sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Deputado do RN é condenado por desvio de dinheiro da Saúde quando era prefeito


Fonte: G1/RN
Galeno Torquato (PSD) foi sentenciado por improbidade administrativa quando era prefeito de São Miguel, no Alto Oeste. Recurso federal era destinado para construção de posto de saúde.
Deputado estadual Galeno Torquato teria desviado dinheiro de obra em São Miguel quando era prefeito — Foto: ALRN/Divulgação


A Justiça Federal condenou o deputado estadual José Galeno Diógenes Torquato (PSD), além de outras cinco pessoas e três construtoras, por improbidade administrativa em 2010, quando o parlamentar era prefeito do município de São Miguel, na região do Alto Oeste potiguar. Conforme a sentença, Galeno e os demais envolvidos participaram de um esquema que desviou dinheiro público federal que deveria ser usado na construção de um posto de saúde.

O valor desviado era de aproximadamente R$ 34 mil (atualizados até 2016) e foi recebido pelo município de São Miguel através de um convênio com o Ministério da Saúde. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o então prefeito não realizou a licitação pública exigida por lei e repassou parte da verba para uma empresa “escolhida a dedo”.
Em nota, Galeno Torquato afirmou que o assunto está judicializado e que, "em respeito ao Poder Judiciário, todos os pronunciamentos serão feitos no processo, por meio de seus advogados, por entender que este é o ambiente próprio". O parlamentar também informou que tomou conhecimento da decisão e já apresentou recurso.
Ainda de acordo com as investigações, na tentativa de ocultar o desvio de dinheiro, o ex-prefeito contou com a ajuda de um ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL), que forjou uma série de documentos para fazer crer que a escolha da empresa teria ocorrido através de uma licitação, tentando dar aparência de legalidade à contratação. As irregularidades foram descobertas através do trabalho da Corregedoria-Geral da União (CGU).
A partir das investigações, mais atividades suspeitas envolvendo a empresa vieram à tona. Entre elas, o fato de a organização já ter sido contemplada em outras licitaçõe O esquema também envolveu vínculos empresariais e beneficiou uma outra empresa.
Para o Ministério Público Federal, “a participação das mesmas empresas, que, por sua vez, eram administradas por familiares e parceiros comerciais, em várias cartas convites, alternando-se apenas as vencedoras, sinaliza que os agentes públicos do Município de São Miguel atuaram efetivamente em todo o esquema”.
Galeno e empresas que prestaram serviço ao município tiveram mais de R$ 2,5 milhões bloqueados pela Justiça Estadual, em abril deste ano, pela suspeita de desvio de recursos. Em junho, mais R$ 600 mil foram travados pela justiça e não podem ser usados pelos suspeitos.
O desvio dos recursos fez com que o posto de saúde não fosse concluído como previsto. O engenheiro do município na época assinou o Termo de Recebimento Definitivo da Obra, mas uma visita da CGU comprovou que ocorreu superfaturamento. O Ministério da Saúde utilizou essas informações para exigir que Galeno Torquato restituísse parte dos recursos que correspondiam à parcela inacabada da obras, no total de cerca de R$ 24 mil. No entanto, o ex-prefeito não cobrou tais valores da empresa contratada, fazendo a devolução, segundo afirmou, com recursos próprios, o que, porém, não foi comprovado.
Sentença
Os sócios da empresa foram condenados a pagar R$ 10 mil, cada, e não poderão contratar com o Poder Público por cinco anos. Eles ainda tiveram os direitos políticos suspensos pelo mesmo período. Outras duas construtoras também foram sentenciadas a pagar multas no valor de R$ 10 mil cada, além de ficarem impedidas de negociar com o Poder Público por cinco anos.
Galeno Torquato, o engenheiro do município e o empresário responsável pela obra foram condenados a promover o ressarcimento ao erário, em solidariedade, de mais de R$ 24 mil. O engenheiro também deverá pagar multa civil no valor de R$ 5 mil, enquanto que o empresário, o ex-prefeito e a empresa foram multados em R$ 20 mil. Os quatro não poderão contratar com o Poder Público por cinco anos e tiveram os direitos políticos suspensos pelo mesmo período.
Eles ainda podem recorrer.


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