NAS CORDAS Acossado pela escalada de más notícias, o petista vê disparar seus índices de rejeição (Crédito: Marcelo Chello/CJPRESS/Estadão Conteúdo) |
Preposto de
Lula na disputa presidencial, Fernando Haddad responde a 32 processos, que vão
do recebimento de dinheiro da Lava Jato a denúncias por improbidade administrativa
e superfaturamento de obras. O candidato reproduz o modelo petista de malfeitos
na gestão pública
Fernando
Haddad não foi escolhido pelo presidiário Lula para substituí-lo na corrida
presidencial por acaso. Ele carrega o mesmo DNA dos malfeitos de seu padrinho
político encarcerado na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde
abril. O candidato do PT à Presidência responde a 32 processos na Justiça, que
o colocam como um dos campeões da ficha de ilícitos cometidos na vida pública.
Na extensa folha corrida, Haddad, já réu em dois processos, é acusado de
receber dinheiro de caixa dois de empreiteira condenada na Operação Lava Jato,
denunciado por crimes de Improbidade administrativa, suspeito de
superfaturamento de obras e serviços, acusado pelo desvio de recursos e até da
aplicação ilegal de dinheiro público.
Não bastasse seu envolvimento direto em
inúmeras irregularidades, o presidenciável petista se cercou na campanha rumo
ao Palácio do Planalto, a mando de Lula, de assessores e coordenadores
igualmente processados por crimes no Petrolão, dando indicativos concretos de
que o partido reativará – num eventual futuro governo – a máquina de corrupção
azeitada durante os 13 anos de PT no poder. Pior. Além do risco de retrocesso
ético, a eleição de um novo poste de Lula para o cargo de presidente resgatará
a ameaça da ineficiência e da incompetência administrativa que marcou a gestão
de Haddad tanto à frente da Prefeitura de São Paulo, como do Ministério da
Educação.
Dinheiro de
caixa dois
Formado em
Direito pela tradicional Faculdade do Largo do São Francisco, Haddad sempre
alardeou pautar sua vida pública pelo caminho da retidão. A narrativa, como
quase tudo no PT, não pára em pé. Basta jogar uma lupa sobre sua vida pregressa
para se perceber que o presidenciável petista é lobo com cútis de cordeiro –ou
seja, encontra-se tão encrencado quanto seus padrinhos políticos petistas. A
Kurier Analytics, uma empresa de gestão de informações jurídicas, foi quem
levantou, a pedido de ISTOÉ, a ficha corrida de Haddad na Justiça e catalogou a
existência de 31 processos contra o ex-prefeito, apurando o número da ação, a
vara em que está ajuizada a causa e os motivos dos procedimentos. A reportagem
acessou um por um dos processos. Na relação, apenas não constava a 32ª ação
contra o petista, por correr na Justiça Eleitoral. Versa sobre o recebimento de
caixa dois na campanha a prefeito em 2012 e cuja denúncia, formulada pelo
promotor Luiz Henrique Dal Poz, foi aceita pelo juiz Francisco Shintate.
Como desdobramento
da operação Lava Jato, o ex-prefeito é acusado de ter recebido, em 2013, R$ 2,6
milhões da Construtora UTC para o pagamento de uma dívida contraída junto a
gráficas. O dinheiro não foi contabilizado e chegou ao PT por meio do doleiro
Alberto Youssef, segundo delação do ex-presidente da empreiteira Ricardo
Pessoa. Como contrapartida, a Constran, do grupo UTC, ganhou uma licitação de
R$ 417 milhões promovida pelo prefeito para a construção de um terminal
rodoviário em Itaquera, segundo denúncia do promotor Marcelo Mendroni.
As contas de
campanha de Haddad, na verdade, sempre foram uma espécie de caixa de Pandora do
petista. Na campanha à reeleição para prefeito em 2016, Haddad ficou devendo R$
2,1 milhões para o publicitário Giovane Favieri, da F5BI, em razão da locação
de equipamentos de edição de vídeos. Favieri, investigado pela operação Lava
Jato por receber dinheiro sujo em campanhas eleitorais, inclusive para o PT,
entrou na 6ª Vara Cível com ação para receber o débito. No último dia 16 de agosto,
o PT fez acordo para ele receber o dinheiro em parcelas até 2020. O mais
suspeito, contudo, é que, no último dia 25, Favieri recebeu outros – ou seriam
os mesmos? – R$ 2,1 milhões oriundos do caixa da campanha presidencial de
Haddad, conforme registrado no TSE, também a título de locação de equipamentos
para edição de vídeos.
Haddad
parece mesmo não gostar de jogar às claras com a Justiça Eleitoral. Em
declaração de bens obrigatória ao TSE, o presidenciável atesta que o
apartamento em que reside em São Paulo vale a pechincha de R$ 90 mil. No
Cartório de Registro de Imóveis, porém, consta que ele declarou ter pago R$ 120
mil pelo imóvel em 1998 e realizado um investimento de mais R$ 20 mil na compra
de uma garagem, esta não declarada pelo presidenciável. O valor venal do
apartamento é de R$ 997,9 mil – mais de 10 vezes a quantia orçada pelo
candidato petista ao TSE.
Entre as
dezenas de processos aos quais Haddad responde na Justiça, a maioria é composta
por pelo menos 15 ações populares e nove por improbidade administrativa. Em uma
delas, Haddad é acusado de superfaturar a ciclovia que liga o Ceagesp ao
Ibirapuera, ao custo de R$ 54,7 milhões. Cada quilômetro custou para a
Prefeitura R$ 4,4 milhões, bem acima do preço pago numa ciclovia na mesma
região durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, — R$ 617 mil por
quilômetro. Nesse caso, o juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública,
já aceitou a denúncia e Haddad virou réu. Ele é acusado também de superfaturar
a compra de salsicha para a merenda escolar. O Ministério Público Estadual o
acusa ainda de desviar R$ 129,2 milhões de verbas destinadas ao Teatro
Municipal. Nesse processo, estão envolvidos ex-assessores diretos de Haddad.
Não
bastassem os processos, o candidato do PT ao Planalto acumula uma grande
rejeição entre o eleitorado – acima de 40% segundo as últimas pesquisas de
intenção de voto. A reprovação segue em curva ascendente. A aversão ao seu nome
por parte do eleitor não constitui propriamente uma novidade. Haddad
experimentou o infortúnio em 2016, quando acabou perdendo para João Doria
(PSDB) no primeiro turno. Atualmente candidato ao governo do Estado, Doria
desenvolve uma explicação para o baixo desempenho do ex-prefeito. Guarda
relação com a fama de laborfóbico do candidato do PT à Presidência. “Ele não
gostava de trabalhar. Chegava à Prefeitura às 10h e ia embora às 18h. Nos
finais de semana não aparecia”, disse o tucano. Num rápido balanço de sua
gestão, percebe-se que o petista deixou de cumprir grande parte das promessas
feitas ao assumir o cargo. Prometeu construir 243 creches e só entregou 38.
Prometeu erguer três novos hospitais, mas nenhum deles abriu as portas. Disse
que iria construir 55 mil casas populares e só levantou 10 mil. O déficit de
professores aumentou de 1.800 para 4.700 ao final de seu mandato. Um desastre.
Nenhum comentário :
Postar um comentário