quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Maior barragem do RN entra em volume morto; estado começa 2018 com níveis de reservatórios mais baixos da história

A crise hídrica que afeta o Rio Grande do Norte – a pior da história – está cada vez mais grave. Nesta quarta (3), o maior reservatório potiguar, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que comporta até 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, chegou a 11,74% de sua capacidade e entrou no chamado volume morto – nome que se dá à reserva de água mais profunda das represas, que fica abaixo dos canos de captação que normalmente são usados para retirar água.
Segundo o Instituto de Gestão das Águas do Estado (Igarn), estava sendo liberada uma vazão de 5 metros cúbicos por segundo. Hoje, a barragem só consegue liberar 4,36 metros cúbicos. Se assim continuar, a previsão é que só haverá abastecimento pelos próximos 30 ou 45 dias. Quarenta municípios dependem diretamente das águas da Armando Ribeiro.
Diretor-presidente do Igarn, Josivan Cardoso explica que, apesar da situação, o governo estadual está fazendo o possível para manter as reservas ainda existentes e o abastecimento das cidades. “Ações de monitoramento, controle e fiscalização implantadas pelo Igarn proporcionam ainda manter os sistemas em operação, mesmo que dentro de racionamentos e rodízios".
Contudo, Josivan ressalta que é importante que a população faça o consumo sustentável da água, "tanto para garantir a continuidade do abastecimento das cidades que ainda não estão em colapso, quanto para ajudar na recarga dos reservatórios quando as chuvas tiverem início".
O primeiro relatório de 2018 também revela que nunca os níveis de armazenamento dos reservatórios potiguares estiveram tão baixos. A disponibilidade hídrica total do Rio Grande do Norte é de 4.411.787.259 metros cúbicos. Em 2011, devido ao bom período chuvoso, o índice chegou a 89,52% de sua capacidade. Agora, está em 11,24%.
  • Dos 47 açudes ou barragens monitorados pelo órgão, que são os que possuem capacidade superior a 5 milhões de metros cúbicos de água, 16 estão totalmente secos (34,04%) e outros 19 em volume morto (40,42%).
  • Dos 167 municípios potiguares, 153 estão em calamidade por causa da seca. Isso significa 92% do estado. Deste total, 14 cidades estão em colapso no abastecimento, ou seja, sem água nas torneiras.
  • Em outras 84, a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) criou sistemas de rodízio para garantir o mínimo de fornecimento. E os prejuízos, segundo o governo, já passam dos R$ 4 bilhões por causa da redução do rebanho e do plantio.
Maior reservatório do Rio Grande do Norte e o segundo do Nordeste, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves tem suas comportas localizadas na cidade de Itajá, no Vale do Açu, e capacidade para 2,4 bilhões de metros cúbicos de água. Estava com 286,3 milhões de metros cúbicos no relatório do dia 28 de dezembro do ano passado, o que representava 11,93% do volume máximo. Agora, de acordo com a medição feita nesta quarta (3), o nível baixou para 281,8 milhões, ou seja, 11,74% da capacidade.
A coloração esverdeada das águas que saem da barragem já começa a chamar a atenção (veja vídeo acima). Porém, o Igarn disse que a população pode ficar tranquila, já que a vazão que sai da barragem ainda vai passar por tratamento antes de chegar às torneiras. No entanto, ainda não se pode afirmar até quando será possível garantir a qualidade dessa água.
Esta é a primeira vez, desde que foi inaugurada, em 1983, que a Armando Ribeiro entra em volume morto.
A segunda maior barragem potiguar é a de Santa Cruz. Fica em Apodi, na região Oeste do estado. Ela tem capacidade total de 600 milhões de metros cúbicos, mas atualmente possui pouco mais de 87 milhões de acordo com monitoramento feito no 1º dia de 2018. O nível, que representa 14,57%, se manteve com a nova leitura feita nesta quarta.
Também na região Oeste fica a cidade de Upanema. Lá está a Barragem de Umari, a terceira maior do estado. A capacidade total é de 292,8 milhões de metros cúbicos, mas o volume atual é de 41,2 milhões de metros cúbicos, o que representa um volume de 14,1% de acordo com a medição feita no dia 2 deste mês.
No final de 2017, o G1 visitou a cidade de Santano do Matos, no 'coração' do Rio Grande do Norte. A cidade foi a mais recenete a entrar na lista das que estão em colapso. Com as torneiras vazias, é precisa recorrer a chafarizes para ter o que beber.
As previsões para 2018 são um alento, mas não garantias. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), o estado deve ter chuvas acima da média ano que vem, mas nada suficiente para encher os grandes reservatórios. Caso contrário, o sofrimento das marias e de quase toda a população do estado não tem como diminuir.

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