Os
reservatórios de água arredondados, com cobertura em forma de cone, feitos de
placas de cimento e pintados de branco já fazem parte do cenário do Semiárido
brasileiro. Os equipamentos dão um alento as 22 milhões de pessoas que vivem no
Semiárido nos estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, de Minas Gerais, da
Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Norte e de Sergipe. Em
Mossoró (a 281 quilômetros de Natal), na comunidade Jucuri, a agricultora
Antoneide Julião de Góis tem uma cisterna de placas - que permite o
armazenamento de água para consumo humano em reservatório protegido da
evaporação e das contaminações causadas por animais e dejetos trazidos pelas
enxurradas - na frente de casa há menos de um ano. Devido às poucas chuvas no
Rio Grande do Norte, não foi possível captar água, nem mesmo o suficiente para
limpar o telhado e as calhas que vertem o líquido para o reservatório.
Mesmo
assim, ela se sente satisfeita em ter a cisterna para poder armazenar a água
que vem de um poço na comunidade por meio de uma adutora. “Antes, a gente
passava dois, três, até quatro meses sem água. A gente comprava água salgada
para fazer as coisas. A cisterna melhorou tudo.
A meta da Articulação no
Semiárido Brasileiro (ASA) deu nome ao programa surgido em 2003: Um Milhão de
Cisternas (P1MC). No site da instituição já são contabilizados 578.689
equipamentos construídos nas zonas rurais, em parceria com o Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS). De acordo com a ASA, a construção das cisternas
conta com forte mobilização das comunidades que se envolvem no processo e sabem
manusear e consertar os equipamentos. O Ministério da Integração Nacional, que
também integra os esforços para promover segurança hídrica no Semiárido dentro
do programa Água para Todos, já soma cerca de 1,2 milhão de cisternas, entre as
feitas com a tecnologia de placas e as de polietileno (um tipo de material
plástico). Além de água para ser consumida pelas pessoas, as cisternas também
ajudam as famílias a produzir alimentos, mesmo em épocas de estiagem. No
sertão, as chuvas costumam se concentrar entre os meses de fevereiro e maio. Pelo
Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), a ASA coordena a instalação de
reservatórios que captam água para a produção de grãos, frutas e verduras e
para a criação de animais.