Uma ração desenvolvida por um zootecnista vem
movimentando a cultura apiária do Rio Grande do Norte e do Brasil: o
‘Bife das Abelhas’. Criado pelo professor Dr Antônio Abreu Neto, 37
anos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN
(IFRN) no campus Pau dos Ferros, o ‘bife’ tem como objetivo principal
auxiliar a alimentação das abelhas em momentos de seca e estiagem,
situações recorrentes no semiárido nordestino. De custo baixo e com boa
aceitação pelos insetos polinizadores, o ‘bife’ vem ganhando adeptos e
destaque fora do Estado.
“É uma ração que não é cara, do ponto de vista que as abelhas consomem
pouco, tem uma conversão alimentar muito boa e a a rainha faz muita
postura.” revela o professor Abreu Neto à TRIBUNA DO NORTE, que estudou a
ideia na tese de doutorado, feito pela Universidade Federal do Ceará
(UFC), e já trabalha com abelhas há 15 anos.
A nova ração surgiu da necessidade de Abreu
alimentar suas abelhas no período da ausência das chuvas, situação
corriqueira aqui no Estado, onde mora há seis anos e meio. O professor
explica que já havia alimentado suas abelhas utilizando leite, soro de
leite, iogurte, coalhada, entre outros alimentos ricos em proteína.
Antes, já havia convivido com o clima seco no Sertão central do Ceará,
Estado onde nasceu.
O que chamou a atenção do professor foi
justamente o porquê que os insetos consumiam esse tipo de alimento.
“Fiquei impressionado porque elas consumiam isso. Fui atrás na
literatura e vi que uma das proteínas era a albumina e fiz a ligação. As
abelhas no abdômem delas, guardam a albumina como uma reserva. Toda
vida que o organismo precisa, elas capturam e usam”, disse.
Ele notou que a albumina também se fazia
presente na clara do ovo, numa concentração maior. O pesquisador também
percebeu que o ovo em pó, além de suplementos alimentares, também contém
a substância, e pode ser usado na fabricação do bife.
No período de pesquisas, Abreu conta ainda que
chegou a testar, em laboratório, o alimento desenvolvido com uma ração
comercial e notou que a taxa de abandono das abelhas era praticamente
nula. “No apiário alimentando com essa ração, nenhuma colmeia abandonou o
ninho. Enquanto a ração comercial e aquelas que não estavam sendo
alimentadas, abandonaram”, completa.
O que chama a atenção também para a produção
do alimento é justamente o fato dele ter um baixo custo. A viabilização
de um quilo, por exemplo, com valores de 2017, era de aproximadamente R$
22,00. Para manter uma colônia com uma população de 20 a 30 mil
abelhas, segundo o professor, bastam 17 gramas. Com isso, o criador de
abelhas gastaria aproximadamente R$ 0,36 por semana, R$ 1,44 por mês e
R$ 11,52 por mês.
Abreu explica ainda que, mesmo que o produtor
faça em larga escala, é possível conservar o material por um longo
período. “Eu conservava no freezer, próxima a zero grau. O produtor pode
guardar no congelador da geladeira, tranquilamente. Eu deixei seis
meses e não mudou a consistência nem nada”, revela.
Repercussão
O professor Abreu Neto explica que a ração das abelhas vem recebendo uma boa repercussão por parte dos criadores potiguares, inclusive, de produtores de outros estados e países.
O professor Abreu Neto explica que a ração das abelhas vem recebendo uma boa repercussão por parte dos criadores potiguares, inclusive, de produtores de outros estados e países.
“Até agora, alguns entraram em contato comigo,
de forma particular. Quem procurar eu não tenho problema de passar a
informação não. Já teve procura de um cara da Flórida, gente do Panamá,
recebemos pessoas do Acre, da Amazônia.” Ele comenta ainda que a
produção ganhou destaque no programa Globo Rural, da TV Globo, um dos
principais do País na área da agricultura e do homem do campo.
Ainda de acordo com o professor, o próximo
passo é patentear a ideia junto ao IFRN, para ter a propriedade
intelectual do ‘bife das abelhas’.
As substancias devem ser misturadas até a massa
alcançar uma consistência firme. Quando desgrudar da mão, a ração está
pronta. Ela dura uma semana.
Tribuna do Norte
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