quarta-feira, 15 de junho de 2022

AUDIÊNCIA PÚBLICA EXPÔS DESIGUALDADE DA TARIFA SOCIAL E POPULAR DA CAERN

A cidade de Lagoa Nova, sediou nesta terça-feira(14), uma audiência pública onde foi discutido Projeto de Lei de Iniciativa Popular Tarifa Justa. O palestrante foi Alexandre Teixeira, no decorrer da audiência ele fez uma exposição da desigualdade da tarifa popular ofertada pela CAERN aos consumidores de baixa renda.

Alexandre Teixeira

Segundo alexandre Teixiera, o projeto Tarifa Justa nasceu no ano de 2019, naquele ano o Instituto Mas Cidades estava em busca de uma solução para o problema da contaminação das praias urbanas de Natal, no entanto a comunidade de Mãe Luíza é 100% saneada. Isso instigou o instituto a investigar o motivo porque estaria se dando essa contaminação e após um levantamento foi identificado que embora o bairro fosse 100% saneado, os moradores estavam jogando esgoto nas galerias e assim desaguando no mar.  Após se profundar no tema para entender porque as pessoas estavam despejando o esgoto nas galerias, foi descoberto um grande problema sócio-econômico, as famílias de baixa renda estavam com sua água cortada, levando-as a fazer ligações clandestinas e desta forma   contaminando as águas de Areia Preta e da Costa de Natal. Apesar da existência de da CAERN dispor da Tarifa Social Popular, cujos critérios, não é acessível as famílias de baixa renda inscritas no programas sociais do governo federal e no momento em que ela passa se inacessível, as pessoas que não cumprem os requisitos pré-estabelecidos passam a ter uma conta fora do seu orçamento familiar comprometendo até mais de 15% do seu orçamento familiar. Ainda em 2019 foi identificado que somente em Natal existia 57 mil famílias  beneficiárias do Bolsa Família e deste total apenas 1.300 famílias tinham acesso a tarifa social. Para investigar esta distorção foi feita uma pesquisa de campo e foi chegada a uma  conclusão,  que os critérios eram excludentes. Para se ter acesso a tarifa social,  a CAERN possui seis tipos de tarifação,  a tarifação pública,  a tarifação Industrial,  a tarifação comercial e a tarifação residencial que é subdividida em mais duas subcategorias que é a popular e social. A tarifa social no interior é diferente um pouco da do valor de Natal que R$ 9,43 para o consumo de 10 m³, a popular R$ 29,67, a residencial comum R$ 46,00 e a comercial R$ 71,00. Através destes dados foi percebido foi que o critério que a CAERN adota não condiz com a realidade é a necessidade da população Norte-Rio-grandense. O estado do Rio Grande do Norte possui cerca de 445 mil famílias cadastradas no auxílio Brasil pelo Ministério da Cidadania e deste montante apenas 4.200 famílias têm a tarifa social ou seja menos de 1%.


Para ter direito a tarifa social, o beneficiário deve cumprir os seguintes critérios;


 - Consumir 10 m³/mês, caso ultrapasse essa este consumo nos três primeiros meses é cobrado como tarifa residencial normal e no terceiro mês é retirado da tarifa em mediatamente.

- Ser inscrito em algum programa social

- Possuir uma casa de até 40 m²

·- Ter um consumo de até 110 Kg de energia/mês

 

 

Segundo dados mostrados na audiência pública, Lagoa Nova tem 2.763 famílias inscritas no Bolsa Família, hoje o Auxilio Brasil e nenhum beneficiário da tarifa social da Caen, a cidade de Tenente Laurentino Cruz não é diferente,  tem 1.285 pessoas inscritas no Auxílio Brasil, mais é tarifa justa zero na tarifa social da Caern, a  cidade de Bodó tem  649 pessoas beneficiárias do Auxílio Brasil, também não possui beneficiários inscritos na tarifa social, somente a cidade de  Cerro Corá, tem apenas uma única família recebendo a tarifa social no universo de 1682 famílias que deveriam ter os direitos.

A Caern alega que para cumprir com a tarifa social haverá uma perda de  27% na arrecadação imediata ao mesmo tempo ela acumula mais de 100 milhões de superávit nos últimos três anos, por outro lado o Rio Grande do Norte possui o fundo de combate à pobreza Fecop e por lei a composição tarifária da companhia pública ela pode também ser por orçamento fiscal do estado e  são  300 milhões do fundo do Fecop que deveria ser utilizado em ação de combate à pobreza.



Alexandre Teixeira é Advogado, Economista, Presidente do Instituto Mais Cidades. Ex-secretário do Ministério da Mulher, Familia e direitos humanos.

 

 

 

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