Martha foi vítima de
insuficiência respiratória seguida de infarto, segundo um de seus três filhos.
'Sinto falta da minha mãe, mas ela descansou', disse Álvaro Piano.
A primeira Miss Brasil, Martha
Rocha, morreu no sábado (4), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, aos 87
anos. O corpo da baiana nascida em Salvador foi enterrado neste domingo (5), no
Cemitério no Santíssimo Sacramento, segundo confirmou ao G1 um dos
três filhos, Álvaro Piano.
A causa da morte, segundo o
filho, foi insuficiência respiratória seguida de infarto.
"A vida dela foi muito
sofrida nos últimos anos, ela estava acamada há muito tempo e não conseguia
andar. Morreu sem muito sofrimento. Ela já estava cansada. Rodeado de pessoas
que cuidavam dela. Esses últimos meses a gente só se falava através de contatos
telefônicos. Sinto falta da minha mãe, mas ela descansou", disse Álvaro.
Maria Martha Hacker Rocha foi
eleita a primeira Miss Brasil em junho de 1954, em um concurso no Hotel
Quitandinha, em Petrópolis, Região Serrana do RJ. Na época, Martha dizia ter 18
anos, mas o filho confirmou à TV Globo que, na verdade, ela tinha 21 e queria
parecer mais nova.
“Fica na memória uma pessoa que,
apesar da fama toda, ela era super simples, brincalhona, moleca. Adorava
natureza, planta e os animais, amiga de todos. Viveu 12 anos em Volta Redonda
perto do meu irmão. Saiu de lá porque a saúde dela começou a se deteriorar.
Trouxe ela para Niterói há 6 anos”, contou Álvaro.
Lenda das 'duas polegadas'
No concurso de Miss Universo, no
mesmo ano, ficou em segundo lugar, atrás da norte-americana Miriam Stevenson.
Na época, o que se disse foi que ela só perdeu o título por "duas
polegadas" na largura do quadril, fato que ela mesmo nunca confirmou.
"Não foi por duas polegadas,
não... Mas vamos deixar como se fosse", disse em uma entrevista.
Outra história que justificaria a
perda para americana é a de que, no ano em que Martha Rocha participou, havia
uma espécie de "compensação" a ser feita, favorecendo a candidata que
representasse os Estados Unidos na ocasião.
"A mamãe contava uma
história também que parece que, no concurso no anterior, a miss Estados Unidos
tinha sido meio injustiçada. As moças achavam que naquele ano da minha mãe eles
iam fazer uma espécie de compensação, né? Então minha mãe conta que se falava
isso nos bastidores", comentou o filho.
Martha Rocha teve dois filhos com
o banqueiro português Álvaro Piano, que morreu em um desastre de avião. Aos 23
anos, de volta ao Brasil, se casou com Ronaldo Xavier de Lima e teve outra
filha, a artista plástica Claudia Xavier de Lima.
Em 1995, teria perdido todo seu
dinheiro para o cunhado. Em 2019, ela postou em uma rede social: "Em 1995,
com a fuga de Jorge Piano com todo o meu dinheiro, superei meus problemas com
suporte de meus dois filhos, duas amigas e o meu trabalho honrado, vendendo os
quadros pintados por mim, e ganhando cachê para divulgar o concurso Miss
Brasil."
Também pelas redes sociais,
Martha disse que, por questões financeiras, estava vivendo num lar de idosos em
Volta Redonda, no Sul Fluminense.
Artur Xexéo comenta carreira da
miss Brasil
Em entrevista à GloboNews, Artur
Xexéo comentou que, tecnicamente, Martha não foi a primeira Miss Brasil, já
que, em 1930, quando o concurso foi inventado, teve uma miss Brasil, Yolanda
Pereira. Entretanto, Xexéo explica que a vitória de Martha acabou sendo mais
representativa pelo momento em que o país vivia.
"O Brasil estava um pouco
deprimido, teve toda uma questão política daquele ano, a morte do Getúlio
Vargas. E, de repente, a gente ganha um concurso internacional, e tinha uma
mulher linda representando o Brasil para o mundo inteiro. Então foi um
acontecimento mesmo", contou ele.
O jornalista conta ainda que a
vida de Martha começou a ser acompanhada, que passou a ser tratada como uma
celebridade.
"Quando ela casou, quando
separou, quando ela aparecia numa festa, todas as atenções se voltavam para ela
e era notícia no dia seguinte."
Repercussão no 'mundo miss'
Estou muito triste com a morte da
nossa querida Martha Rocha. Na verdade, eu nunca a conheci pessoalmente, mas eu
a vi muito quando cheguei no Rio de Janeiro. Era de uma beleza deslumbrante.
Ela desfilava pelas boates, pelas praias, pelas ruas do Rio e eu olhava de
longe e nunca tive coragem de chegar perto. Nós nunca fomos apesentadas. Mas ela
é a miss, a grande miss, icônica, do Brasil.
Também era uma mulher
intelectualmente muito rica, muito criativa, ela pintava quadros, era uma
mulher muito, muito interessante, com uma grande personalidade. Acho que todos
nós vamos lamentar a perda dessa mulher incrível, lindíssima e que vai
permanecer para sempre.
G1
G1
Nenhum comentário :
Postar um comentário