Tribuna do Norte
A senadora Fátima Bezerra, eleita governadora do Rio
Grande do Norte nas eleições deste ano, apresentou a palestra “Os
Caminhos do Rio Grande do Norte para a Governança”. Fátima Bezerra irá
assumir a gestão do Poder Executivo estadual com uma árdua missão de
equalizar as contas públicas, anunciar o calendário de pagamento do
funcionalismo público e retomar o potencial de investimentos estaduais
em infraestrutura e desenvolvimento social.
Fátima Bezerra agradeceu a participação do governador da Paraíba,
Ricardo Coutinho, e enalteceu seu potencial de administração que elevou o
estado paraibano ao status de unidade federativa exemplo para os demais
estados brasileiros que enfrentam os reflexos da crise econômica
nacional e a queda nos repasses federais. “Cheguei ao Rio Grande do
Norte aos 15 anos de idade e construí aqui a minha vida. Esse estado me
adotou”, disse.
Quero expor que o Rio Grande do Norte vive um estado
de insolvência. Estamos há três anos onde o servidor público não sabe,
sequer, quando receberá seu salário. Parte dos servidores sequer recebeu
o décimo terceiro de 2017. Ainda faltam os salários de novembro,
dezembro e o décimo terceiro de 2018”, relembrou Fátima Bezerra. Ela
destacou, ainda, que requereu pressa e agilidade nas informações da
equipe de transição do Governo do Estado para tentar encontrar saídas
para a crise fiscal atual.
Para colocar as contas em dia, Fátima Bezerra
destacou que o Estado do Rio Grande do Norte precisa de aproximadamente
R$ 2 bilhões para colocar as contas em dia, incluindo salários e
pagamento de fornecedores. “Precisamos trazer o Estado à sua normalidade
e colocá-lo dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal”,
destacou Fátima Bezerra. “Precisamos conter despesas, ampliar receitas,
sem aumento de impostos. É difícil, mas iremos comprovar que somos
capazes de fazer isso, sem mágica”, complementou a governadora eleita.
Fátima Bezerra destacou que a saída da crise depende
de uma série de medidas que precisam ser adotadas com rigor e
continuidade. Arrecadar mais e gastar menos é a condição de retomada de
controle das contas públicas, disse ao longo da palestra apresentada no
Seminário Motores do Desenvolvimento. Além disso, ela destacou que o
Estado precisa aprimorar os órgãos de fiscalização e cobrança da dívida
ativa do Rio Grande do Norte. “Hoje nós só recuperamos 0,35%, que nos
rende pouco ano a ano. Podemos aprimorar isso para 3,5% ao ano”,
ressaltou.
Fátima Bezerra listou medidas que estão em processo
de adoção nessa fase de transição, como o diálogo com os presidentes dos
demais Poderes (Legislativo, Ministério Público, Tribunal de Contas e
Tribunal de Justiça). “Discutir o orçamento com os demais Poderes é
urgente, é imperativo. Esse não é um problema somente do Executivo, é de
todos. Precisamos firmar um pacto, conforme sugerido no projeto Mais
RN, da Fiern. Quero convocar os demais Poderes para essa solidariedade,
assim como os empresários e a sociedade. A tarefa de tirar o RN desse
descontrole que ele vive, do investimento zero, das políticas públicas
colapsadas, principalmente na educação e segurança, não é um dever
somente do Executivo. A mim não faltará determinação de buscar todos os
caminhos. A hora é de união, de solidariedade, de compromisso. E é isso
que eu espero dos Poderes constituídos do meu estado”, destacou Fátima
Bezerra.
A governadora eleita citou que, a partir do esforço
dos demais Poderes, necessitará realizar mudanças no Orçamento Geral do
Estado em 2019. “Precisamos trazê-lo para a realidade e não mantê-lo sob
o manto da ficção. Temos que fazer um orçamento com toda transparência.
Não adianta colocar uma série de receitas que não irão se realizar”,
frisou. Outro ponto ressaltado foi o das sobras orçamentárias. “Esse
sempre foi um tema muito polêmico. Ninguém pode considerar sensato ter
sobra nos poderes e o Executivo nessa penúria de não conseguir sequer
pagar os servidores”, declarou Fátima Bezerra.
Além disso, ele anunciou que conclamará a sociedade
para participar da formatação dos orçamentos estaduais. “Vamos fazê-lo,
sim. Começamento pela primeira etapa que é o Plano Plurianual. Não
deixaremos para a última etapa. É importante ter a participação dos
diversos segmentos da sociedade num dos debates mais importantes para a
vida do nosso estado”.
Para conter o desajuste fiscal, Fátima Bezerra
declarou que irá realizar mudanças na estrutura administrativa estadual.
“Temos que fazer um corte brutal no custeio da máquina no que diz
respeito ao pagamento de diárias. Iremos catar moedas. Acho possível
extinguir órgãos, fundir outros. A economia pode ser pequena, mas ajuda.
Há um simbolismo. É o governo dando exemplo. É austeridade. Tudo isso
para fazer com que o orçamento não seja mais uma peça de ficção. A cada
ano, vemos o déficit aumentando cada vez mais. Vou herdar um déficit
grande no ano que vem”, pontuou.
A antecipação de receitas será pleiteada por Fátima
Bezerra para conseguir pagar em dia os salários dos servidores. “É mais
uma medida que pode nos ajudar nessa fase inicial de colapso que a
gente vive”, declarou. Fátima Bezerra destacou, ainda, que a área da
Segurança Pública foi uma das que mais estudou ao longo dos anos e está
escolhendo “a dedo” o responsável pela pasta. Irá, também, investir em
equipamentos, valorização do pessoal, políticas de prevenção e redução
de índices. “A recomposição do efetivo é um absurdo. O RN passou 13 anos
sem realizar concurso. Tem policial trabalhando com colete vencido. Se
chegou a uma situação do soldado tirar do pouco salário que tem para
comprar o fardamento que o Estado não entregou. Temos que ter um
planejamento muito sério para enfrentar essas situações. Queremos, de
maneira gradativa, recompor efetivos”, ressaltou.
No campo da Saúde, Fátima Bezerra citou que a
política adotada pelo Estado do Ceará na média e alta complexidade
poderá ser seguido pelo Rio Grande do Norte a partir de 2019, que
culminou na ampliação de vagas e redução do tempo de espera por exames
complexos. “Irei bater na porta de seja lá quem for para destravar
burocracia e trazer mais investimentos”, declarou Fátima Bezerra.
Sobre a reforma da Previdência, Fátima destacou que
é contra uma medida que não leve em consideração as especificidades do
trabalhador rural nordestino. “Além disso, a nossa Previdência estadual
está dilapidada. Os recursos do Funfir foram retirados e sequer
garantiram o pagamento dos servidores. Temos que recompor esse
patrimônio”, ressaltou. Fátima encerrou a palestra afirmando que “há
muitos desafios pela frente. Não me conforme com esse potencial de
riqueza do Rio Grande do Norte não ter sido transformado em cidadania. O
que foi que faltou? Hoje somos o estado mais violento do país. Como
desenvolver o turismo dessa forma? E as estradas esburacadas? Temos que
resolver isso. Não vou me conformar com a Petrobras indo embora do
Nordeste. Não podemos nos conformar com isso. Temos 300 mil analfabetos,
o pior IDEB. Temos que traçar um novo caminho para o Rio Grande do
Norte, de olho no futuro. Não posso me conformar com o Aeroporto de São
Gonçalo do Amarante completamente dissociado do projeto original. Irei
em busca do presidente eleito, numa relação institucional, sempre que
for preciso em prol do desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, listou a
governadora eleita.
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