Tribuna do Norte
Com apenas 24
anos, João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos - que governou
Pernambuco por dois mandatos e faleceu em 2014 -, enquanto concorria à
Presidência da República pelo PSB, está em primeiro lugar na lista de
deputados federais de Pernambuco. Ele obteve uma grande votação: 459.811
votos.
Outro membro da família Arraes, Marília
Arraes (PT), obteve 192.628, e está em segundo lugar entre os mais
votados. Os dois fazem parte da tradicional elite da política local. O
bisavô do agora deputado eleito era o político Miguel Arraes, também
governador do estado. Arraes combateu e foi perseguido pela ditadura
militar, sendo responsável pela refundação do PSB após o período de
abertura democrática.
Após a morte do pai, João Campos ganhou notoriedade
no partido e no cenário local. Enquanto ainda cursava a faculdade de
Engenharia, o neto da ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana
Arraes, assumiu em 2016 a chefia de gabinete do governo de Pernambuco,
comandado por Paulo Câmara, governador reeleito, aliado de Campos. A
vaga no Congresso conquistada hoje é o primeiro cargo eletivo disputado
por João Campos.
Insucessos
Já
o filho do senador e ex- presidente Fernando Collor, Fernando James
Braz Collor de Mello, teve 16.152 e ficou em 17° lugar. Foi a primeira
vez ele concorreu a um cargo em nível nacional. São apenas oito vagas
para a Câmara dos Deputados em Alagoas.
Rio de Janeiro
Os
filhos de políticos presos pela Lava Jato no Rio de Janeiro não
conseguiram um bom resultado na disputa pela Câmara. Danielle Cunha,
filha de Eduardo Cunha, e Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador
Sérgio Cabral, ambos candidatos do MDB, ficaram mal posicionados no
ranking e não conseguiram se eleger. Leonardo Picciani, filho de Jorge
Picciani, também não conseguiu voltar a Brasilia. O filho do prefeito
Marcelo Crivella não se elegeu deputado federal. A filha do candidato
cassado Anthony Garotinho, Clarissa Garotinho, obteve a reeleição. Seu
irmão, Wladimir Garotinho, também estará na Câmara dos Deputados em
2019.
Cristiane Brasil (PTB) perdeu a reeleição. Ela não pode assumir o
Ministério do Trabalho por ter sido alvo de uma série de acusações. Ao
contrário dos filhos do presidenciável, campeões de votos em São Paulo
para a Câmara e no Rio de Janeiro para o Senado, a ex-mulher de
Bolsonaro Cristina Bolsonaro (Pode) não conseguiu se eleger deputada.
Ainda no Rio, o PSOL enviará para a Câmara dos
Deputados Marcelo Freixo, deputado estadual e ex-candidato à Prefeitura
do Rio, que foi o segundo mais votado no estado: 342.491. Em primeiro
lugar, está Hélio Fernando Barbosa Lopes, do PSL - partido do
presidenciável Jair Bolsonaro - com 345.234.
Aécio e Gleisi
Dois
senadores adversários, ambos envolvidos na Lava Jato, que optaram por
tentar a Câmara, foram bem sucedidos: Aécio Neves (PSDB-MG), que recebeu
mais de 50 milhões de votos para a Presidência em 2014, contabilizou
agora modestos 106 mil votos. Já Gleisi Hoffmann (PT-PR) conquistou o
dobro de Aécio, cerca de 212 mil.
Assim como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Gleisi Hoffmann optou por
disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ex-ministra da Casa Civil no
governo Dilma Rousseff, um dos cargos mais importantes do governo, a
senadora de 53 anos poderia se candidatar à reeleição este ano, mas nos
últimos tempos viu a sua popularidade cair devido a denúncias de
corrupção e à rejeição dos eleitores paranaenses ao PT.
Presidenta nacional do partido, ela assumiu a
linha de frente da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
preso em Curitiba. Gleisi foi absolvida em junho deste ano pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em
processo relativo à candidatura ao Senado em 2010, mas ela ainda é alvo
de outras investigações.
Junto de Lula e outros ex-integrantes do
ministério, ela foi denunciada no último dia 30 de abril, com base em
delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht. A acusação é
de que a construtora teria fechado um acordo no qual seria beneficiada
em troca de propina para a campanha de 2014. Criticando a atuação da
Procuradoria-Geral da República, Gleisi e o PT negam as acusações. Ela
diz que as denúncias não têm provas e foram obtidas a partir de delações
"negociadas com criminosos" em busca de benefícios penais.
Assim como a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Aécio
Neves optou por disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Neto do
ex-presidente eleito Tancredo Neves, Aécio foi governador de Minas
Gerais por dois mandatos, depois de ocupar quatro mandatos seguidos como
deputado, chegando a presidir a Câmara no início dos anos 2000.
Em maio do ano passado, após virem a público gravações de conversas com o
dono do grupo JBS, Joesley Batista, o capital político do ex-governador
de Minas Gerais caiu bastante. Nos áudios, o parlamentar se refere a
colegas do Congresso Nacional com palavras de baixo calão. A principal
acusação é de que o tucano teria recebido R$ 2 milhões em propina de
Joesley. O inquérito em que é acusado de corrupção e obstrução de
Justiça já foi recebido pelo STF, que ainda não julgou o tema.
Alvo de outros inquéritos no Supremo, o
parlamentar nega as acusações. Segundo ele, o repasse do dinheiro era
fruto de um empréstimo para pagar seus advogados. Na época, Aécio era
presidente nacional do PSDB e se afastou do cargo. Em outubro do ano
passado, o Senado decidiu reverter a decisão da Primeira Turma do STF
que determinava seu afastamento parlamentar e recolhimento domiciliar
noturno.
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