A proporção de domicílios conectados subiu 3% entre 2012 e 2013, chegando a 43% da população, ou 27,2 milhões de residências
São Paulo - O acesso à internet
fixa aumentou no Brasil, mas a disparidade de classes sociais e entre
áreas urbanas e rurais continua grande, de acordo com a nona pesquisa
TIC Domicílios 2013 divulgada nesta quinta, 26, e realizada pelo Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
sob os auspícios da Unesco (Cetic.br), do Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Tanto no acesso em residências quanto de usuários de internet, fica
claro que o total no país aumentou, mas ainda há muita gente offline,
especialmente nas áreas rurais e entre os mais velhos.
A proporção de domicílios conectados subiu 3% entre 2012 e 2013, chegando a 43% da população, ou 27,2 milhões de residências.
No entanto, enquanto as classes A e B se mantiveram estáveis (98% e
80%, respectivamente), a classe C subiu 3% e totalizou 39% no ano
passado.
As classes D e E cresceram 2%, mas ainda possuem apenas 8% dos domicílios conectados.
Isso fica mais evidenciado ao se olhar com mais detalhes: segundo a
entidade, 24,2 milhões dos domicílios com renda de até dois salários
mínimos não têm acesso à internet.
No recorte por área, 48% dos domicílios urbanos possuem acesso à
internet, crescimento de 4%. Apesar de ainda estar abaixo, com 15% de
penetração, a área rural registrou aumento de 50% (ou 5%) na comparação
anual. Ainda assim, 7,5 milhões de domicílios rurais não possuem acesso.
O Cetic.br destaca que a região Sudeste é onde há mais residências
conectadas (14,1 milhões), mas também é a que possui mais desconectadas
(13,3 milhões).
Ainda assim, a disparidade continua a se apresentar de forma muito
maior na região Nordeste, onde 4,9 milhões de domicílios possuem
internet e 11,5 milhões não contam com o acesso.
O coordenador da pesquisa do Cetic.br, Winston Oyadomari, diz que o
motivo maior da falta de acesso em áreas rurais e na região Norte (onde
1,2 milhão de domicílios são conectados e 3,4 milhões estão offline) é o
desinteresse das empresas.
"O motivo nas áreas rurais é pela falta de disponibilidade de serviço", declara.
O gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, é mais contundente: "Estes
são dados ricos e fundamentais também para o setor privado, que quer
investir, prover serviços. Mas quando a maior barreira é o custo, isso é
uma mensagem muito clara de que o brasileiro não tem como pagar".
Barbosa ressalta ainda que o Brasil já não tem mais o fenômeno de
acessos em lan houses, mas chama a atenção para a falta de incentivo
para o acesso em escolas, citando a pesquisa TIC Educação.
"Embora políticas de fomento à informática nas escolas tenham tido
sucesso grande, porque a maior parte das escolas públicas e privadas tem
computador nos laboratórios, apenas 20% das crianças mencionam usar
computador nas escolas", relata.
Velocidades
Um dado não muito comentado nos acessos fixos foi o da velocidade da conexão.
De acordo com a entidade, não houve grandes mudanças em relação a 2012,
além de haver uma dificuldade operacional: 23% dos entrevistados não
souberam responder.
"É uma dificuldade não apenas de brasileiros, é uma coleta de dados
difícil em todos os países, é difícil obter precisão", explica Barbosa.
De qualquer forma, a pesquisa aponta que 11% dos que possuem acesso têm
velocidade de 256 kbps, 30% tem até 2 Mbps e 20% possuem conexões acima
de 8 Mbps.
"Importante é a tendência de queda das velocidades mais baixas e aumento das mais altas".
Individual
Pela primeira vez, mais da metade (51%) da população é considerada
usuária de internet pelo Cetic.br, ou 85,9 milhões de brasileiros; um
crescimento de 2% em relação a 2012.
Da mesma forma como nos dados sobre domicílios, a disparidade social
continua: as classes A (97%) e B (78%) apresentam índices altos,
enquanto a classe C têm ainda 49% (crescimento de 2%) de usuários de
internet e as classes D/E têm 17% (crescimento de 3%).
A entidade ressalta que 49,9 milhões de pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos não são usuárias de internet.
A pesquisa mostra também uma desigualdade em relação à faixa etária:
45,1 milhões de pessoas de 45 anos ou mais não são usuárias de internet.
A maioria dos usuários conectados (22,8 milhões) é composta de jovens
de 16 a 24 anos.
Metodologia
A pesquisa TIC Domicílios coletou dados entre setembro de 2013 e
fevereiro de 2014 em uma amostra de 16.887 pessoas em 350 municípios
brasileiros e com indivíduos acima dos 10 anos de idade.
As entrevistas foram presenciais e realizadas a partir de um questionário estruturado pelo Cetic.br.
Para a entidade, usuário de internet é quem acessou pelo menos uma vez
nos últimos três meses anteriores à pesquisa. A pesquisa completa pode
ser acessada clicando neste link.
Fonte: Revista Exame
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