Um vídeo gravado pela senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), à TV Al Jazeera, do Catar, causou polêmica nas redes sociais e no Congresso nesta quarta-feira (18) (veja acima). Na mensagem, Gleisi se dirige “ao mundo árabe” para reverberar a cantilena petista de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
“foi condenado por juízes parciais em um processo ilegal” e é um “preso
político”. Nomeada por Lula sua porta-voz enquanto ele está encarcerado
em Curitiba, a presidente do PT também faz as costumeiras críticas à
imprensa, especificamente à TV Globo, à qual ela atribui “uma campanha
de mentiras contra Lula”. “A Globo está pressionando o Judiciário
brasileiro a não conceder a liberdade a Lula, apesar de ela estar
prevista na Constituição”, diz Gleisi, sem dizer a qual artigo da Carta
Magna faz referência.
Ainda conforme a petista, que cita a liderança de
Lula nas pesquisas eleitorais à Presidência da República, “o objetivo da
prisão ilegal é não permitir que Lula seja candidato”. “Há
manifestações todos os dias em todos os lugares do país e há mais de uma
semana nós estamos acampados em frente à Polícia Federal onde Lula está
preso. Em todo mundo há manifestações de solidariedade ao ex-presidente
e pedidos pela sua liberdade. Convido a todos e a todos a se juntarem
conosco nessa luta”, conclui Gleisi Hoffmann.
O vídeo viralizou no WhatsApp
entre detratores de Gleisi e do PT, compartilhado como “fato
gravíssimo” e “urgente”. “Vejam só que eles estão recorrendo até aos
muçulmanos para defender o Lula”, diz uma das mensagens. “Esse canal é
Al Jazeera, mídia do Qatar, financia inúmeros grupos terroristas. É
totalmente antissionista mas mesmo assim tem sede em Israel”, teoriza
outra.
Dois dos receptores das mensagens com o vídeo foram o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP) e a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que decidiram reagir à fala de Gleisi Hoffmann alguns (muitos) tons acima, ecoando a paranoia propagada pelo WhatsApp.
Tão exagerado quanto sedento por holofotes, Olímpio
não perdeu tempo e foi direto às vias oficiais. Bateu às portas da
Procuradoria-Geral da República (PGR) para protocolar um pedido de investigação contra a presidente do PT com base na Lei de Segurança Nacional, conforme informou o Radar.
Já Ana Amélia usou o microfone (veja abaixo).
Na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta
quarta-feira, a parlamentar gaúcha disse esperar que o vídeo de Gleisi
“não tenha sido para convocar o Exército Islâmico pra vir ao Brasil
fazer as operações de proteção ao partido que perdeu o poder e agora
parece ter perdido a compostura e o respeito e o apoio popular”.
Em resposta à colega no plenário do Senado, Gleisi
atribuiu a reação de Ana Amélia a “xenofobia” e “desvio de caráter”.
Ressaltando que deu entrevistas à britânica BBC, à espanhola EFE, à
portuguesa SIC Portugal e à francesa France Presse a respeito da prisão
de Lula, a petista declarou que “o incômodo com essa entrevista com
aquela senadora do Rio Grande do Sul que veio à tribuna falar a este
respeito não foi com o conteúdo da minha fala, mas com o veículo de
comunicação onde ela se deu. Só posso reputar isso à ignorância, ao
preconceito, à xenofobia contra o povo árabe. Aliás, mais do que isso,
chega a ser má fé, desvio de caráter”.
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