quinta-feira, 21 de março de 2019

Michel Temer e Moreira Franco são presos pela Polícia Federal


Michel Temer
O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) em um desdobramento da Operação Lava Jato. Não há informações oficiais sobre as acusações que levaram à prisão, autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
Na mesma operação, também foi preso o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Temer, Moreira Franco, também do MDB.
O advogado Brian Alves, que representa Temer, disse à BBC News Brasil que ainda não teve acesso à decisão judicial e, por isso, desconhece no momento o motivo de sua prisão.
"Após ter acesso, vamos avaliar se pediremos um habeas corpus", disse Alves.
Em nota, o MDB lamentou as prisões e o que chamou de "postura açodada da Justiça" em relação a Temer e Moreira Franco. "O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa", concui o texto.
O que pesa contra Temer?
Temer deixou o governo como alvo de três denúncias criminais – todas serão foram à primeira instância ao fim do mandato.
As duas primeiras foram feitas pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tiveram origem na delação de executivos da JBS e acusam Temer e aliados de receber propinas de empresas beneficiadas por decisões do governo ou contratos públicos.
Em uma delas, o ex-presidente é acusado de chefiar uma organização criminosa (conhecida como "quadrilhão do MDB") e de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio de Eduardo Cunha, ex-deputado do partido que está preso. Na outra, é acusado de corrupção passiva no caso da mala de dinheiro recebida pelo ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.
Na terceira denúncia, apresentada pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Temer é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em inquérito que apura um esquema criminoso no setor de portos.
O ex-presidente nega todas as acusações e se diz vítima de uma perseguição.
Questionado por jornalistas se temia ser preso ao deixar o Planalto e perder o foro privilegiado garantido pelo cargo de presidente, Temer se mostrava ofendido.
"Não estou preocupado com esse assunto. Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente já não vai ter muita graça", disse à revista Época no fim do ano passado.
Vítima de 'trama'
O ex-presidente Michel Temer afirmava, em discursos e entrevistas, ser vítima de uma "trama".
Temer chegou à Presidência em maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff e deixou o poder em 1º de janeiro deste ano com apenas 5% de aprovação popular.
Sua derrocada teve início em março de 2017 quando recebeu o empresário da JBS Joesley Batista no Palácio do Jaburu.
Em gravação feita pelo executivo entregue à Lava Jato, o presidente é ouvido falando "tem que manter isso aí, viu?", sobre a boa relação de Joesley com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já estava preso em Curitiba.
O executivo registrou a conversa para usá-la em uma delação premiada, e a Procuradoria-Geral da República acusou Temer de dar aval para uma mesada ao ex-deputado. Depois, a legalidade do acordo de delação foi posta em xeque quando veio à tona indícios de que o procurador da República Marcelo Miller, ligado a Rodrigo Janot à época, teria orientado as ações de Batista.


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