Um sargento da Força Aérea
Brasileira (FAB) foi detido nesta terça-feira (25) sob a acusação de
transportar 39 quilos de cocaína dentro do avião da equipe que dá suporte à
comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O sargento da FAB integrava uma
comitiva de 21 militares que partiu de Brasílias com destino a Tóquio, no
Japão, e fez escala no aeroporto de Sevilha, no sul da Espanha.
A detenção do militar brasileiro
ocorreu durante um controle aduaneiro de rotina. O avião da FAB é um modelo
Embraer 190, do Grupo Especial de Transporte da FAB.
Segundo a Guarda Civil, força da
polícia espanhola responsável pelo controle aduaneiro, a droga estava dividida
em 37 pacotes dentro da bagagem de mão do militar M. S. R., 38 anos, casado. Ele
é segundo-sargento da Aeronáutica.
Fontes da Guarda Civil informaram
à BBC News Brasil que o militar ficou detido na Guarda Civil de Sevilha antes
de passar à disposição judicial na manhã desta quarta-feira. Pouco depois, um
juiz de primeira instância de Sevilha determinou a prisão preventiva (sem prazo
para terminar) do militar brasileiro, sem direito a fiança. Ele foi enviado a
uma penitenciária na cidade andaluz.
O brasileiro será acusado de
tráfico de drogas, descrito no Código Penal espanhol como crime contra a saúde
pública.
Segundo o jornal andaluz Diario
Sur, investigadores acreditam que o destino final da cocaína fosse a Espanha.
Reação do governo brasileiro
O avião da FAB em que ele estava
transportava equipe de apoio à comitiva de Bolsonaro, que participará da
reunião do G20, no Japão. O presidente, que embarcou na noite de terça-feira,
não estava na mesma aeronave do sargento.
No Twitter, Bolsonaro disse que
determinou que o Ministério da Defesa colabore com as autoridades policiais
espanholas na investigação do caso.
Bolsonaro afirmou ainda que a FAB
tem "cerca de 300 mil homens e mulheres formados nos mais íntegros
princípios da ética e da moralidade".
Em nota, o Ministério da Defesa e
o Comando da Aeronáutica repudiaram "atos dessa natureza" e
informaram que determinaram a instauração de um Inquérito Policial Militar
(IPM) para elucidar o caso.
O vice-presidente da República, o
general da reserva Hamilton Mourão, disse que o militar estaria na tripulação
de retorno ao Brasil, responsável por acompanhar o presidente da República no
trajeto entre a Espanha e Brasília.
"O que acontece, quando tem
estas viagens, é que vai uma tripulação que fica no meio do caminho. Então,
quando o presidente voltasse agora do Japão, essa tripulação iria embarcar no
avião dele", disse Mourão.
O vice-presidente disse ainda que
o militar atuava como uma espécie de "mula qualificada" -
"mula" é um termo do linguajar do tráfico usado para designar pessoas
que transportam drogas a mando das quadrilhas.
"É óbvio que pela quantidade
de droga que o cara estava levando, ele não comprou na esquina e levou. Ele
estava trabalhando como 'mula', e uma 'mula qualificada', vamos colocar
assim", disse Mourão a jornalistas no Palácio do Planalto. Mourão está
atuando como presidente em exercício durante a viagem de Bolsonaro ao Japão.
Mourão disse ainda que o militar
será investigado e, se condenado, terá "punição bem pesada".
"Isso não é primeira vez que
acontece seja na Marinha, seja no Exército, seja na Força Aérea. A legislação
vai cumprir o seu papel e esse elemento vai ser julgado por tráfico
internacional de drogas e vai ter uma punição bem pesada", disse.
O Ministério da Defesa disse que
o caso está sendo investigado e que um Inquérito Policial Militar foi
instaurado para apurar a responsabilidade do sargento.
Caso anterior
Não é a primeira vez que um
membro da FAB é acusado de usar a condição de militar para o tráfico de drogas
na Espanha, segundo o jornal espanhol El País.
Em abril, o Superior Tribunal
Militar (STM) brasileiro determinou a expulsão de um tenente-coronel que
transportava 33 quilos de cocaína em um avião da FAB, um Hércules C-130,
durante uma escala em Palmas de Gran Canaria.
Outros dois militares julgados no
mesmo caso já haviam sido expulsos da corporação.
O crime ocorreu em 1999, e o
comandante foi condenado a 16 anos de prisão por pertencer a uma rede de
tráfico internacional de cocaína usando aviões da FAB.
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