Com o apoio da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), prefeitos estão se posicionando contra a aprovação da Medida Provisória (MP) 827/2018, que tramita desde abril no Congresso Nacional e estabelece um piso salarial de R$ 1.550,00 escalonado em quatro vezes para agentes de saúde (ACS) e de combate às endemias (ACE) em todo o país.
Para a CMN, a MP concorre com a Lei 13.595 e
fere a autonomia dos entes federados, além de inverter competências
federativas quanto à regulamentação das atividades e direitos dos
servidores públicos municipais, afora os “impactos desastrosos” à saúde
financeira dos municípios.
Seguindo a CNM, somente a partir de janeiro de
2019, quando o piso passaria de R$ 1.216,80 para R$ 1.250,00, o impacto
nas contas públicas será de R$ 2,1 bilhões no orçamento do Ministério
da Saúde (MS) e de R$ 1,4 bilhão nas contas dos municípios. Depois, o
piso salarial passa para R$ 1.400,00 em janeiro de 2020 e finalmente,
chega a R$ 1.550,00 em janeiro0 de 2021. A partir de 2022 o reajuste do
piso salarial do ACS e do ACE será feito anualmente.
O presidente da Federação dos Municípios do
Rio Grande do Norte (Femurn), José Leonardo Cassimiro, o “Naldinho”,
disse que atualmente a União repassa o valor básico de R$ 1.014,00 para o
salários do ACS e do ACE, enquanto a complementação salarial fica a
cargo dos municípios, o que incluem quinquenios e insalubridade.
Prefeito de São Paulo do Potengi, “Naldinho”
diz que os prefeitos “não são contra a melhoria salarial dos agentes de
saúde e de endemias”, mas para ele é preciso que o Congresso Nacional
assegure, se a MP for aprovada, que a União vai se comprometer a
repassar aos municípios a diferença do valor a ser pago aos servidores
por conta do reajuste do valor do piso salarial da categoria.
“O problema é saber a fonte de recursos, onde
está a fonte pagadora, o governo federal vai passar a diferença a
maior?, indagou o o presidente da Femurun, que complementou: “A gente
quer que a União diga da mesma forma como será feito o repasse do mesmo
valor do reajuste, para que os municípios não sofram mais do que já
estão sofrendo”.
O primeiro secretário da CNM e prefeito de
Santana do Seridó, Hudson Brito, disse que “é importante a atuação dos
agentes de saúde nos municípios, como elo entra a comunidade e o SUS,
contribuindo para a qualidade de vida das pessoas”.
Brito afirma que os municípios reconhecem o
trabalho dos agentes comunitários como fundamental para a manutenção e
continuidade dos processos dos serviços públicos de saúde: “É importante
esclarecer que a luta da CNM é na defesa da autonomia dos entes,
regulamentar as atividades e direitos dos servidores municipais é
competência dos municípios”.
Além disso, Brito diz que se a MP for
aprovada, só “vai impor mais responsabilidade e desorganiza a gestão
administrativa local, inviabilizando as ações e os investimentos nos
serviços essenciais”.
Segundo Brito, a CNM alerta que o
estabelecimento do piso nacional dos agentes de saúde “irá comprometer
as contas municipais e mesmo com o custeio da União vai gerar um impacto
de R$ 1,4 bilhão somente para os municípios”.
Em Santana do Seridó, exemplificou Brito, já
se faz reajustes para essas categorias “e isso vem ocorrendo em muitos
outros municípios em valorização ao trabalho executado, porque a
Confederação quer trabalhadores em saúde motivados e bem remunerados, em
condições de desenvolver suas atividades, para isso devemos ter gestões
municipais fortalecidas e autossuficientes administrativa e
financeiramente”.
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