segunda-feira, 27 de agosto de 2018

MPs eleitorais em MG e PI abrem apuração por campanha paga do PT nas redes

Casos foram revelados por 'influenciadora' que diz ter sido procurada por agência para fazer postagens positivas sobre os petistas Gleisi, Marinho e Dias

Gleisi Hoffmann, Luiz Marinho e Wellington Dias (Pedro França /Agência Senado/Facebook/Reprodução/Moreira Mariz/Agência Senado)
As procuradorias eleitorais de Minas Gerais e do Piauí abriram procedimentos para analisar se houve irregularidades envolvendo o pagamento de “influenciadores” em redes sociais para fazer publicações favoráveis a candidatos petistas. O procedimento é o primeiro passo para a abertura de uma investigação formal.
O caso ganhou repercussão no fim de semana, após uma série de posts exaltando a gestão do governador do Piauí, Wellington Dias, candidato à reeleição.

Internautas passaram a acusar o petista de pagar uma agência de “influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu respeito. A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular ou até caixa 2.
A ação foi denunciada pela influenciadora digital Paula Holanda. Em sua conta no Twitter, ela disse que foi procurada por uma representante de uma agência de marketing digital, a Lajoy. Paula publicou suposto briefing em que uma pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência, convidou-a para participar de ação “de militância política para a esquerda” e não de cunho partidário. No trecho divulgado pela internauta não havia menção a pagamentos. Ela aceitou participar.
Paula relatou ter concordado em publicar duas postagens: uma sobre a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, por lhe parecer “uma causa muito justa”, relacionada à “perseguição partidária” e à prisão do ex-presidente Lula; e outra, sobre o candidato petista ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, porque parte de sua família mora em São Paulo e “a agenda paulista” lhe interessa.
A “influenciadora” contou ter “desconfiado” de que não se tratava de ações apartidárias, mas, sim, a favor do PT, quando pediram a ela posts elogiosos a um terceiro petista, Wellington Dias. “Eu me recusei a twittar sobre o Wellington Dias. Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o conheço”, tuitou. “Pesquisei rapidamente pela opinião da esquerda e ele aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e militarizou a educação e silenciou mulheres”, continuou ela.
Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes”.
A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores digitais foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a Dias.
Uma das empresas apontadas como recrutadora destes influenciadores é a BeConnected, sediada em Belo Horizonte, e que tem um assessor de um deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato ao Senado, como sócio.

‘PT está averiguando’, diz Gleisi

Após visitar Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, na manhã desta segunda-feira, 27, Gleisi Hoffmann afirmou que a legenda está averiguando as acusações de que a agência teria pago por comentários favoráveis ao partido no Twitter.
“O PT nunca adotou esse tipo de prática, nossa relação com as redes sempre foi de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para falar em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para esclarecer essa situação”, declarou a presidente do PT, ao lado do candidato a vice na chapa de Lula, Fernando Haddad (PT), que também visitou o ex-presidente na prisão.
(com Estadão Conteúdo)

 

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